O cego estendeu a mão, mendigando o pão,
esperando a compreensão,
gritando por compaixão.
A sua mão procurava
a dádiva graciosa da moeda atirada na escuridão.
Mas ele esperou em vão.
Porque a multidão que a tudo via,
não viu o cego perdido na sua escuridão.
E passou esbarrando no amor,
Tropeçando no perdão.
O cego que nada via,
Sentiu as lágrimas frias perdidas na escuridão.
E recolheu a sua mão.
Sujo, de cabelos desgrenhados e manco,
Voltou-se para a fria parede acolhedora
E ali se encolheu, junto ao chão.
Ah tolice de cegueira que nada vê e compreende,
Por que tentar impedir a multidão?
Que sempre vai passar
Esbarrando no amor
E tropeçando no perdão...
Uma voz rasgou o véu da escuridão,
e trouxe como luz na escuridão
o estender de uma outra mão.
Acolhedora e carinhosa,
repleta de manso amor e perdão.
Ao estender a mão
Esperando uma moeda ser lançada na escuridão,
o cego sentiu o calor da outra mão.
Que não passou com a multidão.
A mão estendida na escuridão,
Endireitou-o sobre os pés.
Ouviu-se o barulho da vara caída,
Jogada para o lado.
Deixou-se para trás a capa
E o estigma da multidão.
A mão alcançou o rosto,
Aqueceu o coração,
Pousando nos olhos,
Beijou-os, nada mais.
O cego reencontrou-se com a luz...
A luz (que é Jesus) dissipou a escuridão.