Meu Dízimo “Mixuruca”.
Deus me converteu em 1981, aos 13anos de idade, quando meu pai me deu de presente de aniversário a sua própria Bíblia. Ela ficava guardada dentro de uma caixinha e tinha as beiras douradas com as letras bem miúdas. Apesar de tê-la lido mais de dez vezes ainda a guardo com carinho. Já li a Bíblia toda umas 28 vezes.
Frequentei a igreja por alguns meses acreditando, como alguns ainda fazem, que tornar-se membro da igreja era uma responsabilidade muito grande, com a qual eu não queria ainda me comprometer. Mas mesmo assim gostava muito das aulas de escola dominical. Meu pai nos levava na sua Kombi (7 irmãos) à igreja todos os domingos. Minha mãe era católica (continua sendo), não gostava de ir à igreja todos os domingos. Meus três irmãos menores sempre levavam para casa trabalhos manuais e brindes que as professoras da escola dominical preparavam para quem aprendesse tudo direitinho e para fixar a lição do dia.
Um dia assisti surpreso minha mãe entregar uma nota de dez cruzeiros à minha irmã como oferta para a igreja dizendo a seguinte frase: “_Entregue ao pastor, porque todos os domingos meus filhos trazem tarefas e brindes da igreja; e eu sei que isso custa dinheiro.” Naquela hora eu fiquei envergonhado e tomei uma decisão da qual até hoje não me arrependo. “_A partir desse mês serei um dizimista.” Ora o meu salário era o dinheiro que minha mãe me dava para comprar o lanche na escola. Ela nos dava dez centavos por dia, o que somando dava dois cruzeiros por mês. Meu primeiro dízimo foi a quantia “mixuruca” de CR$ 0,20. Esse valor dava para comprar dois pãezinhos do tipo francês. Essa foi a minha primeira decisão séria na vida. O valor um ano e meio depois quando me tornei membro da igreja (1983), não era muito maior. Meu dízimo era realmente um dízimo “mixuruca”, mas de todos os jovens e adolescentes batizados naquela noite, só eu era dizimista!
A igreja onde entregava meu dízimo “mixuruca” era uma igreja grande e financeiramente estável. Muitas vezes eu pensei que ela não precisava de meus vinte centavos. Mas havia uma certeza de que o mandamento era pessoal e que eu tinha que obedecer. Como eu poderia aceitar que o sustento da igreja viesse de fora dela mesma? Como eu poderia acreditar que Deus agiria mais no coração de minha mãe que no meu!? Então decidi obedecer, e aprendi que o que importava não era a quantidade, mas a fidelidade. A benção de Deus não era para quem dava mais em termos de valor financeiro, mas para quem fosse fiel.
Talvez meu dízimo “mixuruca” fosse pouco para muitos, mas nunca foi para Deus, porque Ele sempre se lembrou de cuidar de mim e de minha família. Talvez meu dízimo “mixuruca” não fizesse qualquer diferença no bolo da arrecadação, mas praticá-lo me ensinou a dar meu testemunho cristão.
Hoje meu ganho é muito mais que o valor de dois pãezinhos franceses por dia e participo da administração de uma arrecadação que é muito maior que o meu salário (Mt 25.21,23). Mas o que vale não é o valor financeiro, não é o “status”; o que vale é o princípio: Ser fiel a Deus. Talvez o seu dízimo seja tão “mixuruca” como o meu era, entretanto, você já entregou o seu dízimo esse mês?
Com amor, Pr. Hélio.
Hélio O. Silva = 26/10/2004.