Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem É O Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 03 = O Propósito da Criação: Os Mandatos 27/02/2011.
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Glorificar a Deus é o propósito da criação do homem.
Qual o propósito da criação do homem? É insatisfatório dizer que Deus nos criou porque se sentia sozinho, porque as escrituras dão testemunho da unidade e comunhão perfeitas existentes na trindade divina; além disso, antes da criação do homem já existiam os anjos que adoram a Deus ininterruptamente. Também é insatisfatório dizer que Deus nos criou porque queria ter alguém que o adorasse livremente, no entanto o fato de ter havido uma queda também no mundo angelical desmonta a teoria de que os anjos amam a Deus somente por compulsão e não livremente (II Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.7).
Toda a criação existe, inclusive o homem, por causa de Deus e não por nossa causa (Sl 104.31). Deus criou o homem para a sua própria glória (Is 43.7; Ef 1.11,12). Por isso tudo o que fazemos deve ser feito para a glória de Deus (I Co 10.31). Assim sendo devemos glorificá-lo e nos alegrarmos nele para sempre (Breve Catecismo, pergunta nº 1). Nós fomos criados para glorificarmos a Deus e nos alegrarmos nele.
O nosso grande problema não é viver no mundo e experimentar neles prazeres, o grande problema é a queda no pecado que desequilibrou nossa relação com Deus, com a criação e conosco mesmos. Todos os pecados se levantam da corrupção da criação e não da criação em si mesma. Tanto o trabalho quanto o lazer devem ser vistos e utilizados para glorificar a Deus. Deve ficar claro em nossa mente que Deus fez toda a criação para um propósito específico: Glorificá-lo como o seu criador e sustentador.
Os Mandatos
Deus idealizou para o homem três tipos de relacionamento com a criação e com o criador que são conhecidos como “mandatos”:
1. O Mandato Espiritual:
Esse mandato tem três características fundamentais: (1) O homem foi criado à imagem de Deus, logo o homem foi dotado de uma semelhança com que lhe permite relacionar-se plenamente com ele como nenhuma das outras criaturas poderia. (2) A instituição do dia de descanso. O propósito do sábado é tanto o descanso para o homem quanto um dia de relacionamento íntimo com Deus. (3) A ordem divina de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O homem e a mulher deveriam andar em obediência a Deus a fim de manter comunhão permanente com ele. Deus sempre vinha no final da tarde (Gn 3.8 – viração do dia) para estar e andar com o casal (Adão e Eva). No Antigo Testamento Além de Adão e Eva somente de Enoque (Gn 5.24) e Noé (Gn 6.9) é dito que Deus andava com eles.
O mandato espiritual estabelece o relacionamento pessoal com Deus que deve estar em primeiro lugar na vida do homem. “O objetivo principal do mandato espiritual consiste em gradualmente conhecer, aceitar e crer na realidade da presença do nosso Deus triúno em todas as áreas da vida” (Lima, p.167).
2. O Mandato Social:
O mandato social diz respeito ao relacionamento familiar. Deus criou o primeiro casal e o abençoou com a fecundidade para povoar a terra (Gn 1.27,28). O homem deveria constituir família, ter filhos e educá-los no caminho do Senhor. Essa benção inclui o companheirismo conjugal (Gn 2.18,23); que inclui o prazer sexual, pois homem e mulher se realizam pertencendo um ao outro, e isso agrada a Deus, pois quando criou o primeiro casal disse que isso era “muito bom”.
O mandato inclui ainda a benção de gerar filhos, que implica em continuidade. Deus poderia ter deixado o primeiro casal perecer sem filhos após a queda, mas ele “mitigou” sua pena permitindo a comunhão familiar mesmo após o pecado.
Marido e esposa têm papéis definidos no cumprimento do mandato social. O homem é o cabeça que deve amar a sua esposa e a mulher é a auxiliadora idônea que deve respeitar seu marido. Essa relação dá a estabilidade necessária à família como base da vida social projetada por Deus para a humanidade. O equilíbrio familiar gera benção e crescimento; o desequilíbrio familiar sempre gera tristeza e tragédia. Veja os exemplos de Eli (I Sm 2.1-36), Samuel (I Sm 8.1-5) e Davi (II Sm 11.11; 13-16; 18).
3. O Mandato Cultural:
Esse mandato diz respeito da relação do homem com o trabalho e o resto da criação, pois determinou ao homem que enchesse a terra e a sujeitasse e dominasse (Gn 1.28). Dessa forma Deus fez do homem administrador dos bens que lhe confiou através do dom do trabalho. Isso tem implicações sociais, econômicas, culturais e ecológicas.
Deus criou o homem em relação estreita com a terra. Quando o homem pecou, a terra foi amaldiçoada “por sua causa” (Gn 3.17-19) tornando o trabalho árduo, com grande labor e não com energia criativa. Isso também pode ser visto na relação de Israel com a terra prometida. Quando Israel era livre de seus inimigos, a terra “descansava” (Jz 3.11,30; 5.31; 11.28), mas quando Israel insistia no seu pecado, “a terra se prostituia” (Os 1.2).
Deus proíbe a deificação da criação (Ex 20.4; II Rs 23.5). Nossa relação com o mundo criado é expressa em duas palavras: Domínio e mordomia. A humanidade é o ápice da criação, pois Deus ordenou-lhe dominá-la. Mas o seu domínio deve ser exercido com responsabilidade, pois o verdadeiro dono de tudo é Deus (I Cr 29.11; Sl 24.1). Deus reservou um para pedir contas ao homem de sua administração da criação (Mt 25.26ss; Lc 12.42).
Ao estabelecer esses mandatos para o homem Deus o fez em equilíbrio, de fora integral e integrada. Não podemos separar as dimensões sociais, espirituais e culturais umas das outras, porque tudo está debaixo do domínio soberano de Deus o criador.
O domínio sobre a criação implica para o homem em privilégio e responsabilidade. O homem pode fazer uso, explorar e dominar todas as coisas criadas. Todavia, quando Deus declara “eu vos tenho dado” responsabiliza ao homem como um administrador que deverá prestar contas de tudo o que fizer. Tudo pertence a Deus e ele no-las deu para que façamos bom uso, e não qualquer uso. Por isso devemos manter o nosso lar (meio ambiente) o mais limpo e saudável para a nossa própria habitação e daqueles que Deus confiou aos nossos cuidados. Embora a criação não seja deus (paganismo) Deus se agrada que cuidemos dela por amor e gratidão a ele. O objetivo dos três mandatos é tornar nossa vida completa na terra sob a graça de Deus (Ec 3.12,13; 2.24,25).
Implicações da doutrina da criação para o homem.
1. Respeito pelo semelhante. Todos devem ser tratados com respeito pelo simples fato de serem humanos. Não importa se é ou não cristão, mesmo em rebeldia contra Deus, a imagem de Deus está presente nele. Precisamos reconhecer que a vida civil tem sua origem na criação mais que na redenção. A doutrina da criação nos conscientiza de nossas responsabilidades sociais, especialmente as que implicam na defesa da vida.
2. Alegria no trabalho. O trabalho é positivo, louvável e de grande importância, independente da profissão praticada, pois o trabalho dignifica o homem e funciona como parte integrante de sua vocação para glorificar a Deus. Um bom cristo procurará ser um bom profissional em sua área e um membro produtivo em sua família.
3. Conhecer e viver o verdadeiro sentido da vida.A vida humana só pode ser compreendida quando associada à eternidade. Cada ação diária é interpretada à luz de uma longa trajetória que cumpre desígnios eternos de Deus. Cada cabelo é contado, cada palavra será pesada e cada ato será julgado por aquele que nos criou responsáveis na sua presença. O que vivemos e construímos na terra é parte de algo maior que Deus está realizando por meio de nós, para nós e que glorifique o nome de Deus eternamente.
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Bibliografia: Leandro Lima, Razão da Esperança – Teologia Para Hoje, ECC, p. 165-171. / Bruce Milne, Estudando as Doutrinas da Bíblia, ABU, p.103. / Charles Sherlock, A Doutrina da Humanidade – Série Teologia Cristã, ECC, p.115-127.