Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem É O Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 02 = Criação ou Evolução? 20/02/2011.
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Gênesis é antes de tudo um relato histórico.
A primeira afirmação do Credo Apostólico é: “Creio em Deus Pai Todo-poderoso, criador dos céus e da terra”. O conceito evolucionista da vida é relativamente recente em comparação à doutrina da criação (meados do século XIX - 1859).
Em Adão a humanidade rejeitou a Deus como o seu mantenedor, mas o modernismo iluminista (com sua ênfase na razão) rejeitou a Deus como criador. Condicionar a teologia e a revelação bíblica aos paradigmas da ciência moderna tem resultado no sacrifício da teologia, da revelação e da própria mensagem da igreja frente aos ditames das teorias cientificistas. A ciência não é imparcial e nem está livre de ideologias, mas em muitos casos se rege por elas.
Para a igreja o relato da criação em Gênesis é histórico e coerente com a verdade da revelação divina. Para nós a narrativa de Gênesis não é nem mito e nem saga, mas verdade histórica. O objetivo de Moisés é relatar ao povo de Israel, recém saído do Egito quais são suas verdadeiras origens e qual é a terra que Deus criou para eles herdarem.
Antes de tudo, Deus...
Há quatro teorias principais:
(1) Evolucionismo. Crê numa evolução espontânea das espécies e nega a doutrina da criação. A teoria é explicitamente contrária aos relatos bíblicos e não tem sua base de sustentação inteiramente em fatos, mas em especulação teórica.
(2) Criacionismo Direto (Fiat). Entende as narrativas bíblicas como literais e históricas. Rejeita o uniformitarismo (“o presente é a chave para o passado”) e tem na antigüidade da terra sua principal objeção.
(3) Criacionismo progressivo. Os dias da criação são literais, mas seguidos por longos intervalos entre um dia e outro, reconhecendo certos desenvolvimentos evolutivos dentro de cada espécie principal
(4) Evolucionismo Teísta. Aceita a teoria da evolução como explicação de como Deus operou a criação. No caso do homem, um antropóide teria sido separado e elevado a um novo nível de percepção e relacionamento com Deus. Entende o relato bíblico da criação do homem como alegoria poética. Sua maior dificuldade é harmonizar-se com as doutrinas bíblicas da imagem de Deus no homem; do pecado original e da relação histórica Adão-Cristo (Rm 5.12-21).
Na Bíblia não se tenta provar a existência de Deus, ela diz simplesmente que já estava lá desde o princípio (Gn 1.1). Aceitar a Deus como criador é uma questão de fé (Hb 11.3), não porque não haja evidências disso, mas porque para o incrédulo nenhuma evidência será suficiente.
Todas as coisas têm uma origem e elas certamente não surgiram espontaneamente do nada, porque é ilógico e incoerente algo surgiu daquilo que não é nada. Logo, foi necessária uma causa não causada. Por isso, por mais que neguemos, precisamos acreditar que algo existia antes que as outras coisas aparecessem. A Bíblia nos diz que esse “algo” é Deus.
Pela Bíblia o mundo não foi criado pelo nada, mas ele foi criado do nada (ex nihilo) por Deus. Deus criou o mundo do nada pela sua palavra criadora (fiat). Pela sua palavra “o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hb 11.3). Se Deus não existisse então a vida seria irrelevante e sem propósito.
O Evolucionismo na perspectiva bíblica.
O evolucionismo surgiu no século XIX como fruto do iluminismo, sendo popularizado por Charles Darwin na publicação de sua obra A Origem das Espécies em 1859. Essa teoria entende o mundo como estando em constante transformação, melhoramento e adaptação. Toda a vida teria surgido de uma única célula viva, que veio de alguma reação química ao acaso num processo contínuo e aleatório por milhões de anos até ser o que é hoje.
O principal motivo para o cristianismo rejeitar a teoria da evolução nem é a fé criacionista, mas a sua irracionalidade acrescida de suas incoerências internas. Uma delas é sua incapacidade de provar que a matéria é eterna (materialismo) e assim mostrar de qual ponto iniciou-se a evolução. O que se observa na verdade é a presença de um design inteligente por trás de todas as coisas, demonstrando uma mente única e inteligente organizando todas as coisas do universo.
Algumas particularidades tornam a teoria evolucionista ainda mais inaceitável. Perguntas como: (1) Como algo morto pode dar origem à vida? (2) Como o simples pode se transformar em algo mais complexo? (3) Como uma explosão como a teoria do big bang preconiza pode dar origem a um universo tão sincronizado? (4) Como superar a lei da termodinâmica que diz que as coisas tendem a se extinguir e não a evoluir? Por exemplo: Uma chama acesa queima até se apagar e não cresce mais e mais se tornando plena. Tudo no mundo precisa de um mantenedor, senão não atinge o seu ponto mais alto, algo que é mais coerente com a doutrina bíblica da providência de Deus como criador e sustentador da vida do que com a teoria evolucionista.
Dias ou eras?
Qual a idade da terra? Quanto tempo Deus levou para criar o universo? James Ussher (1581-1656) tentou provar que a terra foi criada em 4004 aC simplesmente somando as genealogias bíblicas. As lacunas nas genealogias e forma livre como Mateus (Mt 1.1-17) se refere aos ancestrais de Cristo chamando de pai ao que na verdade seria bisavô não nos permite aceitar essa soma simples como um dado absoluto. Por outro lado, os próprios cientistas evolucionistas que absolutizavam o método do Carbono 14 para a datação de objetos antigos hoje o vêem com reservas e descrença. O fato é que o evolucionismo suscita mais dificuldades que soluções na explicação da origem humana na terra.
As tentativas de harmonizar a doutrina da criação com as afirmações científicas também não se mostram adequadas. Na Bíblia, as narrativas da criação contidas em Gênesis sempre foram tratadas como histórica não mera poesia. Jesus fala de Adão e Eva como personagens históricas (Mt 19.3-5). Abraão, Isaque e Jacó sempre são apontados como pessoas que viveram na história secular e nunca como mitos religiosos sobre a origem de Israel (Lc 13.28).
Existem 3 teorias cristãs apontando para um período maior que 7 dias para a criação: (1) Baseado em II Pedro 3.8 afirma-se que como para Deus um dia é como mil anos, os dias da criação certamente significam mais que um dia de 24 horas. (2) Outros acreditam que os dias da criação são de 24 horas seguidos por longos intervalos entre um e outro (Criacionismo progressista). (3) Outros separam o relato de Gênesis 1.1 e 2 do resto da narrativa da criação pressupondo um longo período de tempo havendo nesse ínterim, inclusive, uma pré-criação, e que a terra se tornara sem forma e vazia devido à queda dos anjos! (teoria pré-adâmica).
Não podemos afirmam que não sejam possíveis, mas, consistem muito mais de especulações do que conclusões retiradas do relato bíblico. A interpretação simples da narrativa bíblica é entender cada dia como tendo 24 horas. Um dado que corrobora para isso é como podemos entender uma tarde e uma manhã que possam ter durado milhões de anos?!
Outra explicação plausível para a idade da terra é que Deus a tenha criado com a sua aparência atual, pois ele criou Adão já adulto e não como uma criança imatura. Embora sua aparência fosse de um adulto, ele tinha alguns segundos ou minutos ou dias de criação.
Por que o homem foi criado?
Deus criou o homem para a sua própria glória (Is 43.7; Ef 1.11,12). Por isso tudo o que fazemos deve ser feito para a glória de Deus (I Co 10.31). Assim sendo devemos glorificá-lo e nos alegrarmos nele para sempre (Breve Catecismo, pergunta nº 1).
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Bibliografia:
(1) Leandro Lima; Razão da Esperança – Teologia Para Hoje, ECC, p. 147-155.
(2) Louis Berkhof; Teologia Sistemática, ECC, p. 174-178.
(3) Bruce Milne; Estudando as Doutrinas da Bíblia, ABU, p. 94-98.
(4) P.P.T.Pun; “Evolução”; Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol. 2, Vida Nova, p. 124-130.