Johann Heinrich Bullinger (1504-1575)
Rev. Hélio de Oliveira Silva, MTh (1)
Bullinger era filho de um sacerdote de paróquia. Enquanto estudava em Colônia, foi estimulado pelo estudo dos Pais da Igreja primitiva a fazer uma investigação das Escrituras. De volta a Zurique, uniu-se a Zuínglio no esforço de reformar a igreja (1527). Após a morte de Zuínglio, assumiu a liderança da reforma em Zurique.
Com regularidade pregava e ensinava as Escrituras, fazia comentários de livros da Bíblia, escrevia tratados teológicos sobre as questões debatidas em sua época, procurava estabelecer e manter relacionamentos fraternais com os outros cristãos reformados, e escreveu uma história da Reforma, em muitos volumes(2).
Sua teologia pode ser resumida em sua obra “Décadas”, composta de cinqüenta sermões longos, que tratavam dos ensinos das principais doutrinas cristãs. Essa obra foi publicada em 1549-51, traduzidos em seguida para o inglês, holandês e francês. Na Inglaterra, ela serviu como literatura oficial para os clérigos que não haviam feito o mestrado. Ao todo, Bullinger escreveu aproximadamente 150 obras, em torno de temas como a providência, justificação e a natureza das Escrituras.
Bullinger também desempenhou papel importante na união dos protestantes. Juntamente com Calvino, procurou evitar cismas entre os protestantes através do Acordo de Zurique (1549), que afirmava que “os crentes, mediante a Ceia do Senhor, recebem a Cristo espiritualmente e são unidos a Ele”(3) . Participou da composição da Primeira Confissão Helvética e escreveu a Segunda Confissão Helvética em 1566, tornando-se o elo de união entre as igrejas calvinistas da Europa continental.
Nas Décadas, Bullinger, ao lado dos demais reformadores, enfatizava a centralidade das Escrituras para conduzir a fé. Elas foram dadas como revelação totalmente suficiente para a salvação e santificação de todas as pessoas. A hermenêutica bíblica deve levar em conta a importância da analogia da fé, a leitura do texto no seu contexto, a comparação de Escritura com Escritura, e principalmente, “um coração que ama a Deus e procura a sua glória”(4) , ou seja, dependemos do Espírito Santo, para entendermos corretamente o texto bíblico.
Sua eclesiologia era bipolar, isto é, há uma igreja visível e invisível. A igreja invisível é composta de todos os eleitos, enquanto que a visível, de todos os crentes professos. Somente Deus conhece perfeitamente os membros de ambas. Os sinais da verdadeira igreja são a pregação correta das Escrituras e a administração fiel dos dois sacramentos da Igreja (Batismo e ceia). A verdadeira sucessão apostólica não está na sucessão histórica dos bispos, mas na pregação e ensinamento do ensinos dos apóstolos.
Bullinger contou com a ajuda de outros dois reformadores notáveis: Ecolampádio (1482-1531), um notável “schollar” de Basiléia, Suiça; e Berthold Haller (1492-1536), de Berna.
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(1) O autor é Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Brasil Central (SPBC-1990). Mestre em Teologia Histórica pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPGAJ-2004). Pastor auxiliar da 1ª Igreja Presbiteriana de Goiânia desde 2002. É professor no SPBC/Goiânia-GO desde 1999, onde leciona dentre outras matérias, História do Pensamento Cristão, História das Missões e História da Igreja Presbiteriana do Brasil.
(2)O. G. Oliver Jr, “Bullinger, Johann Hienrich”, Enciclopédi Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol. I, p.216.
(3)Ibid., p.216.
(4)Ibid., p.216.