Introdução:
Como!!!
Esta é a palavra chave de Lamentações (1.1; 2.1 e 4.1). Demonstra a perplexidade do profeta em face da calamidade que o pecado pode produzir onde não há arrependimento.
O povo não atendeu ao aviso e deliberadamente prosseguiu no caminho do pecado.
Jerusalém foi destruída. O que se vê agora é fumaça, cinza e desolação.
Um texto que abre os nossos olhos para o pecado.
Mostra-o como ele é.
Deveríamos lê-lo de joelhos, porque muitas e tantas vezes nos fazemos cegos para o pecado, depois nos queixamos do castigo de Deus
O v.39 declara: “Queixe-se cada um dos seus próprios pecados!!!”.
Quantas queixas mal direcionadas!
Da vida cristã;
Do tempo que Deus exige de nós;
Do quanto gastamos com a igreja (um aparente retorno);
Da comunhão inóspita dos irmãos;
Da não atuação de Deus em nossas vidas!
Quantas vezes nos queixamos do nosso pecado? Falta a experiência do arrependimento verdadeiro em nosso coração.
Ilustração: (Pedro) - arrependimento. (Judas) - de remorso.
II Co. 7: 10 - A tristeza segundo Deus não traz pesar, mas arrependimento para salvação, para restauração, para vida!
Quando, então, experimentamos este tipo de arrependimento?
Proposição:
Quero tratar do tema: Arrependimento Para Restauração. Há três argumentos no texto para fundamentar essa proposição e ensinar como experimentá-lo:
I - Quando Examinamos Nossos Caminhos e Voltamos Para Deus V. 40.
a) Esquadrinhar o coração.
Como? “provando”. Colocar no esquadro, no ângulo reto com Deus. Fazer medidas corretas, proporcionais e equilibradas.
Como? “Provemo-los” – Aqui há a figura de um teste. A palavra de Deus é o manual do teste. Jo 14.21 - o que me ama guarda meus mandamentos.
b) Voltar para o Senhor.
O auto - exame deve conduzir a uma decisão.
Ilustração: Um jovem membro de uma igreja onde trabalhei enquanto seminarista. Reconhecia todas as suas deficiências com a igreja, mas nunca se corrigia. Faltava decisão. A volta deve ser para um relacionamento de obediência - Para o Senhor.
V. 31 - 33 - Deus, não tem alegria no castigo, mas no perdão (Is. 55.6,7).
Deixe o caminho mal.
A iniqüidade.
Volte - se para o Senhor – Ele “... se compadecerá... é rico em perdoar”.
II - Quando Confessamos os Pecados Com Sinceridade V. 41 - 47.
a) Levantar as mãos junto com o coração.
Muitas vezes vivemos de um aparência de Arrependimento; uma impressão de arrependimento. A falsa espiritualidade vive do “mostrar-se”, de uma aparência de piedade, mas que não é piedade, mas apenas exibição, aparência.
Ilustração: O fariseu de Lucas 17 voltou para casa sem o perdão, enquanto que o publicano voltou perdoado por Deus.
Deus não condena as expressões externas. Só que elas não tem sentido sem a mudança interna. As duas coisas devem ser feitas.
Coração e mãos devem ser levantados, pois Deus é o Juiz (Am 5.21–23).
Ilustração: Em Lucas 17, o publicano batia a mão no peito constantemente enquanto orava: “Sê propício a mim, pecador!”.
b) O sentido de prevaricação.
É a mesma expressão de Josué 7.1. O pecado de Acã trouxe castigo sobre o povo. Em 587 a.C. a prevaricação foi generalizada. Prevaricar é viver para o que não fomos feitos. Escolher deliberadamente o caminho errado. Trair ou fugir ao dever. Traição - rebelar-se.
c) As conseqüências da rebeldia.
Talvez nenhuma confissão seja tão forte como a dos v. 42-47. Ela revela toda a sujeira que o nosso pecado acalenta e a distância que nos lança de Deus.
Confissão como esta é para quem tem seus olhos abertos por Deus para ver quem e o que é o seu próprio pecado. Ela nos faz perceber como somos cegos!!!
1) Deus não perdoa. V. 42.
Posso perceber lágrimas nos olhos do profeta. Deus não abençoa pecado, mas somente a fidelidade.
2) Deus se torna nosso inimigo V. 43
• Cobre - nos de ira.
• Persegue - nos (Erlo Stengen no livro Reavivamento na África do Sul diz que a causa disso é a nossa soberba).
• Mata.
Talvez pareça que Deus seja mal, mas é justamente o oposto. Ele é justo; e não podemos brincar com sua santidade.
I Co 11 - Mortos - muitos que dormem.
At 5 - Ananias e Safira.
Is 63. 10 - A rebeldia entristece o Espírito Santo, que se torna nosso inimigo. Deus castiga. Ele sabe usar a vara.
3) Deus não ouve nossas orações. V. 44.
Citação: “Tu te envolveste com tua nuvem” (Bíblia de Jerusalém). Deus se escondeu de nós. A imagem de um céu nublado com nuvens negras e pesadas.
Is. 59.2 - O pecado não deixa Ele nos ouvir.
Ilustração: Eu já passei por isso. Você só ouve o silêncio. Os pés ficam pesados como se usassem sapatos de ferro e a cabeça pesa te empurrando para o chão. Deus não ouvirá enquanto o pecado não for confessado.
Ilustração: Davi fala no Salmo 32 em “sequidão de estio”; e “Tua mão pesava dia e noite sobre mim”.
4)Deus nos expõe à humilhação pública. V. 45.47.
Acusações dos inimigos.
Temor – medo
Cova – armadilha
Assolação - arrasados.
Quantos não estão arrasados, deprimidos: completamente destruídos pelo pecado.
Ruína - destruição completa.
Ruínas falam de um passado que foi perdido.
Deus nos expõe publicamente à vergonha: “No meio dos povos”.
III - Quando Somos Quebrantados na Presença de Deus. V. 48 - 51
a) O significado das emoções.
Quebrantamento - característica do arrependimento e da consagração que tem estado longe da experiência de muitos crentes.
O pecado não lhes comove mais.
A tristeza pelo pecado abandonou seus olhos e suas orações ao ponto de não terem mais coragem de se aproximar de Deus num relacionamento genuíno. Por isso oram como oram; vivem a vida miserável diante de Deus que vivem e se arrastam para a igreja como se arrastam.
Ilustração: George Whitefield fala de ter ficado 54 dias sob convicção de pecado, referindo-se a isso como uma “sequidão de estio” à semelhança de Davi no Salmo 32. Testemunho semelhante nos é dado por Jonathan Edwards quando escreveu a biografia de David Brainerd. Ele passava horas e às vezes dias sob convicção de pecados(1).
Não são tocados em sua vida integral. No Antigo Testamento, mente - vontade – emoções são chamados de “o seu coração”.
Quando Deus pesa sua mão (com força) sobre o nosso pecado, revelando-nos toda a sua podridão e engano é difícil não chorar.
Jeremias intercede por seu povo
• Com lágrimas em abundância V. 48, 49, 51.
Ilustração: No seu livro Avivamento Urgente, o Rev. Hernandes Dias Lopes nos conta que no avivamento entre os zulus de Mapumulo, na África do Sul, nos últimos 6 meses antes da chegada do avivamento os cultos praticamente eram só lágrimas(2).
b) A identificação com os outros.
Quando nos vemos diante de nossos pecados não há mais as comparações e críticas - somos iguais perante Deus.
A razão da tristeza foi a certeza de que tudo poderia ter sido evitado, bem como a força do castigo.
Deus disciplinou com rigor!
c) A insistência na oração.
“Não cessam... até que.”
Ilustração: Uma senhora carismática. Joelhos roxos de tanto orar. “_Enquanto eu viver eu vou orar e agradecer o que Deus fez por mim”.
Essa insistência é para que Deus atenda e veja “lá do céu” uma expressão de distância. A expressão aparece duas vezes no texto – “Para Deus nos céus” (v. 41). – “(Deus)... Veja lá do céu” (v. 49).
Demonstra a clara distância entre nós. Ë a esperança (V.21) quem nos motiva a orar.
Porém, conforme comenta R. K. Harrinson, “antes que Deus possa restaurar a sorte do seu povo, tem de haver evidências de arrependimento”(3). E mais: “O povo tem de fazer mais do que chorar como lamentadores profissionais em um funeral, mostrando que as lágrimas indicam mudanças profundas, emocionais e espirituais”(4).
Deus precisa nos quebrar primeiro, antes que possa nos restaurar (II Ts 7.14)
Notem que os verbos estão no plural. A acusação recai sobre todos e não sobre aqueles que não estão aqui agora para ouvir.
Nós!!!
Conclusão:
Deus precisa nos quebrantar integralmente.
Coração = Mente - vontade - emoções.
1) Não podemos mais ser relapsos na observação dos nossos caminhos.
Precisamos levar a sério a questão do pecado e do desejo de prevaricar contra o Senhor.
2) Não podemos mais nos calar na presença de Deus sucumbindo aos nossos pecados.
Abandonar as orações é o primeiro sinal da derrota sob o pecado.
I Jo 1. 9 - Ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar.
3) Não podemos mais ser insensíveis diante daquilo que nossos olhos vêem em nossas experiências com Deus.
A frieza da experiência religiosa pode ser sinal de coração endurecido. Levantar as mãos é mero formalismo se o coração não for oferecido a Deus; contudo acusar os que o fazem não é sinal de maior espiritualidade como se eles fossem os errados e não nós (os quietinhos).
Quando Deus mexe com nossas emoções tomamos as decisões mais depressa e agimos com maior paixão.
O equilíbrio só é atingido quando voltamos nossas vidas para uma vida fiel a Deus. Por isso arrependimento que leva à restauração é quando Deus nos abala integralmente.
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(1) Jonathan Edwards, A Vida de David Brainerd, PES, p. ?
(2) Hernandes Dias Lopes, Avivamento Urgente, p.?
(3) R. K. Harrison, Jeremias e Lamentações, Introdução e Comentário, Vida Nova/Mundo Cristão, p.?
(4) Ibid.