Pular para o conteúdo principal

Lamentações 3.40-51 = Arrependimento Para Restauração (22/08/1992)


Introdução:
Como!!!
Esta é a palavra chave de Lamentações (1.1; 2.1 e 4.1). Demonstra a perplexidade do profeta em face da calamidade que o pecado pode produzir onde não há arrependimento.
 O povo não atendeu ao aviso e deliberadamente prosseguiu no caminho do pecado.
 Jerusalém foi destruída. O que se vê agora é fumaça, cinza e desolação.
Um texto que abre os nossos olhos para o pecado.
 Mostra-o como ele é.

Deveríamos lê-lo de joelhos, porque muitas e tantas vezes nos fazemos cegos para o pecado, depois nos queixamos do castigo de Deus
O v.39 declara: “Queixe-se cada um dos seus próprios pecados!!!”.
Quantas queixas mal direcionadas!
 Da vida cristã;
 Do tempo que Deus exige de nós;
 Do quanto gastamos com a igreja (um aparente retorno);
 Da comunhão inóspita dos irmãos;
 Da não atuação de Deus em nossas vidas!
Quantas vezes nos queixamos do nosso pecado? Falta a experiência do arrependimento verdadeiro em nosso coração.
Ilustração: (Pedro) - arrependimento. (Judas) - de remorso.
II Co. 7: 10 - A tristeza segundo Deus não traz pesar, mas arrependimento para salvação, para restauração, para vida!

Quando, então, experimentamos este tipo de arrependimento?

Proposição:
Quero tratar do tema: Arrependimento Para Restauração. Há três argumentos no texto para fundamentar essa proposição e ensinar como experimentá-lo:

I - Quando Examinamos Nossos Caminhos e Voltamos Para Deus V. 40.

a) Esquadrinhar o coração.
Como? “provando”. Colocar no esquadro, no ângulo reto com Deus. Fazer medidas corretas, proporcionais e equilibradas.
Como? “Provemo-los” – Aqui há a figura de um teste. A palavra de Deus é o manual do teste. Jo 14.21 - o que me ama guarda meus mandamentos.

b) Voltar para o Senhor.
O auto - exame deve conduzir a uma decisão.
Ilustração: Um jovem membro de uma igreja onde trabalhei enquanto seminarista. Reconhecia todas as suas deficiências com a igreja, mas nunca se corrigia. Faltava decisão. A volta deve ser para um relacionamento de obediência - Para o Senhor.
V. 31 - 33 - Deus, não tem alegria no castigo, mas no perdão (Is. 55.6,7).
 Deixe o caminho mal.
 A iniqüidade.
Volte - se para o Senhor – Ele “... se compadecerá... é rico em perdoar”.

II - Quando Confessamos os Pecados Com Sinceridade V. 41 - 47.

a) Levantar as mãos junto com o coração.
Muitas vezes vivemos de um aparência de Arrependimento; uma impressão de arrependimento. A falsa espiritualidade vive do “mostrar-se”, de uma aparência de piedade, mas que não é piedade, mas apenas exibição, aparência.
Ilustração: O fariseu de Lucas 17 voltou para casa sem o perdão, enquanto que o publicano voltou perdoado por Deus.
Deus não condena as expressões externas. Só que elas não tem sentido sem a mudança interna. As duas coisas devem ser feitas.
 Coração e mãos devem ser levantados, pois Deus é o Juiz (Am 5.21–23).
Ilustração: Em Lucas 17, o publicano batia a mão no peito constantemente enquanto orava: “Sê propício a mim, pecador!”.

b) O sentido de prevaricação.
É a mesma expressão de Josué 7.1. O pecado de Acã trouxe castigo sobre o povo. Em 587 a.C. a prevaricação foi generalizada. Prevaricar é viver para o que não fomos feitos. Escolher deliberadamente o caminho errado. Trair ou fugir ao dever. Traição - rebelar-se.

c) As conseqüências da rebeldia.
Talvez nenhuma confissão seja tão forte como a dos v. 42-47. Ela revela toda a sujeira que o nosso pecado acalenta e a distância que nos lança de Deus.
Confissão como esta é para quem tem seus olhos abertos por Deus para ver quem e o que é o seu próprio pecado. Ela nos faz perceber como somos cegos!!!

1) Deus não perdoa. V. 42.
Posso perceber lágrimas nos olhos do profeta. Deus não abençoa pecado, mas somente a fidelidade.

2) Deus se torna nosso inimigo V. 43
• Cobre - nos de ira.
• Persegue - nos (Erlo Stengen no livro Reavivamento na África do Sul diz que a causa disso é a nossa soberba).
• Mata.
Talvez pareça que Deus seja mal, mas é justamente o oposto. Ele é justo; e não podemos brincar com sua santidade.
I Co 11 - Mortos - muitos que dormem.
At 5 - Ananias e Safira.
Is 63. 10 - A rebeldia entristece o Espírito Santo, que se torna nosso inimigo. Deus castiga. Ele sabe usar a vara.

3) Deus não ouve nossas orações. V. 44.
Citação:
“Tu te envolveste com tua nuvem” (Bíblia de Jerusalém). Deus se escondeu de nós. A imagem de um céu nublado com nuvens negras e pesadas.
Is. 59.2 - O pecado não deixa Ele nos ouvir.
Ilustração: Eu já passei por isso. Você só ouve o silêncio. Os pés ficam pesados como se usassem sapatos de ferro e a cabeça pesa te empurrando para o chão. Deus não ouvirá enquanto o pecado não for confessado.
Ilustração: Davi fala no Salmo 32 em “sequidão de estio”; e “Tua mão pesava dia e noite sobre mim”.

4)Deus nos expõe à humilhação pública. V. 45.47.
 Acusações dos inimigos.
 Temor – medo
 Cova – armadilha
 Assolação - arrasados.
Quantos não estão arrasados, deprimidos: completamente destruídos pelo pecado.
 Ruína - destruição completa.
Ruínas falam de um passado que foi perdido.
Deus nos expõe publicamente à vergonha: “No meio dos povos”.

III - Quando Somos Quebrantados na Presença de Deus. V. 48 - 51

a) O significado das emoções.

Quebrantamento - característica do arrependimento e da consagração que tem estado longe da experiência de muitos crentes.
 O pecado não lhes comove mais.
A tristeza pelo pecado abandonou seus olhos e suas orações ao ponto de não terem mais coragem de se aproximar de Deus num relacionamento genuíno. Por isso oram como oram; vivem a vida miserável diante de Deus que vivem e se arrastam para a igreja como se arrastam.
Ilustração: George Whitefield fala de ter ficado 54 dias sob convicção de pecado, referindo-se a isso como uma “sequidão de estio” à semelhança de Davi no Salmo 32. Testemunho semelhante nos é dado por Jonathan Edwards quando escreveu a biografia de David Brainerd. Ele passava horas e às vezes dias sob convicção de pecados(1).
Não são tocados em sua vida integral. No Antigo Testamento, mente - vontade – emoções são chamados de “o seu coração”.
Quando Deus pesa sua mão (com força) sobre o nosso pecado, revelando-nos toda a sua podridão e engano é difícil não chorar.

 Jeremias intercede por seu povo
• Com lágrimas em abundância V. 48, 49, 51.
Ilustração: No seu livro Avivamento Urgente, o Rev. Hernandes Dias Lopes nos conta que no avivamento entre os zulus de Mapumulo, na África do Sul, nos últimos 6 meses antes da chegada do avivamento os cultos praticamente eram só lágrimas(2).

b) A identificação com os outros.
Quando nos vemos diante de nossos pecados não há mais as comparações e críticas - somos iguais perante Deus.
A razão da tristeza foi a certeza de que tudo poderia ter sido evitado, bem como a força do castigo.
 Deus disciplinou com rigor!

c) A insistência na oração.
“Não cessam... até que.”
Ilustração: Uma senhora carismática. Joelhos roxos de tanto orar. “_Enquanto eu viver eu vou orar e agradecer o que Deus fez por mim”.
Essa insistência é para que Deus atenda e veja “lá do céu” uma expressão de distância. A expressão aparece duas vezes no texto – “Para Deus nos céus” (v. 41). – “(Deus)... Veja lá do céu” (v. 49).
Demonstra a clara distância entre nós. Ë a esperança (V.21) quem nos motiva a orar.
Porém, conforme comenta R. K. Harrinson, “antes que Deus possa restaurar a sorte do seu povo, tem de haver evidências de arrependimento”(3). E mais: “O povo tem de fazer mais do que chorar como lamentadores profissionais em um funeral, mostrando que as lágrimas indicam mudanças profundas, emocionais e espirituais”(4).
Deus precisa nos quebrar primeiro, antes que possa nos restaurar (II Ts 7.14)
Notem que os verbos estão no plural. A acusação recai sobre todos e não sobre aqueles que não estão aqui agora para ouvir.
 Nós!!!

Conclusão:
Deus precisa nos quebrantar integralmente.
Coração = Mente - vontade - emoções.

1) Não podemos mais ser relapsos na observação dos nossos caminhos.
Precisamos levar a sério a questão do pecado e do desejo de prevaricar contra o Senhor.

2) Não podemos mais nos calar na presença de Deus sucumbindo aos nossos pecados.
 Abandonar as orações é o primeiro sinal da derrota sob o pecado.
I Jo 1. 9 - Ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar.

3) Não podemos mais ser insensíveis diante daquilo que nossos olhos vêem em nossas experiências com Deus.
A frieza da experiência religiosa pode ser sinal de coração endurecido. Levantar as mãos é mero formalismo se o coração não for oferecido a Deus; contudo acusar os que o fazem não é sinal de maior espiritualidade como se eles fossem os errados e não nós (os quietinhos).
Quando Deus mexe com nossas emoções tomamos as decisões mais depressa e agimos com maior paixão.
O equilíbrio só é atingido quando voltamos nossas vidas para uma vida fiel a Deus. Por isso arrependimento que leva à restauração é quando Deus nos abala integralmente.

-------------------
(1) Jonathan Edwards, A Vida de David Brainerd, PES, p. ?
(2) Hernandes Dias Lopes, Avivamento Urgente, p.?
(3) R. K. Harrison, Jeremias e Lamentações, Introdução e Comentário, Vida Nova/Mundo Cristão, p.?
(4) Ibid.

Postagens mais visitadas deste blog

A Armadura de Deus (1ª parte) - Efésios 6.14-17

Pastoral: A Armadura de Deus (Efésios 6.14-17) Por que muitos crentes ignoram os ensinamentos bíblicos quanto à armadura de Deus? Porque muitos crentes conhecem pouco da Palavra de Deus, outros tantos duvidam da visível atuação de Deus, muitos a ignoram, outros porque julgam ser um exagero de Paulo na sua linguagem, outros acham que essa época já passou, alguns por pura negligência mesmo, e outros mais, por causa de já terem sofrido tantas derrotas que já estão praticamente inutilizados em sua espiritualidade pelo inimigo.   Por outro lado, há daqueles que estão lutando desesperadamente, mas com as armas que não são bíblicas.      A exortação de Paulo é para que deixemos de ser passivos e tomemos posse das armas espirituais que em Cristo Deus coloca à nossa disposição. É a armadura de Deus que nos permitirá resistir no dia mal, conduzir-nos à vitória e garantir a nossa permanência inabalável na fé.           Paulo não está falando de armas físicas que dev

21 = Oração Pelo Ministério - Romanos 15.30-33 (2)

Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO Grupo de Estudo do Centro – Fevereiro a Junho/2013 Liderança: Pr. Hélio O. Silva , Sem. Adair B. Machado e Presb. Abimael A. Lima. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 = Oração Pelo Ministério – Romanos 15.14-33 (2) .          26/06/2013. Um Chamado à Reforma Espiritual – D. A. Carson, ECC, p. 216 a 229. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor,   31 para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos;   32 a fim de que, ao visitar-vos, pela vontade de Deus, chegue à vossa presença com alegria e possa recrear-me convosco.   33 E o Deus da paz seja com todos vós.

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) O artigo da Wikipedia sobre a sarça ardente ("Burning bush") informa que ela se tornou um símbolo popular entre as igrejas reformadas desde que foi pela primeira vez adotada pelo huguenotes em 1583, em seu 12º sínodo nacional, na França. O lema então adotado, "Flagor non consumor" ("Sou queimado, mas não consumido") sugere que o símbolo foi entendido como uma referência à igreja sofredora que ainda assim sobrevive. Todavia, visto que o fogo é um sinal da presença de Deus, aquele que é um fogo consumidor (Hb 12.29), esse milagre parece apontar para um milagre maior: o Deus gracioso está com o seu povo da aliança e assim ele não é consumido. O atual símbolo da Igreja Reformada da França é a sarça ardente com a cruz huguenote. A sarça ardente também é o símbolo da IP da Escócia (desde os anos 1690, com o lema "Nec tamen consumebatur" - E não se consumia), da IP da Irlanda