Convocação:
A Assembléia foi convocada para aconselhar o Parlamento sobre a reestruturação da Igreja da Inglaterra em linhas puritanas.
A Assembléia foi convocada em 12 de junho de 1.643, terminando seus trabalhos regulares em 1.648. Contudo só foi oficialmente dissolvida em 1.652 (Cairns)(1) .
A princípio, seu objetivo era:
1. Reformar a liturgia, disciplina e governo da Igreja da Inglaterra.
2. Promover a Unidade da Igreja com a Escócia e o Continente.
3. Revisar e clarificar os 39 artigos da Igreja Anglicana (o que foi feito até o 15º artigo somente).
Membros:
121 ministros; 10 membros da Casa dos Lordes; 20 da Casa dos Comuns e 8 representantes da Escócia (alguns falam de 6 – 4 pastores e 2 presbíteros).
A participação escocesa se deu graças ao tratado da “Liga e Aliança Solene”, assinado em setembro de 1643, pelo qual o Parlamento se obrigava a manter e defender a Igreja Presbiteriana da Escócia e a reformar a Igreja da Inglaterra e da Irlanda em sua doutrina, governo, culto e disciplina de acordo com a Palavra de Deus. Os escoceses não tinham direito a voto, mas poderiam falar no plenário. “Eles exerceram uma influência desproporcional ao seu número”(2) .
I. Contexto.
Carlos I tentou impor o episcopalismo e o Livro de Oração Comum na Escócia após
1640. A Escócia se revoltou, forçando o monarca a convocar o Parlamento, que ele mesmo havia abolido alguns anos antes, com a finalidade de obter fundos para financiar a guerra e aumentar os impostos.
Os puritanos ingleses já haviam pedido uma reforma em termos presbiterianos por duas vezes. Um parlamentar “remonstrante” também havia feito uma petição por uma assembléia a Carlos I.
O Parlamento “Longo” (somente dissolvido em 1660), se opunha às reformas catolicizantes do Arcebispo William Laud e precisou da ajuda dos escoceses para derrotá-lo. Em Setembro de 1643, assinou-se o tratado da “Liga e Aliança Solene”, que em 02/1644 foi imposto a todos os ingleses com mais de 18 anos. O Tratado previa:
1. Manter a religião reformada na Escócia.
2. Unificar a religião na Irlanda, Escócia e Inglaterra.
3. Extirpar o papismo dos prelados.
Os debates foram sempre marcados por constante tensão entre as várias partes eclesiásticas representantes (presbiterianos de várias estirpes; independentes e erastianos).
II. Documentos.
1. A Confissão de Fé.
A Confissão de Fé foi completada em 1646. Ela é caracterizada por sua minuciosidade, precisão, concisão e equilíbrio nas sua afirmações. Composta de 33 capítulos subdivididos em sessões com textos de referência.
Características:
a) Ênfase nas Escrituras como regra de fé e prática – cap. I.
b) A doutrina da predestinação – cap. III, V, IX e XVIII.
c) A aliança como o modo de Deus relacionar-se com o seu povo – cap. VII.
d) A redenção – Ressalta o equilíbrio entre as alianças, e entre a Soberania de Deus e a responsabilidade humana – cap. X a XVII.
e) A afirmação vigorosa da certeza da salvação – cap. XVIII.
f) A obediência à Lei de Deus associada à liberdade de consciência – cap. XIX e XX.
g) Inclusão do conceito puritano do dia do Senhor.
h) A primeira distinção clara entre Igreja visível e invisível – cap. XXV.
2. O Diretório do Culto(3) .
Aprovado pelo Parlamento em janeiro de 1645. Seu objetivo era “produzir mais uniformidade na adoração pública”. Seu ponto mais importante e também o mais polêmico foi o princípio regulador do culto. Só seria aceito no culto aquilo que era prescrito ou necessariamente deduzido nas Escrituras.
Contém instruções gerais mais que um conjunto de formas rígidas de culto. O culto Principal consiste em:
Orações.
2 lições.
Salmos.
Um sermão.
Santa comunhão após o sermão da manhã, com o povo sentado em torno da santa mesa.
Instruções sobre: A forma do batismo; visitação dos doentes; Forma de casamento e ofícios fúnebres (este último sem cerimônias); abolição das festas semanais (durante a semana).
3. A Forma de Governo Eclesiástico. (10/02/1645).
1. Distinção entre pastores, ensinadores, doutores e diáconos.
2.A ordenação dos ministros da Palavra somente pelo Presbitério.
4. Os Catecismos Maior e Breve.
O Catecismo Maior, aprovado em 1648, foi projetado para a exposição no púlpito. Ele
não foi muito apreciado, recebendo muitas vezes a alcunha de ser legalista.
O Catecismo Menor, aprovado em 1647, foi projetado para a instrução de crianças. Ambos seguiram o mesmo padrão de organização:
1. Aquilo que devemos crer a respeito de Deus.
2. O dever que Deus requer de nós.
a) Faz uma recapitulação da CFW sobre a natureza de Deus.
b)Segunda parte:
Exposição do Decálogo.
A doutrina da fé e do arrependimento.
Os meios de graça (A Palavra; Os Sacramentos; A oração; A oração Dominical).
III. Motivos do Fracasso.
Latourette aponta três causas:
1. O governo autoritário exercido por uma minoria.
2. A morte de Cromwell (1658) – seu filho Ricardo não tinha a mesma capacidade dele.
3. Carlos II, que assumiu o trono de seu pai, aborrecia os presbiterianos e extremistas.
Decretou o Ato de Uniformidade.
Determinou uma revisão dos 39 Artigos de forma a desagradar os presbiterianos.
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(1) J. M. Frame afirma que ela nunca foi oficialmente encerrada. (Confissão de Fé de Westminster, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã vol. I, p. 331,332)
(2) Alderi S. Matos, Apostila do Curso Movimento Reformado, p.12 (material não publicado).
(3) Publicado em português pela Editora Os Puritanos.