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Aula 13 = O Conceito Bíblico de Pecado.


Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Par Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 13= O CONCEITO BÍBLICO DE PECADO (22/05/2011).
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O pecado é uma realidade triste da humanidade e a principal característica da sua experiência, não podendo ser ignorado por quem quer entendê-la.

A. Conceitos Inadequados de Pecado:

1. DUALISMO.
Na filosofia é conhecido como o problema do mal mais que do pecado. Admite a existência de um princípio eterno do mal, e sustenta que no homem o espírito representa o princípio do bem, e o corpo o do mal. Entre outros problemas
(a) faz do pecado uma coisa puramente física e independente da vontade humana.
(b) Apresenta o pecado como uma necessidade. O único meio de escapar do pecado consiste em livrar-nos do corpo.

2. O PECADO COMO MERA PRIVAÇÃO.
A existência do pecado é considerada inevitável como uma simples negação ou privação do bem, não tendo uma causa eficiente. Iguala o mal moral ao mal físico ao descrevê-lo como apenas um infortúnio sobrevindo ao homem. Conseqüentemente, nega a respnsabilidade moral do homem ao pecar ignorando sua corrupção e culpa.

3. O PECADO COMO UMA ILUSÃO.
O pecado é simplesmente um defeito, uma limitação da qual o homem está consciente; e considera o mal, que surge dessa limitação, como necessário. Reduz toda a vida do homem a uma ilusão: seu conhecimento, sua experiência, o testemunho da consciência, pois todo o seu conhecimento é inadequado. Vai contra a experiência humana real que atesta ser os mais inteligentes, muitas vezes, os maiores pecadores, sendo Satanás o maior de todos.

4. O PECADO COMO FALTA DE CONSCIÊNCIA DE DEUS, PELO FATO DE ESTAR A NATUREZA HUMANA PRESA AOS SENTIDOS.
Ensina que a consciência do pecado no homem depende da sua consciência de Deus. Quando o senso da existência de Deus se desperta no homem, imediatamente toma consciência da sua pecaminosidade. Faz de Deus o autor do pecado, responsável por este, pois Ele é o Criador da natureza sensorial do homem. Esse conceito não leva em conta o fato de que muitos dos mais odiosos pecados do homem não pertencem à sua natureza física sensorial, mas à sua natureza espiritual (Ex.: avareza, inveja, orgulho, malícia e outros).

5. O PECADO COMO IGNORÂNCIA.
Quem não é cristão não têm nenhum conhecimento do pecado. A obra redentora de Deus torna o homem consciente da sua falta de confiança nele e da sua oposição ao seu reino. Trata o pecado de forma simplista e de fácil resolução. Como o pecado é apenas ignorância é também facilmente perdoável. Esse conceito desconsidera todas as implicações da morte sacrificial de Cristo a favor da humanidade. O pecado é mais que ignorância, ele também é culpa e corrupção diante de Deus e sua lei.

6. O PECADO COMO EGOÍSMO.
O egoísmo é entendido como o oposto do altruísmo ou da generosidade. Define o pecado como a escolha do ego, em vez de Deus, como o supremo objeto do amor. A inimizade para com Deus, a dureza de coração, a impenitência e a incredulidade são pecados hediondos, mas não podem ser simplesmente classificados como egoísmo. O erro é definir o pecado somente em relação ao próximo e não em relação a Deus. Pecado é também impiedade, perversão e ofença, não só egoismo.

7. O PECADO COMO OPOSIÇÃO DAS PROPENSÕES INFERIORES DA NATUREZA HUMANA A UMA CONSCIÊNCIA MORAL DESENVOLVIDA GRADATIVAMENTE.
É a doutrina do pecado do ponto de vista do evolucionismo. Os impulsos naturais e as qualidades herdadas, derivadas dos animais inferiores, compõem o material do pecado, mas não se tornam pecado concretamente enquanto não forem tolerados contrariamente ao senso moral comum da humanidade em seu processo evolutivo gradual. É apenas o velho pelagianismo enxertado na teoria evolucionista que desconsidera totalmente a imgem de Deus existente no ser humano.
A dificuldade desses conceitos é que procuram definir o pecado desconsiderando-o como abandonar a Deus, oposição (rebeldia) a Deus e transgressão da lei de Deus. O pecado só pode ser definido em termos da relação do homem com Deus e Sua vontade como revelada expressamente na sua lei moral.

B. O Conceito Bíblico de Pecado.

1. O PECADO É UMA CATEGORIA ESPECÍFICA DE MAL:
Fala-se muito do mal, e relativamente pouco do pecado; e isso é muito enganoso. Nem todo mal e pecado. Não se deve confundir o pecado como mal físico, com aquilo que é danoso ou calamitoso (deslizamentos, terremotos, tsunamis, enchentes). O pecado não é uma calamidade que sobreveio inesperadamente ao homem, envenenou sua vida e arruinou sua felicidade, mas um curso que o homem decidiu seguir deliberadamente e que o leva a miséria inaudita. O pecado é o resultado de uma escolha livre, porém, má, do homem (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32 e 1 Jo 3.4).

2. O PECADO TEM CARÁTER ABSOLUTO:
Na esfera ética, o contraste entre o bem e o mal é absoluto. Não há condição neutra entre ambos. A transição entre o bem e o mal não é de caráter quantitativo, e, sim, qualitativo. Um ser moral bom não se torna mal por uma simples diminuição da sua bondade, mas somente por uma mudança qualitativa radical, por um volver ao pecado. O pecado não é um grau menor de bondade, mas um mal positivo. A Bíblia ensina claramente que quem não ama a Deus é, por isso caracterizado como mal. O homem está do lado certo ou do lado errado, mas nunca neutro (Mt 10.32, 33; 12.30; Lc 11.23; Tg 2.10).

3.O PECADO SEMPRE TEM RELAÇÃO COM DEUS E SUA VONTADE:
É impossível ter uma correta concepção do pecado sem vê-lo em relação a Deus e Sua vontade, porque na Bíblia o pecado é definido como falta de conformidade com a Lei de Deus (“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” - I João 3.4. Veja Também: Rm 1.32; 2.12-14; 4.15; Tg 2.9).

4. O PECADO INCLUI A CULPA E A CORRUPÇÃO:
A culpa é o estado de merecimento da condenação ou de ser passível de punição pela violação de uma lei ou de uma exigência moral. Ela expressa a relação do pecado com a justiça ou da penalidade com a lei. A culpa é inseparável do pecado, pois está sempre presente na vida de quem é pessoalmente pecador. Ela também é permanente, uma vez que estabelecida, não pode ser removida pelo perdão. Negar que o pecado inclua culpa contradiz a Escritura e não se harmoniza com o fato de que o pecado é a ameaçado e punido com castigo (Mt 6.12; Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3).
Por corrupção entende-se a corrosiva contaminação inerente, a que todo pecador está sujeito. É uma realidade na vida de todos os indivíduos. É inconcebível sem a culpa, pois é conseqüência desta. Todo aquele que é culpado em Adão, também nasce conseqüentemente com uma natureza corrupta. A doutrina da corrupção do pecado é ensinada claramente em passagens como: Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19.

5. O PECADO TEM SUA SEDE NO CORAÇÃO:
O pecado não reside nalguma faculdade da alma, mas no coração, que na psicologia da Escritura é o órgão da alma, onde estão as fontes da vida (Pv 4.23). E desse centro, sua influência e suas operações espalham-se para todo o homem em seu intelecto, vontade e emoções, incluindo o seu corpo em suas sensações de olhar, ouvir, sentir, degustar e cheirar (Pv 4.20-25; Jr 17.9; Mt 15.19-20; Lc 6.45 e Hb 3.12).

6. O PECADO NÃO CONSISTE APENAS DE ATOS MANIFESTOS, MAS TAMBÉM DE PENSAMENTOS E SENTIMENTOS:
O pecado não consiste somente de atos individuais patentes, mas também de hábitos pecaminosos e de uma condição pecaminosa da alma. O estado pecaminoso é á base dos hábitos pecaminosos que se manifestam em ações pecaminosas. Os pensamentos e os sentimentos do homem natural, chamado “carne” na Escritura, constituem-se em pecado conforme indicam: Mt 5.22, 28; Rm 7.7; Gl 5.17, 24 dentre outras.

Conclusão:
O pecado é real e ninguém pode livrar-se dele na presente existência. Ele é a falta de conformidade com a lei moral de Deus, nos atos, disposição ou estado das ações e experiências humanas.

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Bibliografia: Louis Bekhoff, Teologia Sistemática, ECC, p. 223-230.

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