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Aula 28 = As Características do Pacto da Graça


Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 28 = As Características do Pacto da Graça (27/11/2011).
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1. A ALIANÇA É CARACTERIZADA PELA GRAÇA.
(a) porque nela Deus permite que um Fiador cumpra as nossas obrigações:
(b) porque Ele mesmo provê o Fiador na pessoa do Seu Filho, que satisfaz as exigências da justiça; e
(c) porque é a operação graciosa do Espírito Santo, que capacita o homem a cumprir as responsabilidades da Sua aliança. A aliança origina-se na graça de Deus, é executada em virtude da graça de Deus e se concretiza na vida dos pecadores, pela graça de Deus. É graça do começo ao fim para o pecador.

2. A ALIANÇA É TRINITÁRIA.
O trino Deus age na aliança da graça. Ela tem sua origem no eletivo amor e graça do Pai, encontra seu fundamento jurídico no ofício de fiador exercido pelo Filho, e só se realiza plenamente nas vidas dos pecadores pela eficaz aplicação feita pelo Espírito Santo (Jo 1.16; Ef 1.3-14; 2.8; 1 Pe 1.2).

3. A ALIANÇA É ETERNA E, PORTANTO, INVIOLÁVEL.
A aliança é eterna, quanto ao futuro (Gn 17.19; 2 Sm 23.5; Hb 13.20). Por ser eterna implica também que é inviolável; por essa razão pode ser chamada de testamento (Hb 9.17). Deus permanecerá para sempre fiel à Sua aliança e sem sombra de variação a levará à plena realização nos eleitos. Contudo, não significa que o homem não pode romper e nunca romperá a relação pactual em que se acha.

4. A ALIANÇA É PARTICULAR, NÃO UNIVERSAL.
Significa:
(a) que ela não se realizará em todos os homens e nem que é aberta a todos os homens (universalismo e arminianismo);
(b) que, mesmo na qualidade de uma relação pactual externa, ela não se estende a todos aqueles a quem o Evangelho é pregado, pois muitos deles não querem ser incorporados na aliança;
e (c) que a oferta da aliança não chega a todos, visto que tem havido muitos indivíduos e até nações que jamais tiveram conhecimento do meio de salvação. A dispensação neotestamentária da aliança é chamada universal no sentido de que é estendida a todas as nações, não se limitando mais aos judeus, como na antiga dispensação.

5. A ALIANÇA É ESSENCIALMENTE A MESMA EM AMBAS AS DISPENSAÇÕES, EMBORA COM MUDANÇAS NA FORMA DA SUA ADMINISTRAÇÃO.
Isso quer dizer que os crentes veterotestamentários foram salvos da mesm maneira que os crentes neotestamentários Pelagianos e socinianos negam isso. No catolicismo romano se afirma que os santos do Velho Testamento ficaram no Limbus Patrum (Limbo dos Pais) até quando Cristo desceu ao hades. Os dispensacionalistas também negam essa doutrina.

A unidade da aliança em ambas as dispensações é comprovada nas Escrituras:
a. O conteúdo essencial da aliança é o mesmo sempre, tanto no Antigo como no Novo Testamento:
“Eu serei o teu Deus” é a expressão do conteúdo essencial da aliança com Abraão (Gn 17.7), da aliança davídica (2 Sm 7.14), e da nova aliança (Jr 31.33; Hb 8.10). Esta promessa é de fato um sumário totalmente abrangente, e contém uma garantia das mais perfeitas bênçãos pactuais. Do fato de que Deus é chamado Deus de Abraão, Isaque e Jacó, Cristo infere que esses patriarcas têm posse da vida eterna (Mt 22.32).

b. A Bíblia ensina que há somente um único Evangelho, por meio do qual os homens podem salvar-se.
E porque o Evangelho é a revelação da graça, segue-se que há também somente uma aliança. Este Evangelho já foi ouvido na promessa materna (Gn 3.15) foi pregado a Abraão (Gl 3.8), e não pode ser suplantado por nenhum evangelho judaizante (Gl 1.8,9).

c. A Lei não anulou nem alterou a Aliança (Rm4; Gl 3 = Hb 6.13-18).
Paulo argumenta extensamente contra os judaizantes que o modo pelo qual Abraão obteve a salvação é típico quanto aos crentes do Novo Testamento, não importando se eram judeus ou gentios (Rm 4.9-25; Gl 3.7-9,17,18). Ele fala de Abraão como o pai dos crentes e prova claramente que a aliança com Abraão continua vigente.
d. O Mediador da aliança é o mesmo ontem, hoje e para sempre, Hb 13.8. Em nenhum outro há salvação (Jo 14.6; At 4.12). A semente prometida a Abraão é Cristo (Gl 3.16) e os que se identificam com Cristo são verdadeiros herdeiros da aliança (Gl 3.16-29).

e. O meio de salvação revelado na aliança é o mesmo.
A escritura insiste nas condições idênticas em toda a linha pactual (Gn 15.6 = Rm 4.11; Hb 2.4; At 15.11; Gl 3.6,7; Hb 11.9).

f. As promessas esperadas pelos crentes são as mesmas (Gn 15.6; Sl 51.12; Mt 13.17; Jo 8.56).

g. Os sacramentos, embora diferindo na forma, têm essencialmente a mesma significação em ambas as dispensações (Rm 4.11; 1 Co 5.7; Cl 2.11,12).

h. A aliança é tanto condicional como incondicional.
Essa conclusão dependerá do ponto de vista segundo o qual se considere a aliança.

•Por um lado, a aliança é incondicional.
(a) porque ela não é meritória. O pecador é exortado a arrepender-se e a crer, mas a sua fé e o seu arrependimento de modo nenhum merecem as bênçãos da aliança.
(b) É incondicional no sentido de que não se espera que o homem realize com as suas próprias forças o que a aliança exige dele. Ao colocá-lo diante das exigências da aliança, sempre devemos ser lembrados do fato de que somente de Deus podemos receber as forças necessárias para o cumprimento do nosso dever. Para os eleitos de Deus, as próprias condições da aliança são também promessas e, portanto, um dom de Deus.
(c) A fé é a conditio sine qua non (condição que não pode faltar) da justificação, mas o recebimento da fé propriamente dita na regeneração não depende de nenhuma condição, mas, sim, unicamente da operação da graça de Deus em Cristo.

• Por outro lado, há um sentido em que a aliança é condicional.
(a) A base da aliança é claramente condicionada pelo penhor de Jesus Cristo, o Fiador. Para introduzir a aliança da graça, Cristo teve que satisfazer, e de fato satisfez, as condições originariamente estabelecidas na aliança das obras, por Sua obediência ativa e passiva.
(b) O ingresso na vida da aliança depende da fé; fé que em si mesma é dom de Deus. Nosso conhecimento experimental da vida pactual depende inteiramente do exercício da fé. As razões bíblicas para essas afirmações são:
(1) A Bíblia mostra claramente que a entrada na vida pactual é condicionada pela fé (Jo 3.16, 36; At 8.37; Rm 10.9).
(2) A Escritura ameaça os filhos da aliança que ignoram essa condição, isto é, aos que se recusam a andar no caminho da aliança;
e (3) se não houvesse nenhuma condição, só Deus estaria obrigado à aliança, e não haveria nenhuma “disciplina” ou “vinculo do concerto” para o homem (Ez 20.37); e, assim, não haveria aliança de fato, pois em todas as alianças há duas partes.

i. Há um sentido em que a aliança pode ser chamada testamento.
Somente em Hebreus 9.16,17 justifica-se a tradução da palavra diatheke por “testamento”. Ali Cristo é apresentado como o testador, pois a disposição testamentária das bênçãos da aliança entrou em vigor pela morte de Cristo. O conceito de que os crentes recebem as bênçãos espirituais da aliança de maneira testamentária está implícita em várias passagens da escritura. Deus, e não Cristo, é o testador. tanto no Velho Testamento como no Novo, mas especialmente no Novo, os crentes são descritos como filhos de Deus, legalmente por adoção e eticamente pelo novo nascimento (Jo 1.12; Rm 8.15,16; Gl 4.4-6; 1 Jo 3.1-3,9). Os conceitos de herdeiro e herança associam-se naturalmente à filiação e se encontram freqüentemente na Escritura (Rm 8.17 = Rm 4.14; Gl 3.29; 4.1, 7; Tt 3.7; Hb 6.17; 11.7; Tg 2.5). Todavia a confirmação da aliança não implica a morte do testador. Os crentes são herdeiros de Deus (que não pode morrer) e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17).
Quanto ao pecador, a aliança tem um lado testamentário e pode ser considerada como uma herança. Quanto a Cristo, uma vez que somos chamados co-herdeiros com Cristo, Ele também é um herdeiro. Lucas 22.29 afirma a sua herança como a glória de Cristo como Mediador, glória que Ele recebeu como herança do pai, e que Ele, por Seu turno, entrega como herança a todos os Seus.

Pode-se chamar a aliança também de testamento porque:
(1) é toda ela um dom de Deus;
(2) a dispensação do Novo Testamento foi introduzida pela morte de Cristo;
(3) é firme e inviolável;
e (4) nela Deus mesmo dá o que Ele exige do homem.

É evidente que existem dois lados da aliança. Deus condescende em baixar ao nível do homem e, por Sua graça, habilita-o a agir como a segunda parte da aliança, dando-lhe livremente tudo quanto Ele requer, sendo o homem realmente o único beneficiado pela aliança. É essencial, porém, que o caráter duplo da aliança seja mantido, porque o homem aparece nela realmente satisfazendo as exigências da aliança na fé e na conversão, conquanto seja assim somente quando Deus opera nele tanto o querer como o efetuar (Ef 1.6).

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Bibliografia: Louis Berkhof. Teologia Sistemática, ECC, p. 276-280. / Wayne Gruden. Teologia Siatemática.Vida Nova, p.425-432.

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