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Aula 25 = O Papel do Filho no Pacto da Redenção


Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 25 = O Papel do Filho no Pacto da Redenção (23/10/2011).
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1. A POSIÇÃO OFICIAL DE CRISTO NESTA ALIANÇA.
A posição de Cristo na aliança da redenção é dupla. Em primeiro lugar, Ele é Penhor ou Fiador (grego eggyos); a palavra grega é usada somente em Hb 7.22. Penhor ou Fiador é aquele que se faz responsável pelo cumprimento das obrigações legais de outrem. Na aliança da redenção Cristo se encarregou de expiar os pecados do Seu povo, sofrendo pessoalmente a punição necessária, e de satisfazer as exigências da lei pelo mesmo povo. E, ao tomar o lugar do homem delinqüente, Ele se fez o ‘’ultimo Adão e, como tal, é o Chefe da aliança, o Representante de todos quantos o Pai Lhe deu. Então, na aliança da redenção Cristo é o Penhor ou Fiador e o Chefe. Ele tomou sobre Si as responsabilidades do Seu povo. É também o seu Fiador na aliança da graça, que desabrocha da aliança da redenção. Tem-se levantado a questão, se o ofício de Cristo como Penhor ou Fiador no conselho de paz foi condicional ou incondicional. A jurisprudência romana reconhece dois tipos de fiador, um designado fidejussor e o outro expromissor. O primeiro é condicional; o segundo é incondicional. O primeiro é um fiador que se encarrega de pagar por outra pessoa, dado que esta não paga o que deve. O peso da culpa permanece sobre os ombros da parte culpada até a hora do pagamento. O segundo, porém, é um fiador que se encarrega incondicionalmente de pagar por outrem, livrando imediatamente a parte culpada da sua responsabilidade. Coceio e sua escola sustentavam que, no conselho de paz, Cristo se fez fidejussor e que, conseqüentemente, os crentes do tempo do Velho Testamento não gozavam pleno perdão dos pecados. Inferiam de Rm 3.25 que para aqueles santos só havia uma paresis, um passar por alto o pecado, e não a aphesis, isto é, o perdão completo, enquanto Cristo não fez realmente a expiação pelo pecado. Entretanto, os seus oponentes afirmavam que Cristo encarregou-se incondicionalmente de prestar satisfação por Seu povo e, portanto, foi um fiador no sentido especifico de expromissor. Esta é a única posição sustentável, pois: (a) Os crentes veterotestamentários receberam plena justificação ou perdão, embora o seu conhecimento disto não fosse tão completo e tão claro como é na dispensação do Novo Testamento. Não há diferença essencial entre a situação dos crentes do Velho Testamento e a dos crentes do Novo, Sl 32.2, 2, 5; 51.1-3, 9-11; 103.3, 12; Is 43.25; Rm 3.3, 6-16; Gl 3.6-9. A posição de Coceio lembra uma das posições dos católicos romanos, com o seu Limbus Patrum (“Limbo dos Patriarcas” = o lugar para onde iam os mortos não salvos pela graça, mas não classificados como pagãos ou como pecadores réprobos, é o que se chama de “seio de Abraão”. Foi desfeito com a descida de Cristo ao Hades ). (b) A teoria de Coceio faz a obra de Deus, em Sua provisão para a redenção dos pecadores, depender da incerta obediência do homem, de maneira inteiramente sem base. Não há sentido em dizer que Cristo se fez fiador condicional, como se ainda fosse possível ao pecador pagar por si mesmo. A provisão para a redenção dos pecadores é absoluta e sufuciente em Cristo. Não equivale a dizer que Ele não trata o pecador como pessoalmente culpado enquanto não for justificado pela fé, pois o que Deus faz é exatamente isso. (c) Em Rm 3.25, a passagem a que Coceio recorre, o apóstolo emprega a palavra paresis (deixar de lado ou passar por alto), não porque os crentes individuais da dispensação do Velho Testamento não receberam pleno perdão do pecado, mas porque, durante o tempo daquela dispensação, o perdão do pecado tinha a forma de uma paresis, dado que o pecado não fora adequadamente punido em Cristo e a justiça absoluta de Cristo não fora revelada na cruz.

2. O CARÁTER DESTA ALIANÇA ASSUMIDA POR CRISTO.
Conquanto seja um fato que a aliança da redenção constitui a base eterna da aliança da graça e, no que interessa aos pecadores, constitui também o seu protótipo eterno, para Cristo foi uma aliança das obras, e não da graça. Para Ele a lei da aliança original estava em vigor, a saber, que a vida eterna só poderia ser obtida pelo cumprimento das exigências da lei. Como o último Adão, Cristo obtém a vida eterna para os pecadores como recompensa por Sua fiel obediência, e de modo nenhum como uma dádiva imerecida da graça. E aquilo que Ele fez, na qualidade de Representante e Fiador de todo o Seu povo, este já não tem a obrigação de fazer. A obra está realizada, a recompensa é merecida, e os crentes são feitos participantes dos frutos da obra consumada, mediante a graça.

3. A OBRA REALIZADA POR CRISTO NA ALIANÇA, LIMITADA PELO DECRETO DA ELEIÇÃO.
Alguns identificam a aliança da redenção com a eleição, mas é evidente que é um erro. A eleição faz referência à seleção das pessoas destinadas a serem herdeiras da glória eterna em Cristo. Por outro lado, o conselho de redenção se refere ao modo e aos meios pelos quais a graça e a glória são preparadas para os pecadores. Na verdade, a eleição também faz referencia a Cristo e conta com Cristo, pois se afirma que os crentes são eleitos nele. Num sentido, Cristo mesmo é objeto da eleição, mas no conselho de redenção Ele é uma das partes contratantes. O Pai trata o filho como Fiador do Seu povo. Logicamente, a eleição precede ao conselho de redenção, porquanto a obra realizada por Cristo na qualidade de Fiador, como a Sua obra expiatória, é particular. Se não houvesse uma eleição prévia, ela seria necessariamente universal. Além disso, inverter os termos seria equivalente a fazer da fiança de Cristo a base da eleição, mas a Escritura baseia a eleição inteiramente no beneplácito de Deus.

4. RELAÇÃO DOS SACRAMENTOS USADOS POR CRISTO COM A ALIANÇA.
Cristo fez uso dos sacramentos do Velho Testamento. É evidente, contudo, que eles não podiam significar para Ele o que de fato significam para os crentes. No caso dele, não podiam ser nem símbolos nem selos da graça salvadora; tampouco podiam servir de instrumentos para fortalecimento da fé salvadora. Se distinguirmos, como estamos fazendo, entre a aliança da redenção e a aliança da graça, será fácil ver que, para Cristo, os sacramentos, com toda a probabilidade, tinham que ver com aquela, e não com esta. Na aliança da redenção, Cristo se incumbiu de satisfazer as exigências da lei. Estas assumiram forma definida quando Cristo esteve na terra, e também incluíam regulamentos religiosos positivos. Os sacramentos faziam parte desta lei e, portanto, Cristo teve que sujeitar-se a eles, Mt 3.15. Ao mesmo tempo, eles puderam servir de selos das promessas que o Pai fizera ao filho. Pode-se levantar contra esta explicação a objeção de que, na verdade, os sacramentos são símbolos e selos próprios para remover o pecado e para nutrir a vida espiritual, mas, pela natureza do caso, não podiam ter este significado para Cristo, que não tinha pecado e não precisava de nutrição espiritual. Responde-se que embora não tenha nenhum pecado pessoal, e, portanto, nenhum sacramento pudesse simbolizar e selar, em favor dele, a remoção do pecado, não obstante, Ele foi feito pecado por Seu povo, 2 Co 5.21, levando sobre Si o peso da sua culpa; e, conseqüentemente, os sacramentos podiam simbolizar a remoção deste peso, de acordo com a promessa do Pai, depois que Ele completasse a Sua obra expiatória. Ainda, conquanto não possamos falar de Cristo como exercendo a fé salvadora, no sentido em que isto se requer de nós, todavia, como Mediador Ele teve que exercer a fé num sentido mais amplo, aceitando com fé as promessas do Pai, e confiando no Pai quanto ao seu suprimento. E os sacramentos podiam servir de sinais e selos para fortalecer esta fé, naquilo que era concernente à Sua natureza humana.

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Bibliografia: Louis Berkhof. Teologia Sistemática. ECC, p. 265-267. Éverton Jobim; “O Limbo dos Patriarcas”. http://www.doutrinacatolica.com/modules/news/article.php?storyid=151. Acesso em 03/10/2009.

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