Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Na Dinâmica do Espírito
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A Personalidade do Espírito / O Espírito e Cristo 13/06/2010.
Na Dinâmica do Espírito. J. I. Packer; Vida Nova, p. 59-63.
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Introdução:
I. A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO.
a) O Espírito Como Parácleto.
O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade, sendo da mesma essência divina do Pai e do Filho e ao mesmo tempo distinto deles. Ele é o “outro consolador”, o outro “parácleto” (Jo 14.16,25; 15.26; 16.7). Essa palavra pode ser traduzida em português por consolador (fortalecedor), conselheiro, auxiliador, sustentador, advogado, aliado, amigo mais velho. Ele é chamado de “o outro parácleto’ em relação a Jesus Cristo. Jesus sempre se refere ao Espírito usando um pronome masculino (ekeinos = aquele, ele) e não o neutro (ekeino = ele, aquele; no sentido de objeto. A mesma função do “it” no inglês). O objetivo de João é deixar muito claro que o Espírito é uma pessoa (um ser pessoal) e não uma coisa, objeto ou uma força espiritual, ainda que poderosa. Esse uso do pronome masculino é deliberado porque João havia usado o pronome neutro em sua primeira menção ao Espírito em João 14.17, onde ele tinha usado gramaticalmente o pronome na forma neutra. Mas em 14.26; 15.26; 16.8,13,14, usa o masculino.
O Espírito Santo ouve, fala, testifica, convence, glorifica a Cristo, guia, dirige, ensina, ordena, proíbe, deseja, capacita outros para falar, ajuda e intercede pelos cristãos (Jo 14.26; 15.26; 16.7-15; At 2.4; 8.29; 13.2; 16.6,7; Rm 8.14,16,26,27; Gl 4.6; 5.17,18). É possível mentir para ele, ofendê-lo, entristecê-lo e enciumá-lo (At 5.3,4; Ef 4.30; Tg 4.5). Só a respeito de uma pessoa que essas coisas podem ser feitas.
b) O Espírito Como Divindade.
O Espírito é mais que simplesmente um ser pessoal, ele é Deus. A expressão “santo” anexa ao seu nome já sugere sua divindade. O Novo Testamento é particularmente explícito nessa questão. O nome de Deus (não nomes de Deus) em que os cristãos convertidos devem ser batizados é o “nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). A expressão sete Espíritos de Apocalipse (1.4,5; 3.1; 4.5; 5.6) é uma referência ao Espírito Santo na plenitude de seu poder e sua obra. As chamadas passagens trinitarianas do Novo Testamento são um testemunho inequívoco dessa divindade (I Co 12.4-6; II Co 13.14; Ef 1.3-13; 2.18; 3.14-19; 4.4-6; II Ts 2.13,14; I Pe 1.2). Concluindo: O Espírito não é mera criatura ou anjo poderoso. Ele é, juntamente com o Pai e o Filho, o Deus todo-poderoso. Não podemos nunca referirmo-nos ao Espírito como não sendo um ser divino pessoal.
II. O ESPÍRITO SANTO E CRISTO.
O Evangelho de João é fundamental na nossa compreensão inicial do ministério pactual do Espírito. Esse ministério é apresentado pelo próprio Cristo na noite de sua traição no desenrolar dos acontecimentos da instituição da Santa Ceia nos capítulos 13 a 16 desse evangelho.
a) A Promessa do Espírito.
Cristo se referiu ao Espírito Santo várias vezes chamando-o de Consolador (paracleto), Espírito da verdade (14.17; 15.26; 16.13) e Espírito Santo (14.26). O Espírito seria enviado pelo Pai a pedido do Filho (14.16,26) para agir no nome de ambos (15.26; 16.7) com a finalidade de estar com os discípulos para sempre (14.16). A sua vinda objetivava glorificar o nome de Cristo e do Pai (14.18-23). O espírito não viria para receber toda a atenção, mas para dirigi-la a Cristo glorificado; atraindo as pessoas a Cristo e não para si mesmo.
É por esse critério que se deve medir qualquer movimento “espiritual” moderno. Se coloca em evidência ou não esse papel do ministério do Espírito de exaltar a Cristo e não a si mesmo.
b) O Espírito e a Presença de Cristo.
Logo, o papel principal da ação do Espírito entre nós é o “de fazer da presença de Cristo e da comunhão com ele e seu Pai a realidade da experiência para aqueles que, obedecendo às suas palavras, mostrassem que o amavam” (14.21-23; I Jo 1.3) [p.61]. Ele é o mediador da presença de Cristo entre nós e em nós. Essa comunhão com Cristo é EXPERIMENTAL, e nunca apenas um dogma para se crer!
c) O Ensino do Espírito de Deus.
O Espírito veio para ensinar os discípulos. Primeiro fazendo-os lembrar de tudo o que Cristo os havia ensinado. Segundo, dando-lhes uma compreensão correta a respeito da pessoa e ministério de Cristo na terra (14.26; 16.13. Toda a verdade é a verdade sobre Cristo e não sobre todas as coisas de um modo geral).
d) O Testemunho do Espírito.
O testemunho do espírito é a comprovação dada por ele ao/no crente de que Cristo é realmente quem disse ser; e que embora tenha sido crucificado como um criminoso, ele não era um pecador e o que ele realizou na cruz foi a propiciação de nossos pecados diante de Deus. Na cruz ele destronou o diabo deste mundo e iniciou seu julgamento sobre o mundo (Jo 12.31). Não reconhecer a Cristo dessa forma é o cerne do pecado da incredulidade (Jo 15.27; 16.8-11).
Visto assim o Espírito é um promotor público da humanidade, imprimindo em coração após coração o veredicto: “Errei, sou culpado, preciso de perdão”. Ele nos leva a entender a enormidade da rejeição a Cristo e nos convence desse pecado (16.8). É assim que ele nos leva à conversão e é este decisivamente o seu papel na evangelização. É por isso que o ministério proclamador da igreja é de persuasão e não de guerra religiosa ou guerra santa. O Espírito é quem abre os ouvidos internos das pessoas e aplica-lhes à consciência individual as verdades que os cristãos testificam na pregação do Evangelho (Jo 15.27; 17.20).
O Espírito é tanto o nosso intérprete quanto o iluminador da obra de Cristo. Do princípio ao fim Cristo é o centro do ministério do Espírito Santo na terra.
e) O Ministério de Holofote.
O ministério contemporâneo do Espírito é ser um poderoso holofote posicionado em direção a Cristo. Só quando o Pai glorificou o Filho na cruz e na recepção dele na glória é que o Espírito pôde vir e realizar esse ministério seu característico. Seu papel é nos conscientizar da obra e glória de Cristo. “O Espírito é o holofote oculto que focaliza a sua luz no Salvador, fazendo-o resplandecer” (p.63). Ele está sempre dizendo atrás de nós: “Olhe para Cristo e veja a sua glória; vá até ele e receba a salvação!” Seu desejo é unir-nos a Cristo e não a si mesmo como se ele fosse o mais importante. Como o segundo parácleto, ele sempre nos leva ao primeiro parácleto (Jo 14.12). O Espírito glorifica a Cristo!