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O Catecismo de Heidelberg - 1563.


O Catecismo de Heidelberg

O Catecismo de Heidelberg foi publicado em 19 de Janeiro de 1563 a pedido de Frederico III, eleitor da província alemã do Palatinado. Um eleitor era um dos sete príncipes que detinham o direito de voto para escolher o rei do Sacro Império Romano Germânico, nesse tempo Fernando I, irmão de Carlos V, que abdicara em 1558. Frederico III governou o Palatinado de 1559 a 1576.

Visando implementar sua reforma calvinista iniciada em 1560, Frederico III convocou a liderança reformada do Collegium Sapientiae (Colégio da Sabedoria), em Heidelberg, capital do Palatinado, para elaborarem um novo catecismo que substituísse o catecismo luterano, harmonizasse os partidos teológicos luterano e calvinista e pudesse ser usado nas escolas como manual de instrução, orientação para a pregação e confissão de fé. Essa equipe de teólogos foi conduzida pela dupla Zacarias Ursino (1534-1583) e Gaspar Oleviano (1536-1587), talentosos teólogos de orientação suíça, ambos com menos de 30 anos na época. Ursino havia estudado com Melanchton, sucessor de Lutero na reforma luterana, e depois com Calvino. Oleviano era um reformador francês que havia estudado com Calvino e apreciava os escritos de Melanchton e se tornara o pastor da principal igreja de Heidelberg.

Esse catecismo é importante por pelo menos quatro razões: (1) Foi traduzido para muitos idiomas sendo adotado por inúmeros grupos protestantes tornando-se a mais popular declaração de fé reformada. (2) Como o seu objetivo era pacificar uma controvérsia, sua linguagem é pacífica no seu espírito, de tom moderado, devocional e prático na sua atitude; sua linguagem é clara e fervorosa. Esposa uma teologia calvinista não ofensiva ao luteranismo majoritário na Alemanha pós-Lutero conciliando o melhor dessas duas tradições eclesiásticas. (3) É um manual prático da vida cristã, tanto para crianças como para jovens e adultos. (4) Sua organização diferenciada o torna agradável na leitura, pois visa demonstrar simplicidade bíblica, moderação e paz, fugindo das sutilezas do escolasticismo (escola filosófica que procurava conciliar a teologia cristã com a filosofia grega de Aristóteles, marcada por um academismo rigoroso).

Suas 129 perguntas e respostas são dispostas em três partes seguindo o padrão do livro de Romanos. As perguntas de 1-11 tratam do pecado e da miséria da humanidade vivendo nele. As perguntas 12-85 tratam da redenção em Cristo e a fé. As perguntas finais (86-129) da gratidão do homem expressas numa vida de obediência em amor ao Deus gracioso salvador.

As perguntas estão organizadas de modo a que o Catecismo todo possa ser estudado em 52 domingos (o número de domingos que tem em um ano). Outras características agradáveis do Catecismo de Heidelberg são uma exposição do Credo Apostólico e dos Dez Mandamentos, além do fato de ser todo redigido na primeira pessoa do singular tornando-o íntimo e como uma declaração de fé pessoal do cristão que dele fizer uso devocional.

Suas ênfases reformadas podem ser vistas claramente (1) na doutrina dos sacramentos, apontando para uma presença real de Cristo na celebração da ceia, onde os crentes participam verdadeiramente do corpo e do sangue de Cristo mediante a operação do Espírito Santo; (2) na centralidade das Escrituras como autoridade prática na vida de cada cristão; (3) na consagração a Deus mediante a prática de boas obras como resposta à sua graça recebida em Cristo (Ef 2.8-10); (4) Na igreja como fonte de verdadeira disciplina cristã.

Essas são algumas das razões porque desde o domingo 27 de Março próximo passado temos publicado o Catecismo de Heidelberg na página central de nosso boletim dominical. Esperamos que o espírito piedoso e ao mesmo tempo profundamente bíblico desse catecismo possa ser-lhe útil no seu crescimento espiritual e de toda a sua família.
Com amor, Pr. Hélio
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Boletim da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO, ano XXII, nº 17, de 24/04/2011.

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