Introdução:
O que é fascinação? É como se alguém jogasse um feitiço ou um encantamento mágico em você, e você ficasse tão encantado que não conseguiria nem pensar e nem agir corretamente, mas apenas motivado pelo tema do feitiço.
O falso esse tem esse poder, o poder de nos enfeitiçar, encantar de tal modo que não vemos o que precisa ser visto e vemos o que não está ali, bem diante dos olhos!.
Contexto:
Nos capítulos 1 e 2 Paulo apresentou uma defesa vigorosa da origem divina de sua missão e mensagem apostólica. Ela não veio de homens e não foi dada por intermédio de homens. Também não é diferente e nem inferior ao evangelho pregado pelos demais apóstolos, mas era o mesmo evangelho apostólico de Pedro, João, Tiago e os demais que tinham estado com Cristo pessoalmente.
Agora, capítulos 3 e 4 Paulo passa a defender o próprio evangelho de Cristo. Ele mesclará argumentos teológicos e históricos nesse propósito
Proposição:
Abandonar o evangelho de Cristo não é apenas uma traição espiritual, mas é também uma grande insensatez, uma grande loucura. Paulo nos mostra isso de duas formas:
I. A PRÓPRIA EXPERIÊNCIA DOS GÁLATAS: É LOUCURA COMEÇAR NO EVANGELHO E APERFEIÇOAR-SE NA CARNE - V.1-5.
a) A fascinação dos judaizantes X a verdade da cruz (v.1).
Como foi dito, fascinar é enfeitiçar, jogar um “mal olhado”! Os gálatas, após terem aceito o evangelho da graça e terem caminhado um tempo nele, deram ouvidos à doutrina judaizante da salvação pelas obras da lei.
Cristo fora exposto publicamente aos gálatas como crucificado; tendo oferecido um sacrifício perfeito e definitivo por seus pecados e agora eles retrocedem para a escravidão das obrigações da lei! É por isso que Paulo fica perplexo! “Quanto mais Cristo era conhecido, mais grave era o crime de esquecê-lo” (Gálatas, Calvino, p.81).
Aqui nós temos a definição Paulina de evangelho: O Cristo crucificado proclamado às pessoas para que creiam nele, e não uma apresentação meramente intelectual de uma mensagem (I Co 2.2; 11.23). A expressão “crucificado” é um particípio perfeito (staurõmenos) significando “que a obra de Cristo foi completada na cruz, e que os benefícios de sua crucificação serão sempre atuais, válidos e disponíveis” (Stott, p. 66) aos pecadores por ela alcançados. A justificação dos pecados não é pelo que nós fazemos, mas pelo que Cristo fez. A cruz é central da teologia da justificação de Paulo. (Guthrie, Gálatas, Vida Nova, p.114).
Ela é um sacrifício expiatório e não uma obediência meritória!
É a boa nova a respeito de Cristo e não uma enciclopédia de bons conselhos!
É a declaração judicial do que Deus já fez a nosso favor e não um convite par se fazer algo novo!
É uma oferta graciosa da parte de Deus e não uma exigência!
b) A recepção do Espírito é uma dádiva graciosa e não uma conquista meritória (v. 2-4).
Note que Paulo não pergunta se receberam o Espírito, mas como ele foi recebido? Paulo faz aqui um contraste entre Lei e Evangelho. A lei diz: “Faça isso”. O Evangelho diz: “Cristo fez tudo”. A lei exige obras humanas, o evangelho a fé na obra de Cristo. A lei faz exigências e cobra obediência; o evangelho faz promessas e nos incita a crer! (Stott, p.67).
c) A pregação da fé implicou na recepção do Espírito e na operação de milagres entre os salvos (V.5).
Paulo muda a perspectiva da doação do Espírito, para o doador do Espírito. Ele os faz recordar de sua conversão e questiona-os sobre a sua própria experiência. Como Deus operou milagres entre eles? Pela operação da graça e não pela imposição da lei. Eles receberam o Espírito por terem crido no evangelho da graça e não por terem obedecido alguma exigência da lei!
Por isso, além de loucura, era ridículo que tinham começado no Espírito e agora esperassem, ou desejassem completar a obra de Deus pelas “obras da carne”. Fazer isso não melhorava a sua fé como prometiam os judaizantes, mas a degradava.
II. A HISTÓRIA DE ABRAÃO NO ANTIGO TESTAMENTO: ELE FOI JUSTIFICADO PELA FÉ E NÃO POR OBRAS -V.6-9.
a) Abraão creu e isso lhe foi imputado para justiça = Citação de Gênesis 15.6.
Paulo dá um golpe de mestre e retira da discussão da lei de Moisés e a leva para a experiência do próprio Abraão. Citando Gn 15.6 relembra que que a justificação de Abraão, que viveu antes do período da Lei, foi justificado pela fé e não por obras de obediência à Lei, que sequer existia ainda!
Deus fez uma promessa a Abrão; ele creu na promessa e partiu em obediência a ela; a sua fé foi reconhecida como justiça diante de Deus. A circuncisão e a Lei só viriam depois. Ele justificado pela fé e não por obras.
b) Os filhos da promessa são os que creram à semelhança de Abraão = Citação de Gênesis 12.3.
Paulo reverte a o argumento a favor do evangelho da graça a firmando categoricamente que os filhos de Abraão são os que crêem à semelhança de sua fé e não de sua circuncisão que veio a ser praticada anos depois de ter crido na promessa.
A benção que herdariam os descendentes de Abraão era a benção da justificação pela fé. Esses descendentes são os descendentes espirituais e não os descendentes físicos.
c) A benção de Abraão é a benção da fé e não das obras. (v.9).
Os gálatas já deveriam saber disso e dessa forma jamais poderiam dar ouvidos à dissimulação judaizante, assim como não podemos dar ouvidos à dissimulação neo-apostólica: Um evangelho totalmente baseado em obras e conquistas meritórias.
Conclusão:
1. O que o Evangelho é?
Ele é a pregação de Cristo e sua cruz. Veja I Coríntios 2.1-5. O verdadeiro evangelho só é pregado quando Cristo é “publicamente exposto na sua cruz”! O evangelho trata de um evento histórico público e de uma resposta histórica pública de nossa parte.
2. O que o Evangelho oferece?
O evangelho oferece uma benção dupla: A justificação pela fé somente e a recepção do Espírito Santo pelo crente. O perdão legal e a união vital. Cristo vive em nós por meio do Espírito que nos concedeu na pregação do evangelho. Observe que a justificação e habitação do Espírito são integradas. Quem crê recebe o Espírito e quem recebe o Espírito é porque creu. Não são duas bençãos separadas e conseguintes; mas são duas bênçãos integradas simultaneamente!
3. O que o evangelho exige para a nossa salvação?
Crer em Cristo somente e nada mais! Não tem nem méritos e nem obras, apenas a graça abundante de Cristo sendo derramada sobre nós! (Ef 1.7).