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Oh Se Houvesse Mais Cinquenta Ministros!


Oh, Se Houvesse Mais Cinquenta Ministros!

Em seu livro Igreja Presbiteriana no Brasil - da Autonomia ao Cisma, o Rev. Boanerges Ribeiro (p. 74-94) faz um resumo de uma longa viagem do Rev. John Boyle por Goiás, entre 02/05 a 02/08/1888. Essa viagem de Boyle foi registrada no periódico The Missionary, janeiro/1889, único exemplar faltante na coleção do Arquivo Histórico da IPB, em São Paulo!
Segundo os historiadores da IPB, o Rev. Boyle fez três viagens evangelísticas por Goiás. A primeira foi em 1884, quando veio à procura de uma família que havia sido convertida pela leitura das Escrituras e já fazia quatorze anos que não frequentava às missas católicas. Boyle a encontrou em Santa Luzia; onde pregou, batizou e fundou a primeira Igreja Presbiteriana em Goiás. A segunda foi em 1886, para visitar a igreja de Santa luzia e sua congregação nos arredores de Formosa. A terceira é essa maior de 1888, passando por, Catalão, Entre Rios, Caldas Novas, Morrinhos, Alemão, Goiás, a capital da província; Jaraguá, Meia Ponte, Corumbazinho, Santa Luzia e Formosa.
Entretanto, nas minhas pesquisas no Arquivo Histórico da IPB em São Paulo, encontrei o relato de uma quarta viagem de Boyle a Goiás, não registrada nos livros da História da IPB, ocorrida entre 19/06 a 09/1889, publicada no mesmo periódico, The Missionary, em duas partes: fevereiro/1890 (p. 74-78) e março/1890 (p. 110-113).
Seu itinerário nessa viagem de três meses foi: Bagagem-MG-Três Ranchos-GO, Catalão, Santa Luzia, Bonfim, Pouso Alto, Brejo Alegre-MG e Bagagem. Boyle pregou tanto nas vilas quanto em várias fazendas, sempre para bom público, realizando batismos, profissões de fé, celebração da ceia e até casamentos.
Transcrevo abaixo um pequeno trecho do relato de sua primeira visita a Pouso Alto (Piracanjuba), retirado da página 111 do The Missionary, março/1890:
Em Pouso Alto fomos recebidos com entusiasmo, As pessoas nunca tinham visto protestantes, mas não poderíamos ter sido mais calorosamente recebidos por amigos muito queridos. O tribunal foi posto ao serviço do Sr. Boyle, e quando a noite chegou, cerca de trinta dos principais homens do lugar veio até a nossa porta para acompanhá-lo até o local. A sala do tribunal estava repleta de mulheres e crianças, enquanto os homens enchiam a rua do lado de fora. Sr. Boyle pregou na porta para que todos dentro e fora pudessem ver e ouvir, e todos escutaram com a maior atenção. Sr. Lourenço vendeu bem (Bíblias) aqui. As senhoras das melhores famílias vieram me visitar e foram muito gentis e boas. Todas as pessoas imploraram ao Sr. Boyle para ficar mais tempo, e foram muito sinceras em querer que nos mudássemos para lá para viver (ali). Oh, se houvesse cinquenta ministros nesta parte interior do país para dar progresso a estas oportunidades de ouro.
       Esse relato de Boyle deixa transparecer, além da boa receptividade das pessoas à pregação protestante, um forte senso de urgência devido a carência de obreiros para o trabalho de evangelização e plantação de Igrejas em nosso Estado, que explode na expressão: “Oh, se houvesse cinquenta ministros...”. Lennington havia implorado por apenas mais seis obreiros quando percebeu a força da penetração do presbiterianismo em Brotas-SP, vinte anos antes de Boyle vir a Goiás!
Depois dessa viagem, Boyle não voltaria novamente a Goiás, pois veio a falecer em outubro de 1892, pouco mais de dois anos após essa viagem tão frutífera. Deus nos dá oportunidades de ouro, e nem sempre estamos prontos para investir e avançar. A palavra que traduzi por “progresso” na citação acima é “improve”, que significa basicamente “melhorar”, “fazer melhorias”. Quem vem depois pode fazer progredir, pode fazer melhorar o trabalho, pois edificará sobre o fundamento já lançado pelos pioneiros. É hora de avançar! É tempo de fazer melhor!
Com amor, Pr. Helio.

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