Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
09 = 2 Pedro 1.19-21 – A Autoridade das Escrituras. (03/10/2012)
Grupo de Estudo do Centro – Fortalecendo
a Fé dos Cristãos
Liderança:
Pr. Hélio O. Silva e Sem. Rogério Bernardes.
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2 Pedro – Sermões Expositivos – D. Martin
Lloyd-Jones,PES, p. 122-133.
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Introdução:
Pedro argumenta que a base da
autoridade do testemunho cristão é dupla: O testemunho apostólico histórico e
as Escrituras Sagradas. O primeiro argumento foi apresentado nos versos 16 a
20. O segundo argumento também é duplo: Os acontecimentos que cumpriram as
escrituras (v.19) e a natureza das próprias escrituras sagradas (v.20,21).
Lloyd-Jones se concentra no segundo aspecto nesse estudo:
I.
as propostas de interpretação
do que seja a profecia.
Uma rápida olhada na história da interpretação é útil
aqui:
1) Só a igreja
(católica) pode interpretar as escrituras.
Nesse verso se baseia, em parte, a divisão entre
católicos e protestantes. Visto que para o catolicismo o que Pedro está
afirmando é que juízo particular a respeito das escrituras é algo a ser
excluído rigidamente. Ninguém pode interpretar as escrituras de forma
particular, pois nada é mais perigoso do que indivíduos fazer frente à Palavra
e tentarem interpretá-la pessoalmente. A interpretação bíblica só pode se dar
por meio de concílios, dos cardeais e do Papa. Dessa forma, a igreja tem
proeminência sobre a Palavra.
2) A
interpretação de qualquer profecia particular não pode ser baseada nela mesma.
As profecias particulares devem ser interpretadas á luz
de todo o corpo profético bíblico, mas nunca isoladamente. Nenhuma profecia
sozinha pode ser tomada como base para qualquer doutrina ou corpo de doutrinas.
3) Os profetas
eram incapazes de entender tudo o que profetizavam.
Citam a 1 Pedro 1.10,11 para apoiar essa afirmação
entendendo que “particular elucidação” significa não ter entendimento completo
do que se diz numa declaração profética.
4) A profecia
nunca é a sua própria interpretação.
Ou seja, ela só pode ser entedida corretamente quando
os eventos profetizados acontecerem, antes não.
5) Ninguém que
lê ou o próprio profeta consegue interpretr a profecia.
A interpretação só possível por meio de uma ação
sobrenatural do Espírito Santo na mente do intérprete.
Todas essas considerações erram em tomar o verso fora
de seu contexto imediato.
II. o sentido
biblico da inspiração das escrituras.
1) Os versos 20
e 21 devem ser interpretados juntos, como um todo.
O “portanto” (ARA) ou o “porque” (ARC) no início do
verso 21 deve ser considerado na interpretação da afirmação de Pedro no verso
20, uma vez que explicam a afirmação feita.
2) A Escritura
tem sua origem em Deus.
A palavra “é” deve ser traduzida por “origina” ou
“surge”. O conceito intencionado por Pedro é que a palavra veio à existência
pelo expediente proposto por Deus e não pelo raciocínio humano. A origem da
escritura não é um raciocínio particular, mas a determinação de Deus em
comunicar-se com o homem.
Por que devemos confiar na profecia bíblica e nela
basear a minha vida? Esta profecia foi cumprida na encarnação sendo mais que o
registro da meditação, cogitação, do pensamento, do entendimento e do
discernimento do homem; não se originou em nenhuma determinação vinda do
coração ou da mente do homem. Ela não é a exposição de idéias humanas, mas a
revelação da vontade de Deus.
3) Os autores
bíblicos foram “movidos pelo Espírito Santo”.
A palavra tem o sentido de alguém que é levado,
conduzido, dirigido por outro. A mesma palavra é usada por Lucas em Atos 27.15
referindo-se ao navio ser arrastado pelo vento Euroaquilão. Lucas descreve que
depois de tudo os que fizeram para manter o controle do barco, sendo
arrastados, deixaram-se levar pelo vento. “Homes santos falaram da parte de
Deus arrastados pelo Espírito Santo”.
Isso quer dizer que as profecias bíblicas jamais poderão
ser consideradas como uma coleção de pensamentos e idéias de homens, pois não
são fruto do entendimento ou discernimento humanos. Sua origem real é a mente
de Deus. A Alta Crítica Bíblica tentou redefinir Profecia como discernimento e
percepção, negando o aspecto sobrenatural da predição e previsão de futuro.
Para os seus proponentes a profecia era a declaração intencional do
discernimento dos próprios profetas diante dos fatos da vida. Todavia, a
profecia bíblica não é o homem decidindo escrever o que pensa sobre isso ou
aquilo, é mais que isso!
A grande afirmação de Pedro é que homens foram tomados
por Deus em suas mãos e os conduziu no processo todo da inspiração e registro
das escrituras. Os profetas bíblicos não dizem: “Foi isso que eu pensei”, mas dizem:
“Assim diz o Senhor”.
4) Em alguns
casos eles foram movidos por Deus mesmo contra a própria vontade.
Uma
outra frase usada pelos profetas é que “o peso do Senhor” estava sobre eles,
referindo-se à mensagem colocada por Deus sobre eles, constrangendo-os,
obrigando-os a dizer e a escrever o que Deus mandou (1 Pedro 1.10). Um exemplo
é Jeremias, que manifestou a Deus sua recusa em profetizar o que lhe ordenara
(Jr 15 e 20). Moisés, Jeremias e Jonas disseram abertamente que não queriam ser
enviados com o recado de Deus, mas eles foram e disseram tudo que Deus havia
mandado que fizessem e dissessem.
Portanto, o que Pedro faz aqui é nos
iniciar na grande doutrina da inspiração da revelação afirmando que aprouve a
Deus em sua infinita compaixão e condescendência falar aos homens. Pedro afirma
de forma clara e inequívoca que todos os outros livros religiosos são produção
humana, mas há um livro que não: A Bíblia. Nela se registra a inspiração
divina.
A revelação é bastante minuciosa ao
afirmar que o homem jamais chegará ao conhecimento de Deus sozinho por causa do
estado de pecado no qual caiu, entretanto, foi do agrado de Deus conceder-lhe
esse conhecimento por meio da revelação em Cristo e nas escrituras.
Essa revelação tem dois aspectos importantes: Ela
acontece de forma geral na criação e no processo da história, mas em acréscimo
a isso, se dá de formas especiais (1) nas teofanias que são aparecimentos de
Deus e não encarnações de Deus. (2) Com palavras e atos e (3) com milagres. Nas
escrituras Deus falou por meio de servos habilitando-os a registrar sua
palavra. Na revelação bíblica temos a cosmovisão divina da vida e da
existência.
O fato é que a verdade foi inspirada e o seu ato de
registrá-la também o foi. O homem foi tomado e conduzido na certeira direção do
registro fiel da revelação divina. Por isso nós cremos que as palavras
registradas nas escrituras foram inspiradas pelo Espírito Santo. Os escritos
não foram meros amanuenses que repetiam ditados, como se a inspiração se desse
por um ditado mecânico; não eles foram tomados por inteiro em sua personalidade
fazendo uso dela por meio de estilos diferentes e próprios entre um e outro
escritor. Eles foram controlados de tal maneira que foram salvaguardados do
erro. Dessa forma, tanto a verdade como forma como a expressaram fazem parte da
inspiração das escrituras. O espírito Santo deu livre curso à sua
personalidade, mas sempre debaixo de seu controle que os movia. A mente humana
pode chegar por meio de seu raciocínio à crença na existência de um Deus, mas não
poderia compreender que esse Deus é triúno e que Deus é o Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo a não ser por essa doutrina.
Nas escrituras Deus revela seu pensamento concernente
ao homem, à vida e ao mundo; explica como o homem veio à existência e que todos
os seus problemas são conseqüência da entrada do pecado no mundo e em sua
experiência. Nela Deus afirma o que fez e o que fará com o pecado dando-nos uma
explícita filosofia dos séculos e um mapa da história. Ela nos mostra o que
houve e porque e o que vai acontecer nos dias futuros. A Segunda Vinda de
Cristo é exatamente o tema que levou Pedro à doutrina da inspiração e
autoridade das escrituras.
Conclusão:
Nossa resposta final é a seguinte:
(1) Este livro não é imaginação de homem algum, mas é
Deus Espírito Santo falando ao homem por
meio de homens.
(2) Somos confrontados pelas escrituras a crer em
Cristo e nas promessas de sua Segunda Vinda, pois ele voltará!
(3) Por causa disso, devemos basear nossa vida e nossa
visão do futuro e nossas idéias no que está escrito nela e não em pensamentos e
propostas seculares.
(4) Deus fala a verdade nas escrituras, logo, é sábio
ouvir a Palavra de Deus (Ap 1.3, Js 1.8).