Texto: Isaías 7.1-16
Tema: Deus Conosco
Tema: Deus Conosco
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Introdução:
O Natal está chegando! Sabemos que o
ensino bíblico tem foco diferente do foco do nosso tempo. Por isso preparamos
uma série expositiva sobre os textos proféticos do Antigo Testamento sobre a
vinda do Messias com a finalidade de ajustar o foco das nossas comemorações
natalinas às promessas e fatos da Escritura.
Contexto:
A primeira seção de Isaías abarca os capítulos 1 a 12.
Trata dos pecados e do castigo de Judá como nação, incluindo promessas de
redenção (duas profecias messiânicas – 7.10-16 e 9.1-7) concluindo com o
belíssimo cantico de louvor e gratidão no capítulo 12.[1]
Os capítulos 1 a 27 de Isaías fazem parte do período
final das guerras sírio-efraimitas quando tanto Israel quanto Judá viviam
debaixo do perigo frente ao crescimento do poderio político-militar da Assíria
sobre a região em detrimento da decadência da Síria após os reinados de Hazael
e seus filhos.
Isaías era filho de Amoz (1.1). Uma tradição diz que
Amoz era irmão do Rei Amazias (2 Rs 14.1,2), Portanto, era tio de Jotão e
tio-avô do Rei Acaz. Essa é a razão porque Isaías tinha livre trânsito no
palácio em Jerusalém (Is 7.3; 37.21 e 39.3); bem como a razão de seu martírio
com requintes de crueldade pelas mãos de Manassés.
Isaías era casado e sua esposa era uma profetisa (8.1)
com a qual teve dois filhos (7.3 e 8.3). Segundo Gerard Van Gronningen, “não há
nenhuma evidência bíblica de que a primeira esposa de Isaías morreu, de que ele
tornou a casar e de que seus dois filhos tinham por isso mães diferentes”.[2]
Essa interpretação foi uma pressuposição para dar sustentação ao fato de que
8.3 seria um cumprimento literal de 7.13 quanto ao nascimento do Emanuel de uma
virgem. Quem propôs essa interpretação foi Herbert M. Wolf em um artigo
intitulado “Uma Solução para a Profecia do Emanuel em Isaías 7.14-8.22”.
A mensagem de Isaías era muito clara e única: “Yahweh
é a salvação”, que é também o significado do nome de Isaías.
Os profetas eram mensageiros de Deus ao povo que
proclamavam a fidelidade de Deus à aliança que havia feito com Israel desde os
tempos de Abraão e que o povo havia quebrado e abandonado depois de ter-se
estabelecido na terra de Canaã. Eles proclamavam que se houvesse arrependimento
e volta para o Deus da aliança, deus não cumpriria as maldições da aliança (Lv
26.14-45; Dt 29.19-29), mas restauraria o seu povo.
Sem arrependimento e volta, Deus enviaria as nações do
norte para serem seus instrumentos de castigo.
Todavia, haveria esperança para os que se
arrependessem. O julgamento sobre os pecados cometidos não seriam suspensos,
mas Deus prometia a vinda de um agente messiânico que seria o mediador da
aliança e que traria todas as nações sob o governo divino.
Para o Novo Testamento, esse agente messiânico é Jesus
Cristo, o Filho de Deus.
Proposição:
O texto que lemos, é a primeira menção a esse Messias
no livro de Isaías. Sua vinda é para mostrar que Deus está conosco, cuidando e
julgando o seu povo, mas principalmente, salvando o seu povo de seus próprios
pecados. Vejamos isso em
I. Uma profecia que consola os
corações amedrontados.
a) A
profecia é dirigida à casa de Davi – o rei Acaz..
A família de Davi e mencionada três vezes no capítulo
7: v. 2, 13 e 17.
b) Deus não
esqueceu as promessas feitas a Davi em 2 Samuel 7.
Ele prometeu cuidar da casa de Davi da qual Acaz e o reino de Judá fazem parte.
c) Deus
garante a continuidade do pacto.
Deus havia mandado Isaías levar seu filho mais velho
ao encontro de Acaz. O propósito era mostrar confiança quanto ao futuro (um
filho fala da geração que segue depois de nós), mas também apontar para o
remanescente, pois o nome do primogênito de Isaías era: “Um Resto Volverá”, ou
melhor, “Um Remanescente Voltará”. O remanescente é composto dos seguidores
fiéis a Deus, Deus os protegerá. Mas retornar de que?
1º) Da catástrofe política que está se desenhando em
Judá e que já se configurou em Israel.
2º) Do exílio que se desenha no horizonte e que se
cumprirá com o levantamento da Babilônia (que Ezequias inadvertidamente atrairá
seus olhos para o sul).
3º) Do coração do povo para Deus, com um coração
amoroso e sincero.
A presença de “Shear-Jashub” era uma mensagem vívida
de que diante de toda e qualquer crise, o rei Acaz, e nós também, deveríamos
ouvir, crer e receber confiança das promessas de Deus.
d) Acaz é
admoestado a agir de acordo com a aliança (pois ele é o representante
pactual da família de Davi naquele momento), portanto ele deveria vigiar a si
mesmo e não se deixar levar pelo terror que a situação política ao seu redor
estava desenhando (7.4 = acautela-te, aquieta-te).
Ele deveria crer e permanecer firme! (7.9): Uma
tradução literal seria: “Se não estiveres firme, não ficarás firme!” pois são
exatamente nessas horas que devemos crer em Deus e exercitar nossa confiança
nele, para dele tirar forças e não se desviar e nem esmorecer.
II. Deus Conosco é a certeza para
todas as nossas incertezas:
a) Pede um
sinal.
Deus mesmo lança o desafio.
b) Não pedir
para não tentar a Deus – a hipocrisia da falta de fé.
Hipocrisia por que? Porque foi o próprio Deus quem
propôs o sinal.
Acaz não quis pedir o sinal porque no seu coração já
havia decidido pedir socorro à Assíria, o que de fato fez e desagradou a Deus.
c) O sinal
não pedido: A virgem conceberá.
Uma indicação da vinda do Messias – Mateus 1.23.
Interpretações inapropriadas:
1.
A virgem é a segunda esposa de Isaías – 8.3. Não tem base na Bíblia. Isaías
teve apenas uma esposa e ela lhe deu dois filhos com nomes proféticos.
2.
Uma mulher jovem. O texto aponta para uma virgem não casada – uma donzela.
3.
O uso do artigo definido – a virgem conceberá. Era uma mulher virgem conhecida
tanto por Isaías quanto por Acaz. Não sabemos quem é.
Van Groningen dá a entender, ainda que eu não possa
afirmar que seja isso que ele faz de fato, que o foco de Isaías não é o fato de que
essa virgem terá um filho como Maria teve Jesus, mas que devido a situação de
crise político-militar iminente, com possibilidade de invasão, a virgem que os
dois conheciam se casaria e teria um filho sob os cuidados de Deus, para provar que Deus não permitiria o sucesso da tal invasão sírio-israelita, o que Acaz
não consegue crer ser possível.
A interpretação seria essa:
“Considera
isso: a virgem, que agora ainda não está grávida, nem mesmo casada, não
obstante (como um sinal para ti), num futuro não muito distante estará grávida
e no devido tempo dará à luz um filho”.[3]
Se a virgem conceberia milagrosamente não
temos como saber extamente quem era e como aconteceu.
O que está em jogo aqui não é tanto o milagre, pois
esse só será visto por Mateus no Novo Testamento, mas é escolher viver pela fé
ou rejeitar as promessas de Deus e viver uma vida de conchavos, manipulações e
ansiedades; como todo mundo que não crê em Deus vive. Tentar fazer o próprio
destino (como ensina Hollywood).
Aplicações:
1. As crises políticas do nosso país não
podem determinar como eu viverei a mi há fé, mas a minha fé na palavra de Deus
deve determinar como enfrentarei as crises do meu país.
2. Deus está conosco em todas as crises,
se vivemos dentro da aliança.
Viver pela fé é exatamente crer na Palavra que dirige e define o nosso comportamento diante de qualquer situação e não deixar que as circunstâncias dirijam a nossa fé. Ele prometeu estar conosco todos os dias da nossa vida até a consumação dos séculos (Mt 28.18-20).
3. A salvação dos nossos pecados
acontece dentro e enquanto vivemos as nossas vidas no decorrer da história do
mundo.
Deus
quer nos “pescar” para si no rio dos eventos e acontecimentos da história que
não para, mas que ele dirige para cumprir todos os seus propósitos.
4. A vida pela fé é incompatível com uma
falsa piedade.
Acaz quis parecer ser crente e fiel a Deus, mas a sua
resposta teologicamente correta, foi espiritualmente equivocada.
Não estou dizendo que a fé pode ser corretamente
incoerente com a doutrina correta às vezes, mas, que a resposta aparentemente
correta de Acaz desconsiderou a fonte do desafio, o próprio autor da Palavra, da
doutrina.
Ou seja, ou melhor: Nós só podemos desafiar a Deus,
quando ele mesmo propõe o desafio (Satanás no caso de Jó). A falsa piedade nos leva para o caminho da hipocrisia, a verdadeira piedade nos leva a confiar em Deus.