Alguns domingos atrás expondo o texto de Lucas 5. 17-26 apresentei à igreja a autoridade de Cristo para perdoar os nossos pecados. Um complemento necessário àquela mensagem é a exigência divina de que para experimentarmos o perdão de Deus, precisamos nos arrepender de nossos pecados. O arrependimento compreende tanto a tristeza pelo pecado cometido como a resolução firme de evitar e vencer o pecado em nós e ainda a fé depositada confiantemente em Cristo para nos purificar de todo pecado e injustiça cometidos (I Jo 1.9).
Se alguém diz que se arrependeu, deve examinar-se a si mesmo, seriamente, por meio dos sete efeitos do arrependimento delineados pelo apóstolo Paulo em 2 Coríntios 7.10 e 11. Os pontos alistados abaixo são um breve resumo adaptado de uma pastoral feita pelo Rev. Thomas Watson, um renomado puritano inglês do século XVII, à sua congregação e ainda válidos para todos nós. O verdadeiro arrependimento produz em nós os seguintes frutos:
1. Cuidado.
Significa recobrar a atenção para esquivar-se de todas as tentações ao pecado. Ficar alerta quanto a presença e a ação do pecado para não cair em suas armadilhas novamente.
2. Defesa.
O fortalecimento necessário para não deixar o pecado se insinuar novamente dentro de nós a fim de manter o tentador longe. Armar-se com o escudo da fé (Ef 6.16).
3. Indignação.
Aquele que se arrepende levanta o seu espírito contra o pecado como seu inimigo mortal. A luta contra o pecado é uma luta violenta (Hb 12.4) como uma guerra (Gl 5.14).
4. Temor.
Um coração sensível é sempre um coração que teme. O arrependido sentiu a amargura do pecado. Quem pede perdão a Deus sinceramente teme se aproximar novamente do pecado, porque o pecado nos rouba o favor de Deus, que é melhor do que a vida. A alma arrependida teme que, depois de amolecido o seu coração, as águas do arrependimento sejam congeladas, e ela seja endurecida no pecado novamente. "Feliz o homem constante no temor de Deus" (Pv 28.14). “Uma pessoa que se arrependeu teme e não peca; uma pessoa que não tem a graça de Deus peca e não teme” (Thomas Watson).
5. Desejo intenso.
Assim como o bom tempero estimula o apetite, assim também as ervas amargas do arrependimento estimulam o desejo de consagração. O que o arrependido deseja? Ele deseja mais poder contra o pecado e plena libertação deste.
6. Zelo.
O verdadeiro desejo de consagração se manifesta em esforço zeloso. O zelo faz o crente arrependido persistir na tristeza santa mesmo diante de todos os desencorajamentos e oposições. O zelo desprende o crente de si mesmo e leva-o a buscar a glória de Deus. O zelo não é delírio religioso. O zelo causa fervor na vida espiritual, que é como fogo para o sacrifício (Rm 12.11). O zelo é um estímulo para o dever, assim como o temor é um freio para o pecado.
7. Vindita.
Um crente verdadeiramente arrependido persegue os seus pecados com resolução santa. Busca a morte dos pecados (Cl 3.5,6). O crente arrependido não retira os seus pecados da cruz (Gl 5.24). Um verdadeiro filho de Deus busca a ruína daqueles pecados que mais desonram a Deus. Com o pecado, Davi contaminou o seu leito; depois, pelo arrependimento, ele inundou seu leito com lágrimas. Os israelitas pecaram pela idolatria e, posteriormente, viram como desgraça os seus ídolos (Is 30.22). Com o mesmo sentimento, os mágicos quando se arrependeram, trouxeram seus livros e, por vindita, queimaram-nos (At 19.19).
Estes são os benditos frutos e resultados do arrependimento. Se os acharmos em nossa alma, chegamos àquele arrependimento que Deus usará para produzir em nós mesmos a restauração da vitalidade de nossa fé cristã (2 Co 7.10).
Com amor, Pr. Hélio.
--------------------------
Boletim da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia. Ano XXII nº 26. 26/06/2011.