Igreja Presbiteriana Jardim Goiás
Estudos de Quarta-Feira – 1º Semestre/2019
O DEUS QUE NOS GUIA E GUARDA - James I. Packer - Ed. Vida Nova
Estudos de Quarta-Feira – 1º Semestre/2019
O DEUS QUE NOS GUIA E GUARDA - James I. Packer - Ed. Vida Nova
Rev. Hélio O. Silva - 08/05/2019
ESTUDO 13 = Com a
Ajuda dos Amigos (p. 195 a 229)
Introdução
“Quando não há uma direção sábia, o povo
cai, mas na multidão de conselheiros há sabedoria.” (Provérbios 11.14).
O Deus que nos salvou perdoando os
nossos pecados prometeu nos guiar pelas veredas da justiça por amor do seu
nome, estando sempre conosco e nunca se afastando de nós (Sl 23.3). Ele nos
guia através dos meios que Ele mesmo escolheu; a) pelos mandamentos diretos da
Palavra (Sl 119.105); b) pela sabedoria aprendida nas Escrituras; c) pelos
conselhos de outros membros do corpo de Cristo (Cl 3.16).
1.
Individualidade e
individualismo
A cultura ocidental contemporânea confunde
as duas coisas, mas são diferentes. O individualismo entende que a pessoa é o
centro de si mesma e que quanto mais for independente dos outros, mais ela
alcançou o ideal de maturidade pessoal. O individualismo é negação da
participação e influência do outro nas nossas vidas. O individualismo é o
isolamento do indivíduo, mas também a postura de desafiar o estabelecido. Nesse
conceito, integridade significa isolamento, não receber influência de ninguém.
O Evangelho proíbe o individualismo e
incentiva a individualidade. O Evangelho
nos individualiza fazendo-nos enxergar a nós mesmos, mostrando nossas
fragilidades pecaminosas e a nossa necessidade de ajuda, pertencimento e
comunhão em amizade com os outros no corpo de Cristo. Servir e ajudar uns aos
outros em humildade é regra e meta na vida cristã.
2.
Comunhão e amizade
A comunhão bíblica é muito mais que o
cafezinho descontraído e informal após o culto. Significa dar e receber para
compartilhar. Cada um oferece do que tem para compartilhar com o próximo e assim
ambos são enriquecidos. Comunhão é Cristo ministrando a seu povo por meio do
seu povo (uns aos outros).
A forma prática da comunhão é o suprimento
das necessidades de quem precisa. O modo da comunhão agir é a reciprocidade. O
fruto da comunhão é o enriquecimento da própria comunhão na renovação dos
vínculos de fraternidade. Isso vale para todas as áreas da vida cristã,
inclusive na tomada de decisões e no guiar do Espírito conduzindo a vida do povo
de Deus pelo caminho.
Nosso principal campo de comunhão é a
igreja local da qual participamos. Quando Deus chamou Paulo e Barnabé para a
obra missionária (At 13.1-3) toda a igreja local participou do processo de
envio, sustento e relatório da obra realizada por eles (At 14.27). A comunhão
da igreja local, e a partir dela, é o ambiente dentro qual Deus nos guia e
guarda. Vivemos nossas tensões e decisões em comunhão com o corpo de Cristo,
que se expressa na comunhão de uma igreja local.
Na igreja local conhecemos a unidade e a
diversidade da vocação divina na vida das pessoas. Nesse aspecto, a diversidade
das pessoas é um elemento positivo no aconselhamento e na tomada de decisões
sob a orientação divina. Pessoas diferentes podem nos ajudar a ver as situações
por ângulos diferentes, mesmo quando se aplica os mesmos princípios de conduta
cristã. A comunhão cristã nos oferece o aprofundamento em amizade necessário
para que cada um ajude ao outro com serviço espiritual relevante e abençoador.
Isso não quer dizer que todos os conselhos
e conselheiros, ainda que bem-intencionados, serão bons, mas que na comunhão
fraterna da Igreja encontramos o tipo de conselho e ajuda que precisamos para
seguir a orientação do Espírito na caminha da cristã.
Outro elemento importante da comunhão é a
abertura e a possibilidade da formação de amizades reais e profunda entre
irmãos. A amizade acrescenta ao serviço e cuidados cristãos o tom pessoal do
conhecimento mútuo, confiança e transparência entre as pessoas. A convivência dentro
da comunhão pode ser casual e de curto prazo, mas na amizade não. Ela se
aprofunda para o campo da intimidade e do conhecimento mútuo e duradouro,
porque não existe amizade sem proximidade.
Podemos
ter comunhão com muitos irmãos e irmãs, mas a amizade tem a ver com escolhas
pessoais e um grau de mutualidade diferenciado. Por isso é importante sabermos
escolher nossas amizades, pois podemos escolher amizades que nos farão mais mal
do que bem. Mas se escolhermos bem colheremos frutos “deliciosos” disso.
Duas advertências necessárias: 1. Devemos perguntar sempre se estamos fazendo o melhor para
a glória de Deus, e em alguns momentos isso pode significar fazer coisas que os
outros não entenderão, até mesmo nossos melhores e mais consagrados amigos. 2. Buscar o conselho dos outros não nos isenta da ponderação
e reflexão antes da tomada de decisões. Eles são nossos conselheiros, mas as
decisões são nossas. A reflexão é uma disciplina espiritual tão importante como
a leitura das Escrituras e da oração.
Aplicações
práticas:
A orientação bíblica sobre a direção
divina para nossas vidas inclui três atitudes que precisamos desenvolver:
a)
Procure conselhos
Provérbios exorta repetidamente que o
caminho para a sabedoria está em seguir o conselho daqueles que já são sábios
(Pv 11.14; 12.15; 13.10; 15.2,22; 19.20). Ouvir bons conselhos de bons
conselheiros abençoa (Ex 18.17-23 - o conselho de Jetro a Moisés).
b)
Pese os conselhos
Roboão, filho de Salomão teve a
oportunidade de ouvir bons conselhos dos conselheiros de seu pai e os recusou,
porque não soube pesar os conselhos que recebeu (1 Rs 12.7-11). A nossa
comunhão pessoal com Deus é um fator importante na ponderação dos conselhos que
recebemos. Um exemplo complexo disso é a experiência de Absalão que deixou de
ouvir o conselho de Aitofel para ouvir o conselho de Husai (2 Sm 17). Do ponto
de vista estratégico, Aitofel estava correto, mas a Bíblia diz que Deus tornou
o seu conselho em loucura porque estava guiando e protegendo Davi de seu
próprio filho. Se não temos comunhão pessoal com Deus e não andamos no seu
caminho, Deus poderá nos deixar tomar decisões equivocadas.
O Novo Testamento nos mostra que a
sabedoria deve consistente e coerente com a verdade, assim, Paulo repreende
Pedro no caso da dissimulação que aconselha o erro diante da necessidade de se
guardar e praticar corretamente a doutrina (Gl 2.11-14). Também mostra que a
sabedoria precisa discernir que às vezes, mesmo os conselhos unânimes do povo
de Deus, não representarão a vontade de Deus para o nosso caminho. Paulo decide
ir para Jerusalém e todos dizem para não ir. Mas ele está convencido de que
essa a vontade de deus para ele (Atos 21.11-14).
c)
Pratique a
prudência
A prudência é o ato de refletir antes de
agir com cautela e atenção. Não é nem paralisia e nem covardia, mas bom senso,
ação baseado em reflexão ponderada e amadurecida. Ela requer três atitudes: a)
compreensão clara do evangelho, pois não pode ser governada por legalismo ou
ilegalidade, mas pelo amor de Deus; b) Uma consciência que opera de forma clara
de acordo com o evangelho contracultural; c) Um realismo determinado, livre da
crença em ilusões, marcado pela concretude dos fatos e da necessidade de uma
ação justa e ajustada à glória de Deus para ser aplicada ao momento que requer
uma decisão.
Conclusão
Há condições morais para o discernimento
espiritual. Os conselhos só serão úteis se forem medidos pela decisão de servir
e agradar a deus com nossas vidas.
Motivos de oração
1.
Ore
por amadurecimento de seu autoconhecimento diante de Deus e sua glória e seu
por nós, a fim de descobrir e colocar seus dons e talentos a serviço dele como
sua resposta pessoal ao seu amor.
2.
Ore
por comunhão eficiente e amizades duradouras na sua vida. Para aprender a
escolhas bem e fazer bom uso delas para o seu crescimento pessoal e para o
serviço ao povo de Deus.
3.
Ore
por prudência na hora de ouvir e na hora de praticar a verdade.