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02 = O Pastor e Suas Ovelhas - Parte 1



Igreja Presbiteriana Jardim Goiás

Estudos de Quarta-Feira – 1º Semestre/2019

O DEUS QUE NOS GUIA E GUARDA - James I. Packer - Ed. Vida Nova

Rev. Hélio O. Silva - 13/02/2019



ESTUDO 02 = O Pastor e Suas Ovelhas - parte 1 (p. 15 a 28)




Introdução:
         A direção divina nos causa fascinação e medo.
Fascinação porque queremos ser realmente guiados por Deus e há promessas bíblicas claras quanto á direção divina.
Medo porque é difícil entender corretamente essa direção e por antevermos desastres ao interpretá-la de forma errada.
Ambos são alimentados por uma inquietante sensação de incerteza quanto às maneiras pelas quais Deus orienta e por sua forma enigmática de cumprir as promessas que fez a respeito dessa direção.

A direção de Deus ao longo da história
        Essa síndrome de perplexidade acerca da direção divina, que incomoda e fere, é relativamente recente entre os cristãos evangélicos. Está relacionada a dois movimentos que surgiram no século 19 nos EUA, após duas gerações da obra obra missionária wesleyana e o Segundo Grande Despertamento (Avivamento): O mundo do experimentalismo petista.
        Eles defendiam que a imediata direção divina era concedida regularmente, sob a forma da voz de Deus em pensamento ou fortes inclinações da imaginação e impulsos interiores a todos aqueles que cressem na Bíblia.
        No século anterior os Puritanos haviam rotulado esse tipo de atitude de “entusiasmo” no sentido pejorativo do termo, ou seja, “fanáticos”.

        No século 20 essa postura produziu dois desdobramentos:
®  O Grupo de Oxford ou Movimento de Renovação Espiritual do Indivíduo
Liderados por Frank Bukman, ensinavam que uma pessoa deve reservar um tempo diário (meia hora ou mais) para ouvir o que Deus tem a dizer à sua consciência a respeito de quatro absolutos: honestidade, pureza, altruísmo e amor. Esse “momento de silêncio” era para - oração, meditação, leitura das escrituras e autoexame para confissão de pecados e renovação de compromisso com Cristo. Entendiam que essa prática levava ao amadurecimento espiritual e a negligência a ela à esterilidade.
Os “momentos de silêncio” não podem ser vistos como uma fórmula mágica para se receber a direção divina.

®  A expansão do pentecostalismo
O pentecostalismo alega que todos os dons e dimensões da experiência cristão do Novo Testamento estão sendo restaurados à igreja de nossos dias, e, entre elas, palavras diretas de Deus como direção divina.
Um exemplo bíblico muito citado é a palavra de Ágabo a Paulo em Atos 21.10-14. Mas uma leitura simples do texto nos mostra que a palavra profética de Ágabo não alterou em nada a decisão de Paulo de ir para Jerusalém, pelo contrário, serviu como confirmação de que essa era a vontade divina (compare com Atos 20.22,23). Outros exemplos bíblicos que corroboram com essa visão são: Atos 8.26-29; Atos 16.6-8, 9-12; Atos 27.22-26, 31,34 e Mateus 17.27).

Três colocações precisam ser feitas quanto a isso:
1º) Reconhecemos que nos tempos bíblicos Deus agiu dessa forma ao dirigir pessoas e seu povo. Ele nunca disse que não faria dessa forma novamente e não podemos por em dúvida relatos de irmãos na fé, de nosso tempo, atestando experiências semelhantes ocorridas consigo. Não devemos impor a Deus restrições que Ele mesmo não impôs a si mesmo.

2º) Contudo, nenhuma mensagem recebida dessa forma pode ser atualmente considerada canônica, no sentido de ter a mesma autoridade para a fé e a vida de todos os crentes em pé de igualdade com a revelação bíblica. O exemplo de Paulo e Ágabo indica que novas mensagens divinas nem sempre têm a intenção de mudar nossas convicções quanto ao que devemos fazer no presente.

3º) Não podemos negar a ocorrência de “revelações privadas” atualmente, mas devemos afirmar positivamente a existência de instrução bíblica clara a respeito de ouvi-las com discernimento (Dt 18.21,22; 1 Co 14. 32-36; 1 Ts 5.20,21; 1 Jo 4.1-6).

A direção de Deus e a Aliança - p.19
        Isso posto, afirmamos que (1º) essas mensagens pessoais vindas do céu nunca foram a maneira usual de Deus liderar e guiar seu povo, e, (2º) a obra e o ministério de Deus como nosso guia sempre envolveram muito mais que isso.
®  A maneira habitual de Deus guiar o seu povo é por meio da devida aplicação das verdades bíblicas reveladas de uma vez por todas.
®  A direção de Deus para nós é um aspecto do seu ativo cuidado por nós, o qual decorre de sua Aliança e, como tal, traz muito mais consigo  do que Deus simplesmente nos dizer o que fazer (numa revelação externa direta ou numa forte impressão interior) e depois ficar assistindo de camarote o que vamos fazer com isso.
A Aliança é o termo bíblico que designa o abrangente compromisso mútuo de Deus para conosco e de nós para com ele. Ela não é uma parceria negociada entre iguais, mas sim uma relação imposta mediante a iniciativa de Deus.
É uma Aliança da graça, por fomos introduzidos num relacionamento que não merecíamos desfrutar com Deus.
É uma Aliança real porque trata da relação entre o rei e seus servos.
É uma Aliança matrimonial porque retrata o grau de entrega total de um ao outro em serviço e amor.
É uma Aliança familiar porque nossa relação com Deus é de um Pai adotivo com seus filhos agraciados pela adoção.
A realidade “pastor e ovelhas” está retratada em todas elas pois também envolve atenção, afeto, proteção, liderança e provisão.

Deus como pastor e nós como ovelhas - Salmo 23
        Tanto o Salmo 23 como a aplicação que Jesus dela faz em João 10 apresentando-se como o Bom Pastor nos remetem para o cerne da questão da direção divina cotidiana.

®  Ele nos guia pelas veredas da justiça - v.3
O pastor providencia um lugar tranquilo e seguro onde suas ovelhas possam comer, beber, descansar, encontrar refrigério interior e renovar seu contentamento. O propósito da direção divina é nos guiar em segurança como um pastor de ovelhas faz.

®  Deus, o generoso anfitrião - v.5
A figura do banquete deixa claro o conceito de que a perfeita proteção traz perfeita paz.

®  A bondade generosa de Deus - v.6
A bondade de Deus é tamanha que o fluir de sua dádiva graciosa nunca cessa para os convidados de seu banquete, que são ao mesmo tempo sua família e seu rebanho - filhos que são também suas ovelhas. A hospitalidade de Deus para com seus servos no lugar de sua própria presença é para todo o sempre.



O poema de Isaac Watts



Meu pastor suprirá minhas necessidades,

Jeová é o seu nome;

Em verdes pastos me alimenta,

Ao lado da corrente água viva.



Traz de volta meu espírito errante

Quando abandono seus caminhos;

E me conduz por amor de sua misericórdia

Pelas veredas de verdade e graça.



Quando ando pelo vale da sombra da morte,

Tua presença é meu esteio;

Uma só palavra de teu sopro sustentador

Dissipa todos os meus medos.

Tua mão, à vista de todos os meus inimigos,

Ainda prepara uma mesa para mim;

Meu cálice transborda de bênçãos,

Teu óleo unge minha cabeça.



As provisões seguras do meu Deus

Estarão presentes por todos os meus dias

Oh, que tua casa possa ser a minha morada,

E todo o meu trabalho, louvor!

Lá encontrarei descanso constante.

Enquanto outros vêm e vão,

Não mais um estranho convidado,

Mas como uma criança no aconchego do lar.



Motivos de oração:
1.    Oremos para que a Escritura seja o guia de nossa espiritualidade e não os modismos da época.
2.    Oremos para não errarmos por não conhecer as escrituras e nem o poder de Deus (Mt 21.29).
3.    Oremos para que nos deixemos conduzir pelo cajado do Bom Pastor.

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