EFR-2017: A Piedade Segundo
João Calvino - A Verdadeira Vida Cristã
Rev. Helio O. Silva =
23/10/2017.
Falar sobre a piedade de João Calvino é um
tema desafiante e empolgante, pois nos surpreende o quanto conhecemos pouco
esse reformador tão importante. Todo o seu labor teológico
A piedade de João Calvino deve ser vista não
apenas no modo como viveu, mas também no modo como fazia teologia. Todo o seu
labor teológico trafega no modo como relacionava piedade e teologia.
1.
O Título das Institutas: “Institutas da
Religião Cristã, contendo virtualmente toda a soma da piedade e tudo o que
necessita ser conhecido sobre a doutrina da salvação: Uma obra que vale a pena
ser lida por todos os cristãos que têm zelo pela piedade”. A palavra “Institutio” significa “instrução
básica”. “Para Calvino a reflexão teológica nunca é um fim em si mesma. A
teologia é sempre utilizada a serviço da piedade; ela deve conduzir à piedade.
Assim, a teologia de Calvino algumas vezes tem sido chamada de theologia pietatis, uma ‘teologia da
piedade’”. Para ele, teologia deve levar à piedade.
2.
Como Calvino define piedade? “Eu denomino ‘piedade’ aquela reverência unida ao
amor a Deus que o conhecimento dos seus benefícios induz” (Inst I.2.1). Ou
então: “Aqui certamente está a religião pura e verdadeira: a fé tão unida a um
sincero temor a Deus que esse temor também inclui uma reverência voluntária e
leva consigo o culto legítimo que está prescrito na lei” (Inst I.2.2).
Proposição: Nessa oficina quero mostrar como Calvino
resume o seu entendimento de como deve ser a vida piedosa apresentando-lhes uma
obra dele pouco conhecida entre nós.
Em 1539, João Calvino publicou a segunda
edição das Institutas com vários
acréscimos à edição anterior. Uma das novas seções recebeu o título de “A Vida do Homem Cristão”, que pretendida
ser um guia prático para o discipulado e a vida cristã cotidiana. O resultado
foi tão bom, que em 1550, essa seção foi publicada num livreto em separado, com
o título Vita Hominis Christianiti
(latim e francês) ainda que permanecesse sem qualquer alteração nas edições
posteriores das Institutas. Posteriormente
foi traduzido para o inglês (1594), alemão (1857) e para o holandês (1858).
Para o português somente em 2001, pela Editora Novo Século.
Na edição definitiva de 1559, ocupa os
capítulos VI a X do livro III, dentro da discussão sobre a doutrina do
arrependimento. Posteriormente foi vertido para o inglês com o título “O Livro de Ouro da Vida Cristã” e no
Brasil foi recentemente publicado com o título “A Verdadeira Vida Cristã”.
1.
Esboço do livro:
Calvino ensina que a obediência humilde é a verdadeira imitação de Cristo. Essa
obediência humilde é conduzida passo a passo pelas escrituras tendo a santidade
como seu princípio chave. A santificação como processo significa uma vida de
total obediência a Cristo, partindo de uma mudança interior que ultrapassa um
cristianismo externo, muitas vezes apenas nominal, pois o progresso espiritual
contínuo é necessário.
O caminho da vida cristã é o da paciência que carrega a cruz,
seguindo Jesus Cristo (Lc 9). Levar a cruz é mais difícil que negar-se a si
mesmo. Porque a cruz nos torna humildes, esperançosos, obedientes e contribui
para uma vida disciplinada que traz o arrependimento. Logo podemos enfrentar o
sofrimento com contentamento, porque a perseguição traz o favor de Deus e
produz regozijo espiritual. A cruz nos ensina a não sermos indiferentes, pois
ela é necessária tanto para aprendermos a submissão como para recebermos a
salvação.
A seguir fala da esperança na vida futura. Lembra que não há coroa sem cruz. Nós
superestimamos a vida presente; ao contrário, deveríamos amar a vida futura sem
desprezar as bênçãos da vida presente. Que é a terra comparada às bem-aventuranças
do céu? Não deveríamos temer a morte, mas diante dela erguermos nossas cabeças
(At 7.54-60), pois o Senhor virá em glória: Maranata!
Finalmente, é preciso usar corretamente nosso tempo na vida presente. Evitando
extremismos; conscientes de que as coisas terrenas são presentes de Deus e que
recebidos com gratidão evitará que abusemos deles. Vivamos com moderação, sendo
pacientes e contentes com a graça divina, mesmo sofrendo muitas privações; e
sejamos fiéis ao chamado divino em todas as nossas ações.
Conclusão:
1. Precisamos perguntar a nós mesmos: Como conduzimos nossa vida
piedosa. Calvino entendia que as Escrituras deveriam conduzir tudo em nossas
vidas.
2. Precisamos estabelecer criteriosamente como vamos construir nossa
“peregrinação” cristã na terra.
O testemunho de J. I. Packer no livro Antes
de Partir.[1]
O fim determina o começo.
3. Precisamos parar de separar vida de teologia, teologia de piedade.
James I. Packer: Teologia é doxologia
(adoração).
Recomendo fortemente essa leitura, que
inspira, consola, desafia e fortalece a nossa fé. Com amor. Pr. Helio.
[1]
James I. Packer. Somente quando você sabe como morrer, você pode saber como
viver. In: Nancy Guthrie, Antes de partir. FIEL, 2013, p. 19-23.