® Atos 5: O que é meu?
Atos 5 começa em
4.32. A doação do Espírito Santo produz tanto intrepidez na pregação como também generosidade no coração. A fé não era imposta por uma pregação
agressiva e violenta, mas conquistava o coração pelo comportamento altruísta motivado
pela gratidão a Deus. Por essa razão, dentro da igreja deve haver
desprendimento do materialismo secular para nos ocuparmos do serviço de Deus e
cuidarmos uns dos outros. Essa liberalidade não foi imposta, mas acontecia
voluntariamente: “Ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que
possuía” (4.32). Bondade voluntária é o mesmo princípio ensinado por Paulo a
Filemom no caso da alforria de Onésimo da escravidão (Fm 14). O consumismo nos
escraviza impondo o conceito do apego exagerado às coisas e aos bens; o
cristianismo nos liberta propondo a prática de uma bondade agradecida e de um
desapego generoso para servir aos outros por amor a Deus. Consumismo e bondade
não combinam no cristianismo. O primeiro impõe a cobiça do egoísmo; o segundo
propõe o desapego pelo amor altruísta.
A doação de
Barnabé é um exemplo positivo disso; enquanto que o caso de Ananias e Safira é um
exemplo do risco que se corre de mentir sobre isso. Na vida cristã existirão
“entretantos” (5.1) que precisarão receber disciplina; não por causa da
obrigatoriedade, mas por causa da hipocrisia mentirosa (5.4). A disciplina é um
expediente da vida interna da igreja para manter a pureza de sua consagração; a
transparência de suas intenções e a honestidade de suas ações.
Lucas chama a
nossa atenção ao fato de que pecados não acontecem somente inadvertidamente,
pois alguns deles são planejados minunciosamente. Foi o que fez esse casal;
planejou mentir e se dar bem quanto ao seu status dentro da igreja. Não pode
ser assim. Não podemos permitir que se instale no seio da igreja o mesmo tipo
de inveja que motiva os inimigos de Deus a agirem contra o evangelho que a
igreja prega (5.17). A instrução de Deus é que a igreja persevere na sua tarefa
de anunciar “as palavras desta Vida” sem arredar o pé (5.20) sem deixar de cuidar dos que precisam de socorro.
Tudo é de Deus e
nosso deve ser o arrependimento e a remissão dos pecados pela concessão de Deus
em Cristo (5.31). Não podemos agregar qualquer tipo de status possuído ou
pretendido à nossa consagração, pois ao fazê-lo podemos perder o rumo da
história e sermos encontrados lutando contra Deus (5.39), que é quem realmente
governa todas as coisas. Nossa verdadeira alegria é viver, ensinar e pregar a
Cristo sem medo das afrontas ao seu nome (5.42).
No final das
contas, o que é meu, então? Tudo que tenho é estrategicamente meu e nada do que tenho é exclusivamente meu;
tudo é de Deus, mas eu posso usar e também desfrutar. Posso usar
criteriosamente, a fim de poder socorrer o próximo, o irmão, quando ele
precisar. Todavia, essa é uma consciência que só aprenderemos se conhecermos a
graça de Jesus Cristo, que sendo rico, se fez pobre por amor de nós, para que
pela sua pobreza, nós nos tornássemos ricos (2 Co 8.9).
Com amor, Pr.
Helio.