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JEREMIAS 31.10-17 = CHORO TRANSFORMADO EM ALEGRIA



TEXTO: JEREMIAS 31.10-17
 TEMA: CHORO TRANSFORMADO EM ALEGRIA!
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Introdução:
O Natal é um momento de alegria, pois Cristo nasceu. Mas, como acontece algumas vezes em algumas comemorações, existem notas tristes e acontecimentos chocantes.
Esse texto ressalta o fato irrefutável de que o nosso Salvador nasceu num mundo governado pela maldade humana, onde infelizmente a corrupção é a regra, e não a exceção!
A referência ao choro de Raquel é a nota triste na narrativa do nascimento do Salvador. O reino parasita de Satanás (linguagem de Van Groningen) se levanta contra o Messias, mas Deus cuida dele e o protege e sempre age um passo à frente de Satanás. O Bebê nascido em Belém não foi retirado dali em cima da hora, tentado se esconder dos soldados como dramaticamente aparece nos filmes. Quando os soldados chegaram lá com suas lanças e espadas, ele não estava mais lá, pois já estava a caminho do Egito (Mt 2.14). A precaução de Herodes em mandar matar todas as crianças de dois anos para baixo na cidade de Belém e arredores, de nada valeu contra a divina providência de Deus.

Contexto:
Uma das dificuldades para a leitura e interpretação de Jeremias é que suas profecias não seguem uma ordem cronológica bem definida e em algumas partes o livro recebe um tratamento mais temático que histórico.
O contexto do capítulo 31 é a grande seção dos capítulos 24-34, que começa com a visão dos cestos de figos bons e ruins. Os figos bons são o remanescente que será levado por Nabucodonosor para o cativeiro por 70 anos (25.11,12); os figos ruins são simbolizam o rei Zedequias e seus oficiais que serão lançados fora (24.8-10).
Essa profecia de Jeremias lhe traz perseguição e ameaças de morte (cap. 26), atrai a ira dos falsos profetas (Hananias – cap. 27).
Jeremias precisa combater a mentira dos profetas que instilam falsas esperanças no coração do povo (cap. 28).
Jeremias escreve uma carta aos que já se encontram no exílio, avisando-os que o exílio está apenas no começo (cap. 29).
No cap.30 Jeremias introduz o tema da esperança para os exilados por algumas razões e promessas de Deus:
1º) Deus manterá a casa a casa davídica (30.8,9,21,22).
2º) Deus manterá o pacto com Israel ativo (31.31-40).
3º) Deus exorta ao remanescente fiel a ter esperança para o futuro (cap. 27,28 e 32).
Por que?
1) Porque o amor de Deus por Israel é duradouro (31.3-6).
2) Porque no meio de suas aflições haverá motivos para alegrar-se em Deus (31.7-14).
3) Porque haverá esperança, mesmo diante do morticínio da invasão babilônica. Deus não deixará Nabucodonosor destruir o seu povo (31.15-22).
         O que virá depois no livro de Jeremias? A promessa da nova Aliança (cap. 33). Essa seção dos capítulo 30 ao 33 é denominada por alguns comentaristas de Livro do Consolo.[1]
Essa é uma profecia dirigida às nações (v.10). Deus proclama às nações que ele controla a história do seu povo e de todos os povos da terra. Mas o que ele diz?

Proposição:
         Ele proclama que castigará a Judá, mas que depois transformará o seu choro em alegria! Olhemos para a sua promessa em três proposições do texto.

I – O SENHOR ESPALHA, O SENHOR AJUNTA (v.10,11):

a)    O Senhor espalhou e congregará.
A invasão babilônica era disciplina de Deus para seu povo. Deus espalhará o seu povo, mas ele mesmo os ajuntará novamente.

b)    O Senhor guardará o seu rebanho.
Mesmo durante o castigo, Deus guardará o seu povo como fez no deserto. Ele é o nosso pastor que guia as nossas vidas por todos os caminhos da vida, até mesmo os mais difíceis de atravessar.
Observe que não guia apenas, mas ele também guarda (Sl 121). Ele protege pelo caminho e do inimigo!

c)    O Senhor redimiu e livrou a Jacó
A salvação não vem da força de nosso braço, mas daquele que nos livra do que é mais forte do que nós.
A verdade mais límpida que temos de ter diante de nossos olhos é que estamos nas mãos de Deus o tempo todo e para tudo, pois ele espalha e ele mesmo ajunta. Ele disciplina e ele mesmo cura! Ele tem o poder para condenar, e condena ao rebelde que não se arrepende; mas também ele salva e perdoa o pecado do arrependido que busca o seu perdão.

II – O SENHOR TORNARÁ O PRANTO EM JÚBILO (v.12-14).

a)    Virão, se alegrarão e nunca mais desfalecerão.
O propósito da disciplina de Deus é nos trazer de volta para ele pelo arrependimento e a fé. Ele não disciplina para nos destruir, mas para nos purificar, a fim de que encontremos somente nele a nossa alegria.

b)    Tornarei seu pranto em júbilo.
O consolo que vem de Deus é divino, não humano. Por isso pode transformar, tornar uma coisa em outra coisa. Ele não muda as tragédias, mas ele muda como as enxergamos e o que podemos aprender com elas. Ele abre os nossos olhos para entendermos os significados das coisas.

c)    Saciados da bondade de Deus.
Deus trouxe Nabucodonosor para disciplinar o seu povo e espoliar a terra. A invasão deixou um rastro de destruição, pilhagem e assassinatos, Todavia, depois da lição aprendida, haveria benção e fartura novamente.

III. O SENHOR É A NOSSA ESPERANÇA PARA O FUTURO (v.15-17)

a) Reprime a tua voz de choro.
®  O lamento de Raquel por seus filhos em Ramá.
Raquel era a esposa de Jacó, avó de Efraim e Manassés (filhos de José) e as duas maiores tribos do reino do norte destruídas pela Assíria em 722 aC. Ela é conhecida como a “Mãe de Israel”. Ramá, por outro lado, era uma cidade do norte de Judá, no território de Benjamim (o filho caçula de Raquel). Quando da separação, a tribo de Benjamim permaneceu fiel a Judá.
Jeremias usa a experiência da deportação de Israel (722 aC) ocorrido 136 anos antes da deportação final de Judá (586 aC) para preparar Judá e tentar consolar o povo e lhe dar esperança.

®   Porque há recompensa para as tuas obras.
Apesar do castigo, Deus jamais despreza o que fazemos para ele!

®  Os teus filhos voltarão da terra do inimigo
Embora houvesse perdas, nem todos os filhos que foram levados permaneceriam longe de seu lar. Muitos dos que foram levados para o cativeiro voltariam para casa. E foi o que ocorreu segundo as narrativas de Esdras e Neemias.

b) Há esperança para o teu futuro
®  Os teus filhos voltarão para os seus territórios.
Eles não só voltariam do cativeiro, mas voltariam para os seus territórios.
Portanto, o foco da mensagem de Jeremias é o consolo e a promessa de esperança. O futuro não é nem negro, muito menos incerto.
Porque Deus espalha e ajunta; entristece, mas também consola; em meio a tristeza e o pranto por causa de perdas, ele traz salvação, renovação e consolo.

Conclusão:
         Todas as grandes comemorações da história são ponteadas por notas tristes. As vitórias nas guerras; as conquistas da vida; os prêmios recebidos. Por detrás deles há muita perda, suor, lágrimas, dor e cansaço. Porém, a alegria da vitória, da conquista, ou até mesmo o ter chegado lá é o foco principal.

Aplicações:
1. Por que Raquel chora?
         “A referência à tristeza materna é seguida por um apelo à esperança. As mães não devem mais chorar! Devem considerar o que Yahveh está fazendo. Ele está preservando o seu povo; o povo retornará do cativeiro depois de experimentar a disciplina.”[2] O ponto principal da passagem é que há esperança para o futuro. O Senhor não se esquecerá de seu pacto e de suas promessas. O sofrimento e a tristeza são necessários.
         O pranto de Raquel, na alusão de Mateus 2.18, é uma conexão entre o passado e o presente na história do povo de Deus, em que, para Deus levar adiante o propósito pactual surtiam circunstancias que traziam angústia e lágrimas assim como aqueles que violaram o pacto, e foram castigados, trouxeram angústia e lágrimas aos seus familiares.[3]
Raquel chora, porque não conhece o que Deus está fazendo, assim como muitas mães e pais choram hoje em dia por não conhecer a Palavra de Deus. E não conhecem porque não leem! Seu sofrimento é aumentado muitas vezes mais pela ignorância do consolo que a verdade de Deus nos trás.

2. Quem conduz a história? Quem conduz a nossa história pessoal?
         Ainda que todos os filmes de Hollywood dizem e insistentemente repetem que nós mesmos fazemos a nossa própria história. Isso não passa de balela, presunção e auto-engano. A verdade límpida das Escrituras é que todos nós vivemos nossas vidas, nossas histórias na presença de Deus e a ele iremos prestar contas de tudo.
As comemorações modernas do Natal podem ofuscar nossos olhos, enganar nossos corações e podem até nos enganar e nós gostarmos disso tudo. Mas não se iluda, o propósito final é fazer você se esquecer de Deus, e depois de estar saturado de todo esse brilho e discursos vazios, ensinar para seus filhos e netos que é isso mesmo, e se esquecer de testemunhar para eles a verdade da história: O Natal existe por causa de Jesus Cristo, de sua cruz e de sua salvação.
Não se iluda. Pois pode ser que você venha a chorar feito Raquel. Não porque os Herodes do mundo vieram bater na sua porta, mas porque seus filhos se tornaram desobedientes a Deus com a sua ajuda! Exatamente como aconteceu com Israel e Judá.

3. A nossa esperança está no futuro, naquele que já veio, e que novamente virá, pois voltará para nós!
         Entretanto, e isso é mais importante. Se você vive pela fé e procura construir sua casa em torno da vida cristã piedosa, todas as notas tristes de sua história receberão o consolo da eternidade, pois Deus é o salvador, o resgatador, aquele que muda a história das pessoas derramando sobre elas essa graça irresistível de seu amor perdoador.
Olhe com fé para o futuro e ensine para os seus filhos e netos a olharem também. Tire os olhos do brilho passageiro dos enfeites, das festas, dos presentes e coloque-o no Filho de Deus, que já veio uma vez (cumprindo as Escrituras) e voltará novamente com poder e glória (cumprindo as Escrituras).

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[1] Bill T. Arnold & Bryan E. Byer. Descobrindo o Antigo Testamento. ECC, p. 393. Gerard Van Gronigen. Revelação Messiânica no Antigo Testamento, ECC, p. 675.
[2] Gerard Van Groningen. Revelação Messiânica no Antigo Testamento, ECC, p.680.
[3] Ibid, p.680.

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