Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
07 = 2 Pedro 1.16 – A Doutrina e a Mensagem do Segundo Advento. (12/09/2012)
Grupo de Estudo do Centro – Fortalecendo
a Fé dos Cristãos
Liderança:
Pr. Hélio O. Silva e Sem. Rogério Bernardes.
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2 Pedro – Sermões Expositivos – D. Martin
Lloyd-Jones,PES, p. 86-110.
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Introdução:
Pedro está escrevendo uma carta pastoral para cristãos
em dificuldades com o objetivo de fortalecê-los na fé cristã (1.10). O tema
central de sua epístola é a segunda vinda de Cristo (Segundo Advento). Esse
verso é muito importante porque nos apresenta a doutrina e a mensagem do
segundo advento.
A fé e o ensino da segunda vinda de Cristo é o que
movia a fé da igreja para frente. É uma das doutrinas centrais da fé cristã. O
conceito liberal da fé cristã diminuiu a importância das doutrinas bíblicas ao
subtrair delas o seu aspecto sobrenatural. A fé evangélica defende a volta
sobrenatural e real de Cristo novamente sobre a terra dando-lhe um lugar
primário e central no corpo de suas doutrinas. O liberalismo quebrou o
sentimento de urgência explícito no Novo Testamento quanto à segunda vinda de
Cristo. O sentido de urgência do Novo Testamento fica explícito no entendimento
cristão de que nesse momento vive em dois mundos, um passageiro e transitório e
o outro eterno e permanente. A vida nesse mundo é apenas temporária. A pergunta
a ser respondida é: Por que não somos dominados por essa certeza como os
crentes do Novo Testamento eram?
I.
Uma Resposta Dupla às dúvidas
concernentes à segunda vinda de cristo.
1) Uma resposta
geral: Há uma negligência generalizada dessa doutrina na vida da igreja.
A doutrina da segunda vinda de Cristo se tornou
impopular porque as pessoas perderam o interesse por doutrinas, uma vez que seu
anti-sobrenaturalismo entende as doutrinas cristãs como ofensas ao seu bom
senso e algo ridículo para se crer. Para estes, o evangelho não passa de uma
moralidade geral, uma vaga filosofia de vida. Cristianismo significa dedicar-se
ao levantamento moral da sociedade, nada mais. Por causa disso, todas as
doutrinas bíblicas sobrenaturais são atacadas e ridicularizadas: a trindade, a
expiação vicária de Cristo, o Espírito Santo, o segundo advento, dentre outras.
Há três razões para essa negligência:
a)
A ênfase da
psicologia em questões puramente pessoais.
A psicologia ensina às pessoas que elas devem se
preocupar somente com o seu próprio bem estar e deixar de lado os aspectos
gerais da fé. Essa crença estimula o individualismo.
b)
Uma
interpretação não literal da segunda vinda de Cristo.
Alguns propõe que a segunda vinda de cristo seja
entendida como a queda de Jerusalém no ano 70 dC ou a vinda do Pentecostes
conforme descrito em Atos 2. Para estes a segunda vinda já aconteceu e não será
um evento ainda futuro. Essa posição favorece o hedonismo.
c)
O relaxamento
indolente da fé cristã no decorrer da história.
A parábola das dez virgens em Mateus 25 nos relembra
do quanto podemos ser letárgicos na perseverança e vigilância de nossa fé. Isso
provoca o esfriamento da fé diante da pressão do tempo de espera.
2) Respostas
específicas: O esquecimento da doutrina e/ou a sua excessiva exposição.
Como visto acima o esquecimento é uma causa da
negligência, todavia o oposto também é verdade: A super-exposição da doutrina.
Algumas pessoas a enfatizam tão zelosa e descontroladamente que a doutrina
verdadeira sofre em suas mãos. O interesse mórbido e doentio é tão perigoso
quanto nenhum interesse. As pessoas se concentram tanto “nos tempos e nas
estações”, fazendo contas sem fim, fundando novos movimentos com novas interpretações,
praticando um dogmatismo irrefletido que a doutrina adquiriu má fama dentre os
cristãos e a própria sociedade em geral. O interesse desmedido pelo “como” e
pelo “quando” em detrimento do “fato em si” da segunda vinda depõe contra a
verdade da fé cristã.
Dentro do cristianismo a doutrina da segunda vinda tem
sido esquecida por causa da tendência geral de ignorar doutrinas como um todo,
mas também pelo fato do temor de se estimular o que é falso devido a uma
exposição desmedida e sem equilíbrio.
3) Qual o ensino
geral da doutrina da Segunda Vida?
a)
Cristo voltará
pessoalmente.
A vinda de Cristo novamente à terra é um fato real. O
Novo Testamento ensina que Cristo virá pessoalmente e não como uma influência
através da publicação da Bíblia e sua influência nas pessoas. Quem virá será
ele pessoalmente.
b)
Cristo voltará
fisicamente.
A sua vinda não foi a descida do Espírito Santo no
Pentcostes (ainda que seja verdade que ele tenha vindo com o Espírito Santo. O
Novo Testamento nos exorta a esperarmos o próprio Cristo (Tt 2.13). e não o
Outro Consolador, que é o Espírito Santo.
c)
Cristo voltará
visivelmente.
Todo o olho o verá (Ap 1.10). Ele será visto vindo
entre as nuvens (Mt 24). Não como uma influência, não como um efeito
espiritual, mas o mesmo que foi assunto ao céu diante dos olhos de seus
discípulos.
d)
Cristo voltará
repentinamente.
Embora ocorram sinais, os mesmos não
determinam o momento exato. Ele virá como um ladrão e será como a chegada das
dores de parto a uma mulher grávida (I Ts 5). Por isso existe o perigo real de
dormirmos e não vigiarmos.
e)
Cristo voltará
em majestade e glória.
Sua primeira vinda foi humilde, vindo em humilhação,
como um servo e na semelhança de carne pecaminosa, mas sem pecado. Entretanto a
sua segunda vinda será um acontecimento glorioso e pleno de sua majestade. Ele
virá em poder, rodeado por seus anjos ao som de trombetas e na plenitude da Sua
Pessoa divina.
4) Qual o
propósito de sua vinda?
O propósito da segunda vinda é liquidar os negócios e
quefazeres desse mundo e dar cabo do tempo. O mundo não existe desde toda a
eternidade e não durará eternamente como o conhecemos agora.
Ele virá para realizar a ressurreição final. Todos ressuscitarão,
bons e maus; sua ressurreição será para o juízo final. Os inimigos de Deus
serão condenados e definitivamente eliminados da vista de Deus. A criação como
a conhecemos será destruída e haverá um novo céu e uma nova terra. Isso
introduzirá o estado de glória eterna final na presença de Deus.
II.
a Mensagem fundamental da
segunda vinda de cristo.
Por essa razão a doutrina da segunda vinda de Cristo é
relevante no fortalecimento da fé dos cristãos. Ela lida com a incredulidade
dos de fora e com a fé abalada dos de dentro da igreja. Para os de fora parece
que a fé falhou e por isso a irreligiosidade e a falta de temor explicam o
estado degradante da sociedade contemporânea. Na igreja muitos estão
abertamente inquietos e definhando em sua fé.
O objetivo de Pedro é apontar a segunda vinda de
Cristo como resposta a esses conflitos. Qual a mensagem da segunda vinda
afinal?
1.
Ela é um pronunciamento do plano de salvação
idealizado por Deus.
Temos ignorado a verdade de que Deus tem um plano idealizado
quanto à salvação, o qual está presentemente em andamento na história da
humanidade. Temos nos tornado muito subjetivos quanto a isso devido a situação
do mundo e as contribuições da psicologia, que enfatizam os sentimentos das
pessoas e sua necessidade de segurança pessoal no presente e ignoram o todo da
vida.
Todavia a Bíblia revela o fato de que Deus arquitetou
um plano de criação-queda-redenção e mapeou sua execução pelos caminhos da
história. Deus vê o fim desde o princípio. Chamou a Abraão e com fez uma
aliança; Livrou a Israel do cativeiro egípcio e o introduziu na terra
prometida; Preservou o remanescente fiel em meio à apostasia israelita e
judaica, mesmo durante o cativeiro babilônico e o período interbíblico. Na
plenitude dos tempos (Gl 3) ele enviou o seu Filho como redentor do seu povo.
Ele nasceu, viveu e foi crucificado, depois ressuscitou ao terceiro dia e ascendeu
ao céu. O espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes como fora
prometido.
A doutrina da segunda vinda enfatiza que esse plano de
salvação ainda não terminou, mas encontra-se em execução. Tudo Fo previsto e
cumprido segundo o programa divino; tudo o que Deus planejou foi cumprido, e o
que ainda tem planejado acontecerá no tempo determinado por ele.
A salvação não é algo fortuito e contingencial,
dependente e limitado por circunstâncias do mundo e do tempo. Nossa atenção
deve se fixar no plano e não nas contingências do nosso tempo mundo, porque o
fim é tão certo como o começo.
2.
Lembrar a realidade e o terrível poder do mal.
O poder do mal é tão grande que os crentes salvos
seriam derrotados por ele, não fosse a segunda vinda de Cristo. Nenhum ser
humano é suficientemente capaz de lidar com o mal; é preciso que o Senhor volte
para que o mal receba o tratamento final. Nesse mundo há duas forças poderosas:
O Reino de Deus e o reino de satanás. Essa verdade é deprimente e o mundo tenta
suavizá-la ao máximo. O maior inimigo da humanidade e do evangelho é aquele
indivíduo superficial que procura provar que as coisas não são tão más, pois
ignora que a terrível realidade é o poder do pecado agindo corruptoramente no
mundo.
3.
Enfatizar o inevitável conflito entre o reino de Deus
e o reino do mal.
Deus e o mal estão em conflito. O poder do mal entrou
nesse mundo, odeia a Deus e se contrapõe a ele. O único objetivo de satanás é
destruir e arruinar (não somente danificar) completamente a obra de Deus. Por
outro lado, Deus é bondoso e benéfico, permanecendo como o poder soberano muito
acima do poder e ação de satanás.
Como satanás entra em confronto com Deus e o
evangelho? (a) Pelos governos desse mundo; (b) Pelas religiões falsas; (c) Pelas
filosofias de nosso tempo (materialismo, idealismo que exclui Deus; teorias
políticas, econômicas, sociais etc).
4.
Falar sobre o curso do conflito entre Deus e o mal.
Há uma periodicidade na administração desse conflito. Há
épocas de florescimento do evangelho intercalados com períodos terríveis de
trevas e obscuridão. Deus sempre tem intervindo nesse ciclo com períodos de
reavivamentos espirituais.
Por outro lado esse conflito recrudescerá e se tornará
uma crise irremediável com um ápice apocalíptico. A Bíblia nunca proclamou um
melhoramento gradual do mundo pela influência cristã, mas inequivocamente
apontou para um conflito apocalíptico, escatológico e crítico da história
humana na terra.
5.
Apontar para a certeza da vitória final de Cristo e
sua causa.
O
fim é certo, Cristo reinará; sem dúvida e sem incertezas.
Conclusão:
(1) Quando acontecerá a segunda vinda? Não sabemos (Marcos 13.32). O Novo Testamento ensina
sobre o elemento inesperado e surpresa da segunda vinda, portanto, devemos
estar preparados para ela. Isso parece incrível, mas é totalmente certo que
será assim. Logo, devemos estar preparados e vigiar e orar; crer e ter
consciência de sua veracidade bíblica. Não devemos cometer o erro de ignorar
essa promessa, nem tampouco nutrir um interesse doentio e mórbido por ela.
(2) Qual a nossa tarefa então? Segundo Lloyd-Jones não tentar melhorar o mundo, mas
anunciar-lhe o evangelho da salvação que nos desarraiga desse mundo perverso e
nos coloca no reino eterno de Cristo (Gl 1.3-5).
(3) Como agir diante do mundo? Não ficarmos surpresos nem desconsolados e nem nos
tronarmos inativos, mas viver e anunciar o evangelho transformador de Cristo
perante mundo e anelarmos o dia de sua
vinda.