Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Grupo de Estudo do Centro – Fortalecendo a Fé dos Cristãos
Liderança:
Pr. Hélio O. Silva e Sem. Rogério Bernardes.
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03 = 2 Pedro 1.5-7 – A Vida Equilibrada. 22/08/2012
2 Pedro – Sermões Expositivos – D.Martin
Lloyd-Jones,PES, p. 35-47.
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Introdução:
Nos versos anteriores Pedro nos lembrou do glorioso
caráter da “fé preciosa”. O ensino a seguir é a seqüência lógica, ou seja,
tendo recebido a dádiva da fé preciosa temos todas as condições necessárias
para viver uma vida cristã produtiva e eficaz.
I.
na vida cristã a ordem em que
as coisas são colocadas é algo absolutamente vital.
a) “Por isso”.
O que vem a seguir é conseqüência direta d que foi
dito antes. O apóstolo não nos pede que façamos nada antes de primeiramente
salientar e repetir o que Deus fez por nós em Cristo. O evangelho não é apenas
a manifestação de uma fé geral acrescida da prática de algumas virtudes. O
evangelho genuíno, em primeira instância não é uma exortação para que façamos
algo; primeiramente ele é proclamação daquilo que Deus já fez por nós em Cristo
(p. 36).
1º) O evangelho mostra que o homem não pode fazer nada
para salvar-se, pois sem Cristo está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1; Is
64.6). O evangelho não está interessado em nenhuma de nossas ações ou conduta
enquanto não recebermos a Cristo e nos tornarmos cristãos. Não há salvação na
confiança em boas obras!
2º) Antes de o homem ser chamado para fazer algo, é
preciso que tenha recebido algo de Deus: Cristo. Sem vida não é possível haver
atividade, logo, a vida cristã começa com o novo nascimento em Cristo. Tudo o
que nos conduz à vida e à piedade nos foi dado em Cristo (v.3; Ef 2.8,9).
b) Acrescentai
(“associai”).
É porque Deus nos deu a vida em Cristo por meio de uma
“fé preciosa” que podemos nos esforçar diligentemente e associar a ela as
virtudes enumeradas por Pedro a seguir. Diante disso devemos evitar dos erros
extremos muito comuns: Achar que somos cristãos somente por nossos próprios
esforços (justificação pelas obras) e achar que uma vez que não podemos fazer
nada por nós mesmos então não temos nada para fazer (passividade, antinomismo).
A ordem lógica proposta por Pedro aqui retrata o
equilíbrio do evangelho: Deus nos dá a capacidade interior que torna tudo
possível. Sem a ação de Deus a ação do homem é nula, mas uma vez que Deus nos
agraciou com a salvação devemos nos dedicar diligentemente com toda energia ao
cultivo espiritual e ao desenvolvimento da vida cristã. Essa ordem lógica é de
imensa importância.
II.
as virtudes da vida cristã
equilibrada.
a) A palavra
“acrescentai” = “associai” (ARA).
A melhor tradução é “suprir, fornecer, proporcionar”.
Era usada para demonstrar a habilitação do coro em conexão com as peças gregas.
Referia-se a alguém que custeava tudo o que era necessário ao bom funcionamento
do coro para que as peças pudessem ser mais bem apreciadas. Fala do suprimento
que proporciona e revela harmonia entre as partes.
Pedro não fala de um somatório mecânico simples, mas
fala de um todo perfeito, um perfeito equilíbrio entre a graça de Deus, a fé e
as virtudes decorrentes da fé que leva a um resultado perfeito.
b) As virtudes
cristãs podem ser agrupadas sob três títulos.
Essa
lista trata da vida cristã de forma abrangente e completa e tudo fundamentado
na fé.
1. As virtudes relacionadas ao caráter de nossa fé:
Virtude e conhecimento.
“Virtude”
não se refere apenas as excelências do caráter, mas poder moral; significa o
vigor moral, a energia moral que nos move. Portanto Pedro se refere a uma fé
viva, vigorosa, repleta de energia. Isso contrasta com a vida moral passiva e
frágil de muitos cristãos ao ponto de se perguntar se há realmente alguma
diferença entre o que praticam como cristãos com aquilo que os não cristãos
praticam.
Para alguns, viver pela fé não passa de
uma atitude passiva de espera pelo que vem; por isso a lassidão e a letargia
espiritual caracterizam a sua fé. Pedro diz que associada à nossa fé deve haver
uma virtude moral viva e enérgica!
Na opinião de Lloyd-Jones “conhecimento”
diz respeito a discernimento, entendimento e esclarecimento. O vigor moral da
fé deve ser controlado e qualificado por inteligência esclarecida. A fé não é
nem ingênua nem impulsiva diante do mundo, ela é munida de autocontrole e tirocínio
claro. A experiência pessoal de Pedro deve ser levada em conta. Ele era
impulsivo e fazia declarações de fé que não conseguia cumprir. Ele possuía uma
energia descontrolada que foi transformada quando sua alma foi tomada pela fé.
Se a nossa fé tiver vigor sem conhecimento tenderá a abraçar o ativismo sem
efetividade. Antes toda a nossa atividade espiritual precisa ser sempre
controlada pelo entendimento.
2. As virtudes relacionadas às nossas disposições
interiores: Domínio próprio e perseverança.
As disposições de nosso ser interior são
“temperança e paciência”. São disposições pelas quais devemos vigiar o tempo
todo. Conquanto tenhamos Cristo no evangelho há disposições pecaminosas em
nossa alma que lutam contra a presença e a ação do Espírito Santo em nós (Gl
5.16,1-18). Lutamos constantemente contra o mundo, a nossa carne e o diabo.
Devemos exercitar domínio próprio e paciência perseverante diante de provações,
privações e tribulações, mas também diante do sucesso a fim de não cairmos nas
armadilhas do orgulho, cobiça e paixões. Mortificar a carne é nossa tarefa
nesse quesito em particular (Cl 3.5-11; Gl 5.24). Essa autodisciplina é pedida
àquele que já conhece o Senhor.
Além disso, a paciência, a resistência
na peleja cristã diz respeito à nossa postura frente ao mundo externo e
pecaminoso. Deve haver firmeza na fé, perseverança. Pedro mesmo afirmara que
não abandonaria a Cristo e depois o negou três vezes (Lc 22). Pedro aprendeu
que não tem grande valor em se fazer grandes declarações de fé e grandes
promessas, se não as cumprirmos. Devemos cultivar um caráter que seja
resistente e que suporte com paciência perseverante todas as provas.
3. As virtudes relacionadas à nossa relação com os
outros: Piedade, fraternidade e amor.
As três últimas disposições dizem respeito aos nossos
relacionamentos. Piedade para com Deus e na forma de tratar os outros. Nossa
relação com Deus vem sempre primeiro lugar, e esta determina o formato de todas
as outras. A disciplina enumerada anteriormente só em sentido se aplicada para
o bem de nossos relacionamentos interpessoais. Piedade para com os outros,
fraternidade e amor devem permear nossas relações dentro da igreja. Impaciência
uns para com os outros, falta de fraternidade e desamor arruínam qualquer grupo
cristão e qualquer igreja!
Conclusão:
Cada uma dessas qualidades acrescenta algo às outras e
contribui com algo para elas; cada qual tem sua importância própria e, contudo,
cada uma influencia as outras. É preciso ter vigor moral, mas controlado pelo
entendimento; é preciso ter domínio próprio, todavia associado a paciência e
perseverança; é necessário praticar piedade e fraternidade, entretanto, plenos
de amor.
A vida cristã para ser eficaz no seu testemunho
precisa ser dotada de harmonia no sentido de equilíbrio e proporção. Um remédio
só é eficaz se seus ingredientes curativos componham sua fórmula dessa maneira;
com equilíbrio e proporção apropriados; senão poderão fazer mal e não bem. Cada
ingrediente é importante e exerce sua ação particular, mas só poderá fazê-lo se
agir sinergisticamente em relação aos demais, ou seja, se cooperar ajudando aos
demais.
É assim que deve ser na vida cristã, tudo deve ter
equilíbrio e proporção a fim de tornar eficaz o nosso testemunho.