INTRODUÇÃO
Decidimos
discorrer sobre o tema: A Família da Aliança este mês. Uma leitura apropriada
para o acompanhamento das palestras é o livro “A Família da Aliança” de Herriet
e Gerard Van Groningen da ECC (1997).
1. 01/07 = A Família da Aliança.
As famílias numa
encruzilhada: Qual o conceito correto de Família?
= Rev. Jonas C. Ferreira.
2. 08/07 = O Reino de Deus e a Família.
O Lugar da Família no
cumprimento dos mandatos divinos da criação.
= Rev. Milton Rodrigues Jr.
4. 22/07 = Adultos Solteiros e a Família da Aliança.
As Opções e as escolhas
bíblicas para aqueles que “preferiram” não se casar.
= Bel. Miguel Rios.
5. 29/07 = O Culto No Lar da Família da Aliança.
= Presb. Alexandre Lustosa.
Andando com eles para que eles
andem com Deus.
E
hoje:
3. 15/07 = O Casamento é Uma
Aliança.
Somos de fato pessoas separadas unidas apenas por uma assinatura em um
papel?
= Rev. Helio O. Silva
Muitos
intelectuais de nosso tempo tratam o casamento como um empecilho para a
liberdade humana e que a recomposição dos valores familiares passa pela
destruição do conceito cristão de casamento e família. Valores econômicos são
muito mais importantes que casamento, comportamento e valores morais.
O nosso
conceito e a vivência do casamento são fundamentais para o sustento da família
que vive dentro da aliança com Deus. Isso ocorre pelo fato de que o “casamento
é o meio pelo qual Deus nos fez nascer e viver como uma família da aliança”.[1]
Não existe uma família da aliança sem um casamento dentro da aliança e regido
por ela.
PROPOSIÇÃO
Por isso nossa
proposição é muito simples, direta e clara: O Casamento é uma Aliança e não a
expressão legal que une duas pessoas diferentes num contrato pela assinatura
num papel. Levantemos 3 questões quanto a esse assunto:
I.
COMO DEFINIR O CASAMENTO?
Há apenas uma
visão bíblica do casamento, mas podemos discuti-la de vários pontos de partida:
1)
Uma
cerimônia pública.
Como tal pode
ser celebrada num templo ou num clube. Pode ser feita com simplicidade e a
informalidade de uma casa entre uns poucos membros da família. Para ter
validade pública bastam a presença do casal, de um juiz e de duas testemunhas.
Mas a cerimônia pública não é tudo que um casamento é.
2)
Uma
atividade social, legal e autorizada.
Por ser
público, o casamento cumpre expectativas legais do estado e da sociedade. O
casamento como atividade social aproxima famílias e cria vínculos de
sustentação para a vida em sociedade. Mas há algo mais.
3)
Uma
instituição.
Como instituição o casamento é um elemento básico na sociedade, por
isso conta com a proteção e os incentivos públicos. Nenhuma forma de união
civil produz em termos práticos a sustentação social que o casamento entre um
homem e uma mulher produz. Todavia, instituições podem mudar ou ficarem
obsoletas forem apenas isso!
4)
Não pode ser
visto como um contrato.
No mundo dos negócios, um
contrato é o estabelecimento de uma aliança temporária que poderá ser desfeita
quando os objetivos forem alcançados ou se falhar o empreendimento. Um contrato
se baseia em caçulos e podem incluir exceções ou reservas.
O
casamento não é só um contrato legal, uma assinatura num papel, embora leve em
conta esse fato. O casamento jamais pode ser visto como um arranjo legal para
satisfazer as dimensões legais da vida, podendo ser cancelado a qualquer
momento caso alguma das partes não se sinta satisfeita com os resultados não
obtidos e expectativas frustradas. Há mais questões envolvidas!
5)
Nunca é uma
tentativa temporária ou um experimento.
Visto como uma
tentativa temporária o final ficará em aberto. Muitos casamentos já morrem na
raiz, porque não tem propósito definido, são apenas tentativas de ser feliz com
alguém. Basta uma frustração qualquer para se ter a permissão de desfazê-lo. É
que mais tem acontecido entre nós.
Ilustração: Perguntaram jocosamente a Adriane Galisteu depois dela
ter gasto R$ 500 mil no seu casamento se era para sempre. A resposta também
jocosa foi que não; era só enquanto ela fosse feliz. Divorciou-se 6 meses
depois.
Uma
estatística interessante esse aspecto é a que mostra que os casais que mantém
relações sexuais antes do casamento são os que mais se divorciam. A razão
básica é porque fizeram do casamento um experimento, uma tentativa.
II.
O CASAMENTO É UMA ALIANÇA.
Embora todas
as considerações anteriores compõem nosso conceito de casamento precisamos
afirmar categoricamente que o casamento é uma aliança.
Segundo as
escrituras uma aliança envolve compromissos, promessas e provisões para a
continuidade. Isso tudo selado por uma palavra, um juramento solene.[2] Veja como Moisés colocou essa questão quanto
à nossa aliança com Deus em Deuteronômio 29.14,15:
14Não é somente convosco que faço esta
aliança e este juramento,
15porém com aquele que, hoje, aqui,
está conosco perante o SENHOR, nosso Deus, e também com aquele que não está aqui,
hoje, conosco.
O juramento
público e solene fez da aliança, no seu todo, uma realidade certa para as
gerações futuras.[3]
O conceito
básico de aliança é o vínculo de relacionamento real e vivo que Deus
estabeleceu com o homem e a mulher quando os criou à sua imagem e semelhança.
Deuteronômio 7.9 nos diz que esse vínculo é de amor e vida. Um detalhe que não
pode escapar é que a administração dessa aliança não foi entregue aos homens,
mas é soberanamente administrada porque Deus disse a Abraão: “Anda na minha
presença e sê perfeito. Guardarás a minha aliança, tu e a tua
descendência...” (Gn 17.1,9).
A aliança não
fica sendo apenas o vínculo, mas também um recurso administrativo pelo qual
Deus cumpre a sua vontade em nossas vidas, ou seja, por meio da aliança Deus
cumpre suas promessas e mostra o que pretende fazer em favor dos que vivem
dentro da aliança. A palavra escolhida por Deus para exemplificar essa relação
de vida-amor-benção com o seu povo é: Casamento.
Logo, há cinco
questões que precisamos afirmar e estabelecer em nossos lares: O que é uma
aliança?
1)
Uma entrega
total de cada um para o outro.
O casamento é
o vínculo de amor e vida que une um homem e uma mulher que estão unidos para o
resto de suas vidas até que a morte os separe.
Gênesis 2.24
usa a palavra “unir” para o estabelecimento desse vínculo. Unir é colar. A cola
que mantém o casamento unido não é somente o amor (que é importante), mas, em
primeiro lugar, é a entrega total de cada um para o outro. Entregar-se é
submeter-se. Essa submissão de um para com outro é a cola que cria a unidade
familiar do casamento.
2)
Uma promessa
mútua.
Quando
falamos de promessa pensamos naquela promessa mútua de entrega ao outro que
inclui a recepção da entrega do outro como ele é. A aliança bíblia não trata de
pessoas ideais ou de expectativas surreais das nossas mentes, ela trata de
pessoas reais, como elas são.
3)
Uma compreensão
do compromisso requerido.
Ao entrarmos
numa aliança precisamos estar conscientes do significado da aliança. O que se
espera de nós, qual o nosso papel, quais as nossas responsabilidades mútuas?
4)
Um
compromisso solene selado pela palavra.
Uma vez que a
submissão é voluntária, precisa ser amadurecida de ambas as partes. Esse é o
propósito da promessa ser feita de forma solene e pública e selada pela palavra
da promessa. O compromisso é feito diante de Deus e das pessoas convidadas para
estarem presentes. Dizer “sim” ao casamento é fazer um juramento de promessas e
responsabilidades juntos.
5)
Um
compromisso de estabelecer um lar juntos.
Um lar tem
quatro móveis básicos: Fogão e pia; sofá e cama de casal. Estes serão
compartilhados pela família inteira a vida inteira. Eles representam o
sustento, a manutenção, a vida social e o relacionamento sexual do casal. Além
disso, a vida sexual proverá provisão e continuidade. Na família da aliança
haverá filhos, que são herança do Senhor (Sl 127).
O casamento é
uma aliança estabelecida por Deus e vivida diante dele como expressão simbólica
da união de Deus e o seu povo por meio de um amor real, por isso ele conta com
bênçãos especiais da parte de Deus. Deus não quebra a sua aliança e não nos
permite pensar em quebrar as nossas. Deus não se divorcia de nós (Sl 50.1) e
não permite que nos divorciemos uns dos outros também.
Outras opções;
falhas; desapontamentos; não são justificativas válidas para um divórcio. E até
mesmo as duas que existem podem ser quebradas pelo perdão cristão.
III. BASE BÍBLICA DO CASAMENTO COMO UMA ALIANÇA.
1)
Deuteronômio
7.
Ao entrarem na
terra Israel não deveria se casar com os pagãos. Ele não proibiu o casamento,
ele proibiu o casamento com os idólatras que não o conheciam e nem à sua
aliança. Na conquista eles deveriam destruir totalmente os moradores idólatras
da terra (v.2-4). O casamento misto era proibido exatamente para evitar a
deserção espiritual do povo de Deus (v.4). O casamento misto é interpretado nas
escrituras como insubmissão a Deus. Deus dá duas razões para isso: O seu povo
deve ser santo (v.6) e porque ele nos ama (v. 7,8). Porque Deus guarda a
aliança, devemos guardar também (v.9-12).
2)
Malaquias 2.
14E perguntais: Por quê? Porque o
SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a
qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
15 Não fez o SENHOR um, mesmo que
havendo nele um pouco de espírito? E por que somente um? Ele buscava a
descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja
infiel para com a mulher da sua mocidade.
16 Porque o SENHOR, Deus de Israel,
diz que odeia o repúdio e também aquele que cobre de violência as suas vestes,
diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais
infiéis.
Deus odeia o
repúdio e foi testemunha de nosso casamento. Ele fez apenas um casal e um
casamento e deseja que seja assim conosco também. Quando se multiplicam os
divórcios na igreja e as razões enumeradas são as mais diversas Deus levanta a
mão e diz basta!
Não podemos
concordar com os abusos que muitos maridos e muitas mulheres cometem contra os
seus cônjuges. O texto de Malaquias diz que Deus odeia tanto o divórcio quanto
a violência (inclusive a doméstica) mas em nome de Cristo eu digo aos irmãos:
Cuidado marido! Cuidado esposa! Se é pelas suas mãos que seu casamento s
enveredou pela ladeira abaixo, porque o que vocês vão encontrar lá embaixo será
apenas destruição e não contará jamais com a aprovação de Deus. Por isso
arrependam-se e se reconciliem por meio de uma mudança radical no seu
comportamento dentro de casa com o seu cônjuge!
3)
I Coríntios
7.
Paulo trata do
casamento em geral e do caso específico de conversões após o casamento por
parte de apenas um dos cônjuges. Paulo afirma que por causa da continuidade da
aliança Deus abençoa o incrédulo por amor do crente e de seus filhos (v.14).
Embora o (a)
convertido não possa ter certeza da conversão do cônjuge incrédulo, pode ter
esperança de que isso aconteça pela observação do comportamento cristão de quem
foi convertido (I Pe 3.1,2). Todavia essa esperança só é válida para quem se
converteu já casado, para os que pretendem se casar vale as advertências de
Deuteronômio 7 e de I Coríntos7.16: Como sabe se salvará o teu marido ou
esposa?
4)
Efésios 5 e
I Pedro 3.
Essas duas
passagens mostram o significado do casamento e suas implicações para cada
cônjuge. Traçam seus papéis e mostram a relação de analogia (comparação) do
casamento com a aliança divina. São os padrões de Deus para o casamento
cristão. Efésios 5 define o casamento como a entrega da esposa aos cuidados do
marido e a entrega amorosa e sacrificial do marido em favor da esposa. I Pedro
define o casamento como uma relação baseada na vida interior devotada a Cristo
e não em enfeites exteriores Enfatiza o valor da esposa e do marido. Sara
chamou Abraão de “seu senhor” e o marido deve ter consideração para com a
esposa tratando-a com dignidade. A palavra dignidade ter a ver com o valor de
uma jóia. A mulher para ter valor precisa ser digna dele, e o marido que não vê
o valor da jóia que sua esposa é não tem discernimento.
Aplicações:
Segundo Jim e Sally Conway, nenhum
casamento é perfeito, mas nem um é sem esperança.[4]
Podemos melhorar nossa relação conjugal se:
1)
Focalizarmos
nosso cônjuge.
Muitos
desentendimentos surgiram e continuam surgindo porque o seu foco mudou do
cônjuge para si próprio.
Ilustração: O filme Beleza
Americana mostra que os casamentos se arruínam porque mudamos o foco do
nosso amor para as coisas, projetos e desejos. Isso é exemplificado no belo
jardim de rosas vermelhas da esposa e nos desejos adulterinos do marido por uma
adolescente banhados a pétalas de rosas vermelhas.
2)
Alimentar e
querer bem ao nosso cônjuge.
Trate bem o
seu cônjuge e alimente o seu amor por ele e o dele por você. Ouça o que a sua
esposa diz. Não tente mudar o seu marido em tudo!
3)
Desenvolver
os interesses comuns, reconstruindo-os ou descobrindo os que não foram
descobertos.
Não nos
afastemos um do outro. Deus quer que sejamos benção juntos. A vida na igreja é
um catalisador abençoador para a formação de interesses comuns.
4)
Confiando em
si mesmo (a) no seu cônjuge e em Deus.
Somos pessoas
reais com pecados reais. Somos pecadores reais que desfrutam de um perdão real.
Vivemos debaixo de um perdão real para praticarmos um amor real. Amor real e o
que praticamos por meio de atos reais e na de promessas tolas.
Deus não
mentiu pra você, não minta para si mesmo e nem para os outros. Arrependa-se se
errou e volte a praticar o que levou o seu cônjuge a se encantar por você.
Perdoe se reconhece o arrependimento. Aprenda a ser grato e ver o melhor mais
vezes e o ruim menos vezes.
Conclusão:
Hebreus 13.4
diz: “Digno de
honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus
julgará os impuros e adúlteros.”
Algumas
conclusões são claras;
1.
O casamento é digno de honra.
2.
O casamento deve ser honrado entre todos nós.
3.
O leito do matrimônio não deve ser maculado.
4.
O que macula o matrimônio é a imoralidade e o
adultério.
Que o
adultério é perigoso para a estabilidade do casamento todos sabem, mas o que é
impureza? O autor de Hebreus é muito objetivo ao dizer que existem impurezas
que podem manchar a vida sexual de um casal além do próprio adultério. Contudo,
não podemos confundir impurezas com desajustes. Os desajustes podem ser
evitados e corrigidos se tivermos e mantivermos uma sólida compreensão bíblica
do casamento e da família.
As impurezas e
o adultério devemos tratar por meio do arrependimento, da disciplina e da
mudança de comportamento para a glória de Deus, o bem daqueles que prometemos
amar em aliança e de nós mesmos.