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Os Afetos Como Evidência da Verdadeira Religião (1)


Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Grupo de Estudo do Centro – Uma Fé Mais Forte Que As Emoções
Liderança: Pr. Hélio O. Silva e Sem. Rogério Bernardes.
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Exposição 02 = Os Afetos Como Evidência da Verdadeira Religião 10/08/2011
Uma Fé Mais Forte Que As Emoções – Jonathan Edwards (p. 41-46)
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“Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, crêem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa” (I Pedro 1.8).
Essas palavras descrevem o estado mental dos cristãos a quem Pedro escreveu sua epístola. Eles experimentavam essa alegria peculiar em meio a perseguições. Nos dois versos anteriores a perseguição é descrita como provação que entristece.

As provações acarretam três benefícios espirituais para a fé verdadeira:
1. Mostram o que é a verdadeira religião.
As provações tendem a fazer distinção entre o falso e o verdadeiro testando a fé autêntica do mesmo modo que o fogo testa o ouro. A fé testada e aprovada “resultará em louvor, glória e honra” (v.7).
2. Destacam a beleza e a atração dessa fé genuína.
A virtude fica mais bonita quando é oprimida. Isso quer dizer que as provações vencidas colocam em relevo as excelências divinas do cristianismo.
3. As provações purificam e intensificam a fé verdadeira.
O resultado das provações não se limita a mostrar que a fé de alguém é verdadeira, mas também a libertam de influências falsas. O real é separado do ilusório.

O sofrimento revelava dois exercícios da verdadeira religião:
1. Amor a Cristo.
“Mesmo não o tendo visto vocês o amam”. Embora não consiga ver, o mundo quer saber que princípio estranho é esse que leva os cristãos a se desprenderem de seu amor pelas coisas materiais do mundo e suportarem sofrimento por causa dele. O evangelho da cruz é loucura para os que se perdem, mas é sabedoria para os que estão sendo salvos (I Co 1.18ss).
O que sustentava os cristãos durante as perseguições era o seu amor por Cristo. Eles não podem vê-lo fisicamente, mas espiritualmente pela fé. Esse amor era contínuo, ou seja, praticado todos os dias por eles.
2. Alegria em Cristo.
Embora os sofrimentos externos fossem intensos, os cristãos possuíam uma alegria interior que os sustentava e os capacitava a sofrer com alegria.
Pedro fala dessa alegria de duas formas:
a) Como a alegria aparece?
Cristo é o fundamento de toda alegria. A fé verdadeira descansa em Cristo como o fundamento que lhe dá sustento e força diante de todas as provações, ainda que sejam perseguições. Embora Cristo não possa ser visto agora (momentaneamente) mesmo assim a fé depositada nele é verdadeira.
b) Qual a natureza dessa alegria?
A alegria era “indizível e gloriosa”. Indizível porque é muito diferente da alegria mundana e carnal. Essa alegria é inefável, inexprimível. Significa que tem um sentido de mistério divino que excede os poderes da linguagem e dos pensamentos.
A natureza dessa alegria é sublime, celestial, porque ela é sobrenatural, ela vem de Deus aos corações dos crentes. Por isso está acima de qualquer descrição. Ela é sublime também porque Deus a distribui com liberalidade, em grande medida quando os cristãos sofrem perseguições.
A alegria deles era repleta de glória. Enquanto se regozijavam suas mentes eram tomadas do brilho da presença de Deus e suas naturezas pecaminosas eram aperfeiçoadas em santidade. O brilho da glória de Deus não corrompe e nem perverte a mente, antes a santifica. Debaixo da graça de Deus nossas mentes e naturezas recebem beleza e dignidade.
Essa alegria antecipava de certa forma a alegria do céu elevando suas mentes a um êxtase celestial, preenchendo-os com a manifestação da glória de Deus.
A proposição: “A verdadeira religião consiste, em grande parte, de afetos santos”. Os dois afetos a serem exercitados segundo Pedro são: Amor e alegria. Amor a Cristo e alegria em Cristo.

O que significa “afetos”?
Afetos são exercícios mais vigorosos e práticos da inclinação e da vontade da alma (p.43). Deus dotou a alma de duas habilidades:
1ª) Entendimento: O entendimento é a capacidade de percepção e especulação para discernir, ver e julgar.
2ª) Inclinação (vontade): É a habilidade que governa nossas decisões de aceitar ou rejeitar algo que avaliamos. As inclinações nos transformam de espectadores indiferentes e impassíveis a agentes. Quando a inclinação determina ações, se chama vontade. Quando a mente participa do processo, chama-se coração.
Há duas formas de exercitar a inclinação: Aprovação ou reprovação. Os exercícios da inclinação podem variar de intensidade tanto negativamente quanto positivamente em termos de aprovação e desagrado. Podem ir positivamente da aprovação à aceitação; e negativamente da reprovação à rejeição.
Uma vez que Deus, o criador, ligou o corpo à alma as reações mais vigorosas podem ser ainda mais intensas afetando o corpo físico. Esses exercícios vigorosos e intensos são as afeições, os afetos. Vontade e afetos não são essencialmente elementos distintos da vontade, mas distinguem-se dela apenas por na vivacidade e sensibilidade do exercício, não na sua expressão.
Nossa inclinação dirige nossos atos, mas nem todos os atos de inclinação e vontade são chamados de afetos. A diferença entre o que é afeto e o que não é reside apenas na intensidade e na forma de ação. O que cria um afeto é o grau de atividade da vontade aprovando ou rejeitando algo.
Uma inclinação vigorosa da alma afeta também o corpo, porém a mente, não o corpo, é o local adequado dos afetos. O corpo humano sozinho não tem a capacidade de entender e pensar. Isso acontece na alma. Os efeitos das emoções no corpo não são os afetos e por isso não são essenciais para a sua existência, porque afetos não são paixões. Afeições são sentimentos superiores às paixões, porque nas paixões a mente fica subjugada às emoções e perde o controle.

Conclusão parcial:
Nossos próximos três estudos mostrarão que a verdadeira religião consiste em larga escala de afetos. São 10 observações subdivididas em 3 etapas (1-4;5-7;8-10):
1. A verdadeira religião consiste, em larga escala, de fortes inclinações e vontade.
2. Os afetos motivam os atos humanos.
3. Questões religiosas só nos interessam até o ponto em que nos afetam.
4. As sagradas escrituras enfatizam os afetos.
5. O amor é o afeto principal.
6. Afetos santos caracterizam os santos da Bíblia.
7. O Senhor Jesus Cristo tinha o coração extremamente sensível e afetuoso.
8. A religião do céu consiste em grande parte de afeto.
9. Os decretos e deveres de Deus são meio e expressão da verdadeira religião.
10. Dureza de coração é pecado.

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