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O Seminário Primitivo - História da IPB


Campo de Santana em 1818 e atualmente (pça. da República)

O Seminário Primitivo – História da IPB.

Em abril de 1867  Rev. Ashbell G. Simonton alugou uma casa grande, de três pavimentos, com sala ampla para a realização dos cultos e com instalações que pudessem abrigar também a redação do Imprensa Evangélica, apartamentos para duas famílias dos impressores mais o seminário.

Em 14 de Maio de 1867 iniciaram-se as aulas do seminário. Ele funcionava no segundo pavimento do prédio onde funcionava a própria igreja do Rio, um prédio recém alugado no Campo de Santana (hoje, Pça. da República). No térreo funcionava uma cervejaria; no primeiro pavimento ficava o salão onde se faziam os cultos; no segundo pavimento funcionava o Seminário e moravam os alunos. No pavimento superior, ficava a residência de Antônio Santos Neves.

Simonton lecionava teologia e Bíblia; Schneider, preparatórios (matérias seculares) e Wagner, um pastor luterano, grego e história eclesiástica. Os primeiros alunos foram Modesto Carvalhosa, Antônio Trajano e Miguel Torres. Antônio Cerqueira Leite viria depois, no início de 1868. Eles moravam no terceiro pavimento do prédio da igreja e serviam na escola paroquial da igreja, dirigida pela esposa de Antônio Santos Neves, D. Gervásia Modesto dava inglês; Antônio Pedro ensinava música; Trajano, geografia e aritmética; e Miguel Torres, gramática. Além de lecionar na escola, eles também colaboravam nas férias na evangelização e visitação às novas igrejas. Não é de se admirar que os quatro fossem excelentes pastores.

Com a morte de Simonton, Blackford transferiu-se imediatamente para o Rio de Janeiro e assumiu a direção do Seminário. O curso era divido assim:
1º ano: Preparatórios (álgebra, latim etc)..
2º ano: Grego e declamação.
3º ano: Teologia, História Eclesiástica e discussão de temas às sextas-feiras (“Faz a Tradição Parte de Nossa Fé?”; “A Igreja Romana é o Anticristo de que Fala Paulo em 1 Tessalonicenses?” etc).
4º ano: Homilética. Tanto professores quanto alunos e os presbíteros da igreja, participavam da crítica aos sermões, que era chamada de “ensaio”.[ii]

         Dessa primeira turma, Trajano e Modesto concluíram o curso e foram licenciados em 22 de agosto de 1870. Carvalhosa foi o primeiro deles a ser ordenado, na sexta reunião do Presbitério, no Rio de janeiro em 20/07/1871.[iii] Miguel Torres contraiu tuberculose e teve de ir para Caldas-MG, terminando o curso posteriormente. Ele é conhecido como o Apóstolo de Caldas.[iv] Trajano e Torres foram ordenados juntos em 10/08/1875 na Cidade de Rio Claro.[v] Antônio Cerqueira desistiu do curso num dia em que esqueceu o que devia dizer nas discussões de sextas-feiras, mas retornou anos depois e concluiu o curso. Foi ordenado em 08/08/1876, no Rio de Janeiro.[vi]

         Júlio A. Ferreira conclui seu capítulo sobre o seminário primitivo da seguinte maneira:

A morte de Simonton, as férias de Blackford, a necessidade de Chamberlain ir para São Paulo, a retirada de Wagner para a Suíça, onde logo depois faleceu, a transferência de Schneider para a Bahia, tudo conspirava para que o Seminário não pudesse continuar. O problema da educação teológica ficaria muito tempo aguardando solução.[vii]




[i] Júlio A. Ferreira. História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol.1, CEP; p. 79.
[ii] Júlio A. Ferreira. História da IPB, vol. 1; CEP, p.86.
[iii] Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.311.
[iv] Ibid, p.323.
[v] ibid, p.317.
[vi] ibid, p.326.
[vii] Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol.1, p. 88.

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