-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
02 = 1 Timóteo 1.3-11 – Os Falsos Mestres e a Lei. (14/08/2013)
Grupo de Estudo do Centro – Agosto a
Setembro/2013
Liderança:
Pr. Hélio O. Silva e Sem. Adair Batista.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A Mensagem de1 Timóteo – A Vida na
Igreja Local – John R. W. Stott, ABU, p.37-46.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Introdução:
No parágrafo
que compreende os versos 3 a 11 Paulo faz uma vigorosa defesa da doutrina do
Evangelho e a razão de Timóteo ser o pastor da igreja de Éfeso nesse momento. É
muito possível que Paulo tenha sido solto após os dois anos que ficara preso em
Roma (At 28.30) e fizera mais algumas viagens. Antes de ser preso novamente,
ele tinha partido para a Macedônia e confiado a liderança pastoral da igreja de
Éfeso a Timóteo (v.3).
A preocupação de Paulo era manter a sã doutrina livre
das contaminações de doutrinas falsas, deixando claro que existe uma doutrina
que é a correta, enquanto as demais são falsas. A palavra “heterodidaskaleô” (I Tm 1.3; 6.3) enfatiza o caráter objetivo da fé
cristã, que não pode ser misturado ou igualado a outras doutrinas religiosas ou
filosóficas de nosso tempo e que dela os flasos mestres haviam se desviado. Heteros não quer dizer tão somente
falsa, outra, errada ou nova, mas, diferente ou diversa do que ensinado pelos
apóstolos.
Esses falsos mestres se desviaram daquilo que Paulo
chama de “a fé” (1.2,19; 3.9; 4.1,6,21); “a verdade” (2.4,7; 3.15; 4.3; 6.3,5);
“a sã doutrina” (1.10; 6.3) e “o que te foi confiado” (6.20). Os artigos
definidos mostram que há um corpo de doutrinas fechado que ao ser recebido, não
pode ser modificado.
Nesse parágrafo Paulo trata de 3 grupos de mestres: Os
falsos mestres que desvirtuam a Lei (3-11), ele mesmo, apóstolo de Cristo
(12-17) e Timóteo, que deve lutar o bom combate pela verdade (18-20).
No verso 7, Paulo afirma que os falsos mestres “querem”
ser mestres da Lei, mas não a compreendem apropriadamente (v.8). Tratemos dos
Falsos mestres e sua relação com a Lei.
- O Uso incorreto da lei (v.3-7)
a) Seu ensino
consiste de mitos e genealogias intermináveis.
Em 4.7 Paulo lança mais luz ao classificar o ensino
deles como “fábulas profanas e de velhas caducas”, “lendas judaicas” (Tt 1.4) e
“fábulas” (2 Tm 4.4). Mitos são histórias lendárias não verídicas. A expressão
junta dá a entender que os mitos eram sobre as genealogias dos pais israelitas.
Eles recontavam a história bíblica de forma tendenciosa acrescentando detalhes
fantasiosos às mesmas a fim de enaltecer o seu ensino falso. Os apócrifos do
Antigo e Novo Testamento são uma prova cabal disso tudo, no que diz respeito ao
cristianismo. Estes aqui faziam isso com a Lei, fazendo especulações e
alegorias sobre a interpretação da Lei.
b) Seu ensino promove
discussões e não o serviço de Deus.
São duas consequências:
®
Especulações (oposto de serviço).
Serviço (oikonomia) não se refere à diaconia cristã,
mas à disseminação do plano de salvação de Deus, pois se refere ao nosso comissionamento
e desígnio. Esse serviço só pode ser ministrado pela fé baseada na revelação
divina. A revelação desperta a fé, a especulação desperta a dúvida.
Na fé cristã não é o ensino objetivo e claro das
escrituras que serve às nossas ideias subjetivas, mas o contrário, nossas ideias
subjetivas e pessoais se submetem à objetividade da palavra de Deus em todas as
suas doutrinas.
®
Discussões (controvérsias).
Especulações despertam contendas de palavras e
conceitos, separando as pessoas. A especulação explora as dúvidas jamais a
clareza.
c) O alvo do
verdadeiro ensino é a boa consciência e uma fé sincera.
Não há lugar para motivos falsos e nem
confusos. O falso ensino se desvia desses dois elementos e se volta para aquilo
que é falatório frívolo (v.8).
Assim, “o critério final pelo qual
julgar qualquer ensino é se ele promove a glória de Deus e o bem da igreja”
(p.42).
- o uso correto da lei (8-11).
A Lei é boa para quem dela faz uso legítimo.
São os transgressores que devem temê-la. O alvo da Lei é a punição daqueles que
tem a tendência natural de não desejar obedecê-la.
a)
Os três usos da Lei e os reformadores.
® Lutero.
1º) Usus
politicus - Político ou civil = Um
freio para coibir os não civilizados (restringir o mal).
2º) Usus
pedagogus - Teológico ou espiritual = um poderoso martelo para esmagar a
justiça-própria das pessoas apontando-lhes seus pecados a fim de levar a Cristo.
3º) Usus
normativus - Um meio para a preservação da sociedade humana (Fórmula da
Concórdia – 1577) para determinar a conduta dos crentes.
® Calvino.
Calvino concordou com essa tripla função, mas as
reordenou enfatizando a terceira:
1º) Propósito
punitivo. Condenar os pecadores e levá-los a Cristo. Torna indesculpável
qualquer pecado na presença de Deus.
2º) Propósito intimidativo.
Refrear os que praticam o mal. Produzindo neles especialmente medo ou vergonha.
A Lei age como um meio de intimidação externo contra o mal ainda que não mude o
coração das pessoas.
3º) Propósito educativo.
Ensinar a Lei do Senhor e exortar os crentes a cumpri-la, ou seja, ser um guia
para a santidade.
Os três usos da Lei relacionam-se com os
transgressores, denunciando o seu pecado, condenando-o e mostrando o caminho a
seguir: Cristo.
b)
Onze exemplos
da quebra da Lei.
® Seis pecados
gerais. Paulo os apresenta aos pares.
1. Transgressores e insubordinados. Não tem nem princípios
e nem autocontrole.
2. Ímpios e pecadores. Desonram a Deus e se desviam da
retidão.
3. Profanos e irreverentes. Destituídos de piedade e
sem reverência.
Esses pecados podem ser uma referência à
primeira tábua da Lei (1 ao 4), apontando para os nossos pecados contra Deus.
® Cinco pecados
contra o próximo.Podem se referir à
segunda tábua da Lei (5 ao 9).
1. Parricidas, matricidas e homicidas. Matam seus pais
e outros. (Não matarás).
2. Impuros e sodomitas. Devassos e homossexuais (Não
adulterarás).
3. Raptores de homens. Sequestradores e mercadores de
escravos (Não roubarás).
4. Mentirosos e perjuros. (Não dirás falso
testemunho).
5. Tudo o que se opõe à sã doutrina. Ou seja, à
doutrina do evangelho.
Tudo que quebra a Lei quebra o
evangelho, por isso, não podemos imaginar que quem abraçou o evangelho, ficou
livre de obedecer aos preceitos morais da Lei.
Aplicações:
- Precisamos nos apegar ao ensino verdadeiro para
reconhecer e refutar o falso ensino quando tentar se insinuar dentro da
igreja.
- Há uma doutrina verdadeira diante da qual
precisamos nos posicionar e pela qual devemos combater: O Evangelho.
- Como é o ensino em nossa igreja? Ele promove a glória
de Deus e o bem da igreja? Para discernir isso, precisamos ter e manter
mais intimidade com a palavra de Deus e meditar nela lendo-a
cotidianamente.