Pular para o conteúdo principal

Há Um Refúgio


Há Um Refúgio

Quando o rosto enrubescer, e a vergonha tornar a expectativa em frustração. Há um refúgio para se refazer. Quando o olhar se perder na imensidão da noite tentando contar as estrelas faiscantes. Há um refúgio seguro como um porto para se ancorar no inverno. Quando as lágrimas se secarem nas faces tristes que abraçaram a solidão. Há um refúgio para oferecer o afago que consola. Quando todas as esperanças desvanecerem, pedindo o golpe de misericórdia que põe fim ao sofrimento. Há um refúgio que renova as forças e torna os punhos fortes para lutar.
O refúgio não é secreto e nem fica distante. Basta abrir e fechar após si uma porta. Porta que aberta chama para a luz, e que fechada abre as cortinas da paz como um sol brilhante depois de uma manhã chuvosa e fria. A paz que aquece sem queimar. Nesse lugar todos os sons se calam, pois é tempo de orar.
O segredo não está nas mãos postas ou nos joelhos dobrados. Está no coração quebrantado que se deixa derramar diante do Pai que vê no secreto e enxerga no meio da escuridão. Diante de quem nada fica de pé. Diante de quem tudo se encurva para adorar. Diante de quem se deve retirar as sandálias dos pés.
Ele vem com o seu olhar e seu abraço. Sua luz dissipa toda escuridão, até mesmo a escuridão do coração. Diante daquele que se ajoelhou ele exercita sua majestade diferente e aceita a dura confissão. Ah! Quem pode medir o seu amor! Quem pode descrever o seu calor! Quem ficará de pé diante do Filho do Homem!
Então a escuridão revelará o brilho oculto da sua luz que ele só revela a quem quiser revelar. Incontrolável poder que arrasa o pecado e que destrói todas as fortalezas da alma que aflita se rende. Ah! Eu vou morrer se ele não me salvar! Estou perdido! Caído diante de uma presença santa, bela, insondável e indescritível. Estou totalmente em suas mãos. Que bom que é assim, pois ele é a própria bondade, a justiça que não erra; o perdão que não acaba. O pastor que toma a ovelha perdida nos seus braços e a carrega para casa, a sua casa.
No silêncio e do silêncio ouço a sua voz. Escrita nas palavras do livro sagrado. Escrita nos meus ouvidos e na minha memória. A sua presença percorre livremente os caminhos secretos de minha alma. Ele me busca e me encontra e eu me rendo e me deixo levar. Ele me conduz ao rio e me dá de beber. Lava meus machucados e cuida de mim sem eu merecer.
Depois ele fica por ali, olhando para mim. Olhando com amor, sem parar, sem mudar a direção do olhar. Ele para e me escuta. Nada diz, mas o seu silêncio fala tudo! Não vai embora, mas não me condena. Não me deixa, mas me liberta. Eu fico confuso e o amo. Eu não entendo, mas retribuo. Nada pergunto, mas a tudo entendo, pois ele responde e fala no meu coração. Dentro de mim. E eu me lembro das palavras escritas no livro que eu li e que foram guardadas na mais profunda gruta de minha memória. Elas ressoam com o vento. Elas me saciam com a água do rio que corre sem parar, e que vai para um imenso mar azul que se abre numa enseada cercada de montanhas e árvores coloridas, de um outono calmo, sereno e tranqüilo no entardecer.

Hélio O. Silva (27/06/2005)

Postagens mais visitadas deste blog

A Armadura de Deus (1ª parte) - Efésios 6.14-17

Pastoral: A Armadura de Deus (Efésios 6.14-17) Por que muitos crentes ignoram os ensinamentos bíblicos quanto à armadura de Deus? Porque muitos crentes conhecem pouco da Palavra de Deus, outros tantos duvidam da visível atuação de Deus, muitos a ignoram, outros porque julgam ser um exagero de Paulo na sua linguagem, outros acham que essa época já passou, alguns por pura negligência mesmo, e outros mais, por causa de já terem sofrido tantas derrotas que já estão praticamente inutilizados em sua espiritualidade pelo inimigo.   Por outro lado, há daqueles que estão lutando desesperadamente, mas com as armas que não são bíblicas.      A exortação de Paulo é para que deixemos de ser passivos e tomemos posse das armas espirituais que em Cristo Deus coloca à nossa disposição. É a armadura de Deus que nos permitirá resistir no dia mal, conduzir-nos à vitória e garantir a nossa permanência inabalável na fé.           Paulo não está falando de armas físicas que dev

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) O artigo da Wikipedia sobre a sarça ardente ("Burning bush") informa que ela se tornou um símbolo popular entre as igrejas reformadas desde que foi pela primeira vez adotada pelo huguenotes em 1583, em seu 12º sínodo nacional, na França. O lema então adotado, "Flagor non consumor" ("Sou queimado, mas não consumido") sugere que o símbolo foi entendido como uma referência à igreja sofredora que ainda assim sobrevive. Todavia, visto que o fogo é um sinal da presença de Deus, aquele que é um fogo consumidor (Hb 12.29), esse milagre parece apontar para um milagre maior: o Deus gracioso está com o seu povo da aliança e assim ele não é consumido. O atual símbolo da Igreja Reformada da França é a sarça ardente com a cruz huguenote. A sarça ardente também é o símbolo da IP da Escócia (desde os anos 1690, com o lema "Nec tamen consumebatur" - E não se consumia), da IP da Irlanda

21 = Oração Pelo Ministério - Romanos 15.30-33 (2)

Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO Grupo de Estudo do Centro – Fevereiro a Junho/2013 Liderança: Pr. Hélio O. Silva , Sem. Adair B. Machado e Presb. Abimael A. Lima. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 = Oração Pelo Ministério – Romanos 15.14-33 (2) .          26/06/2013. Um Chamado à Reforma Espiritual – D. A. Carson, ECC, p. 216 a 229. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor,   31 para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos;   32 a fim de que, ao visitar-vos, pela vontade de Deus, chegue à vossa presença com alegria e possa recrear-me convosco.   33 E o Deus da paz seja com todos vós.