Medo da Morte ou Medo de Morrer? (Atos
7.55-60)
Nós não fomos criados por Deus para morrer; a morte é
uma maldição e um inimigo que entrou no mundo através do pecado (Rm 5.12). Ela
é o último inimigo que precisa ser destruído (1 Co 15.25,26). Não podemos olhar
para a morte de forma simplista, nem inocente ou romântica. Entretanto, devemos
crer com toda a convicção que a morte foi tragada pela vitória de Cristo na
cruz e que nem ela pode nos separar do amor de Deus em Cristo por nós (1 Co
15.54-57; Rm 8.35-39).
Mesmo sabendo disso, muitos cristãos sofrem com a
proximidade da morte. Sua ansiedade nem sempre tem a ver com o medo da morte,
mas com o medo de morrer; sendo mais específico, com o modo como vão morrer. Os
cristãos temem o sofrimento na chegada da morte.
O texto de Atos conta a história da morte de Estevão,
um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém e o primeiro mártir da igreja. Ele
era um homem temente a Deus, cheio do Espírito Santo e eficiente pregador do
evangelho. Sua morte aconteceu por meio do martírio; e seu martírio ocorreu em
meio a grande sofrimento e dor. Ele morreu apedrejado pelos líderes religiosos
do judaísmo e pelo povo (At 7.58). Ele morreu em meio a muita dor. Mas, Lucas
nos informa que a sua morte glorificou o nome de Deus. Como isso foi possível?
Primeiro: Porque Estevão pode contar com a presença do
Espírito Santo enchendo-o graciosamente para enfrentar esse momento (v.55). Ele
estava cheio do Espírito. Enfrentar a morte, nossa última inimiga, não é uma tarefa
que podemos suportar sozinhos. Por isso Deus não somente não nos abandona, como
nos consola e fortalece cumprindo a promessa de estar conosco todos os dias de
nossa vida.
Segundo: Porque o Espírito Santo transformou o momento
da morte em uma janela para a glória de Deus e de Cristo (v.55). Diante da
fúria da morte, não é a condenação que abre a sua boca feroz sobre o indefeso
Estevão, mas são os céus que se abrem diante de seus olhos; Ele não vê o
inferno, mas ele vê o céu, o lugar de seu descanso eterno!
Terceiro: Porque o Espírito Santo o capacitou para
ver, através da morte, o lugar de comunhão com o Pai e com o Filho. Ali ele vê
o trono de Deus, com o próprio Jesus Cristo, o Filho, de pé à direita do trono,
pronto para recebê-lo, como havia prometido.
Quarto: Porque na hora da morte, o Espírito o
capacitou a unir-se a Cristo no seu testemunho (v.60). Assim como Cristo orou
na cruz em favor de seus inimigos (Lc 23.34) Estevão pôde unir-se a ele na sua
intercessão em favor dos perdidos.
Quinto: Porque o Espírito Santo o capacitou a receber
a morte com serenidade e confiança (v.59). Na hora da morte, não precisamos
orar desesperadamente pedindo mais tempo aqui na terra. Mas podemos
tranquilamente recebê-la sem temor. Porque sabemos o que vem depois; porque
sabemos que não há privilégio maior do que estar com Cristo, de estar com
Cristo para sempre.
Estevão pôde atravessar a morte serenamente porque o
Espírito Estava com Ele; porque ele sabia quem o receberia na presença de Deus
e diante de seu trono; porque perante a face reluzente de Cristo, a própria
morte fica pálida sem sua medonha sombra.
Com amor, Pr. Hélio.
Leia mais em: Antes de Partir; Nancy Guthrie, Ed. FIEL, p. 35-42.