REFORMA E MOVIMENTO REFORMADO
Rev. Hélio de Oliveira Silva, STM
Introdução:
No estudo de
História da Igreja é preciso dar atenção a quatro tipos de literatura
existente:
1. História Geral = Trata da história como
um todo, em suas causas e conseqüências, e dos movimentos dentro da mesma de
forma integrada.
Exemplo: O Cristianismo Através dos Séculos,
Earlie Cairns (Vida Nova). Uma História
Ilustrada do Cristianismo, Justo Gonzalez (Vida Nova).
2. História Específica = Trata de temas
específicos dentro da História.
Exemplo: O Princípio Regulador do Culto, Paulo
Anglada (PES); João Calvino Era Assim, Thea
B. Van Halsema (CEP).
3. História Documental = Trata da publicação
de documentos e obras de autores antigos que foram relevantes no seu tempo.
Geralmente trazem comentários introdutórios sobre tais obras.
Exemplo: História Eclesiástica, Eusébio de
Cesaréia (Novo Século); Diretório de
Culto de Westminster (Os Puritanos); Confissão
de Fé de Westminster (Cultura Cristã).
4. História do Dogma =
Trata da história da igreja sob a perspectiva do desenvolvimento doutrinário da
igreja. Exemplo: Doutrinas Centrais da Fé
Cristã, J. N. D. Kelly (Vida Nova). História
do Pensamento Cristão, Justo L. Gonzalez (ECC). História da Teologia Cristã, Roger Olson (Vida). A História das Doutrinas Cristãs, Louis
Berkhof (PES).
I. Definições de
Termos:
É preciso
traçar uma distinção entre Reforma Protestante, Movimento Reformado e
Calvinismo.[1]
A Reforma é o movimento religioso do
século XVI, que procurava o retorno da Igreja às suas raízes históricas
clássicas, que teve seu início histórico com Martinho Lutero, na Alemanha em 31
de Outubro de 1517, com a afixação das 95
Teses de Lutero à porta da Capela de Wittenberg.
O Movimento Reformado é comumente
aplicado às figuras de Zuínglio (Zurique – de fala alemã) e Calvino (Genebra – de
fala francesa), ambos na Suíça. O Movimento Reformado é também chamado de 2ª
Reforma.
O Calvinismo diz respeito exclusivamente
ao movimento surgido em Genebra sob a liderança de João Calvino (1509-1564),
assessorado por Guilherme Farel e Teodoro Beza e que culminou na composição
final das Institutas (Calvino) e da Confissão de Fé de Westminster e seus Catecismos Maior e Breve (Puritanos
ingleses e escoceses) nos meados do século XVII em Londres, na Inglaterra. O
Calvinismo logo superou o movimento Zuingliano, devido à morte prematura de
Zuínglio em 1531, na batalha de Cappel.
O
Presbiterianismo é filho do calvinismo, estando centralizado nas Ilhas
Britânicas (Escócia, Irlanda e Inglaterra).
II. Expansão do Calvinismo:
A academia
de Genebra, fundada por Calvino em 1559, foi muito importante para a difusão
inicial do movimento reformado na Europa, pois preparou centenas de lideres que
retornavam aos seus países de origem difundindo as novas idéias da reforma
protestante.
As
perseguições religiosas, particularmente na França, Itália e países Baixos,
também contribuíram para que a fé reformada fosse levada para outras partes da
Europa.
1. França:
Grande expansão na década de 1550.
1559 – I sínodo da Igreja reformada da França
com cerca de duas mil igrejas representadas. Aprovada a Confissão Galicana. Os reformados franceses eram chamados de
Huguenotes.
2. Alemanha:
O movimento reformado migrou para a
Alemanha pelo sul, da fronteira com a Suíça. O crescimento foi caracterizado
pela chegada de milhares de refugiados vindos da França e Países Baixos.
Estrasburgo foi um importante centro reformado entre 1521 e 1549. Martin Bucer
foi o grande reformador de Estrasburgo. Calvino residiu ali por ocasião de seu
exílio de Genebra (1538-1541). Dali escreveu a Resposta a Sadoleto.Frederico III criou a Universidade de
Heidelberg, centro do pensamento reformado alemão. Catecismo de Heidelberg (1563).[2]
3. Holanda:
O Calvinismo chegou inicialmente a
Antuérpia (1555), no sul dos países baixos. 300 igrejas foram formadas em dez
anos. Causa = chegada de huguenotes refugiados. Sua declaração de fé era a Confissão Belga (1561).
O
Sínodo de Dort se reuniu em 1618-19, rejeitando as idéias de Tiago Armínio
(remonstrantes), afirmando os cinco pontos do Calvinismo (TULIP).
Depravação total.
Eleição incondicional.
Expiação limitada.
Graça irresistível.
Perseverança dos santos.
4. Europa Oriental:
As igrejas reformadas
surgem na Polônia e Boêmia (Checoslováquia) na década de 1540, e mais tarde na
Hungria, através de Zurique (1549). O movimento reformado associou-se aos
sucessores de João Hus. A contra-Reforma recuperou a Polônia para o
catolicismo. A Igreja húngara sofreu forte perseguição entre 1677 e 1791.
5. Escócia:
O protestantismo reformado foi
introduzido na Escócia por George Wishart (que estudara em Genebra com
Calvino), martirizado em 1546. John Knox assumiu a liderança do movimento em
1559, ao retornar da Suíça, onde estudara com Calvino.
Em 1560, o
Parlamento aboliu o catolicismo e adotou a Confissão
Escocesa. Em dezembro desse ano a Igreja redigiu o Livro de Disciplina, rejeitado pelo Parlamento que apoiava o
episcopalismo como forma de governo eclesiástico. Andrew Melville, substituto
de Knox, conduziu a reforma escocesa à autonomia do estado. O Presbiterianismo
foi implantado definitivamente, com modificações do Parlamento em 1689.
6. Inglaterra.
A Reforma começou a influenciar a
Inglaterra no reinado de Eduardo VI (1547-53). O Livro de Oração Comum e os 39
Artigos revelam clara influencia calvinista. Elizabete I (1558-1603)
apoiava a forma episcopal de governo. No seu reinado surgiram os puritanos.
Tiago I e Carlos I (1625-49) se opuseram aos puritanos. Reúne-se a Assembléia
de Westminster entre 1643-49, que produziu os padrões presbiterianos de culto,
forma de governo e doutrina (Confissão de Fé e Catecismos). Carlos II restaurou
o episcopado em 1660.
7. Irlanda:
A Reforma foi
introduzida com a “Colônia de Ulster” a partir de 1606, com o intuito de
domesticar os irlandeses católicos, provocando uma rígida separação étnica.