
Os Cantos do Natal em Lucas.
Ler a narrativa do nascimento de Cristo no Evangelho de Lucas é muito interessante e importante para nós por quatro razões que passamos a considerar:
PRIMEIRO: Lucas não conheceu pessoalmente a Jesus Cristo como Mateus, João e Marcos. João foi o primeiro dos apóstolos a agregar-se a Jesus e ficou conhecido como o discípulo amado (Jo 1.35; 19.26). Mateus foi um publicano, o qual Jesus chamou quando trabalhava em sua coletoria (Mt 9.9). Marcos parece ser aquele jovem que fugiu desnudo da casa de Caifás na noite da traição (Mc 14.51,52). Muitos acreditam que o Cenáculo onde fora celebrada a primeira ceia era de sua família. Mas Lucas não participou de nada disso. Ele foi convertido depois dessas coisas terem acontecido, assim como você e eu. Foi a fé que o levou a procurar saber mais a respeito de seu salvador.
SEGUNDO: Lucas era grego. Não tinha qualquer ligação com todo o peso das tradições judaicas e com a promessa messiânica e com a aliança. Isso não fazia qualquer sentido para ele até então. Assim como nós, Lucas era gentio. Como grego sua mente se fixava nas descobertas sobre a maravilha dos feitos dos homens. Religiosamente estava embebido nas mitologias gregas de deuses imperfeitos e trapaceiros, tão fracos em sua natureza moral quanto os próprios homens. Lucas, como muitos de nós, veio de um ambiente de total ignorância a respeito de Deus e de como ele salva. Suas narrativas do Natal têm um tom de expectativa e descoberta a cada frase!
TERCEIRO: Lucas era médico. E como tal voltava-se para o cuidado dos doentes. Talvez tenha sido esse o ponto de contato onde o evangelho o alcançou, fascinando-o com os milagres de Cristo e seu interesse incomum e compassivo pela dor dos outros, dos quais cuidava com amor. Em seu evangelho, ele se concentra na humanidade perfeita de Cristo e revela-nos peculiaridades da personalidade de Cristo que são tanto maravilhosas quanto consoladoras para nós.
POR ÚLTIMO: Lucas foi o primeiro historiador da Igreja. Escreveu seu evangelho e o livro de Atos. O que nos chama a atenção é que ambos são frutos de pesquisa, tanto em conversas com aqueles que viram Jesus, dos quais, muitos ainda estavam vivos em sua época (I Co 15.6) e pelas leituras que fez nos evangelhos já escritos como o de Marcos e provavelmente o de Mateus. Seu desejo é testemunhar a Teófilo e a nós os acontecimentos verdadeiros da vida de Cristo. Os cantos do Natal são fatos e são poesia. As duas coisas!
Deliciemo-nos, portanto, com o deslumbramento de Isabel que contemplou em Maria, sua prima, a soberana vocação de Deus para os simples e humildes (1.42-45). Calemo-nos perante a doçura do canto de Maria, que além de contemplada pela graça salvadora de Deus, recebeu no seu ventre o Senhor de todos nós! (1.46-56). Meditemos na profecia sacerdotal de Zacarias, pai de João Batista, ao exaltar as bênçãos da vida na aliança assim como a veracidade da promessa divina! (1.67-79). Façamos coro ao louvor angelical na noite do Natal, tributando glória somente a Deus e vendo no rosto do Cristo nascido a mais amável expressão da paz que Deus nesse Cristo nos oferece (2.13,14). Cantemos juntos os cantos do Natal!
Com amor, Pr. Hélio.
Publicada no Boletim dominical da 1ª Igreja Prebiteriana de Goiânia-GO em 21/12/2008. Ano XIX nº 51.