
Divórcio.
O silêncio caiu sobre o coração, que não quis esperar a resposta, que não veio, pois faltou a coragem de dizer. Os olhares se olharam e nada viram. Sondaram-se e nada encontraram. Desiludiram-se.
Não era a angústia, nem a mágoa, mas o silêncio e o sentimento partido da hesitação. Não era a solidão da noite, mas a presença ausente que não falava, que não fazia diferença, que não era para ser assim, que divorciava a realidade da expectativa; o sonho que cessou antes de amanhecer. O sol que se levantou sem dormir. A noite que passou sem luar, sem sonhar.
Tudo isso fez chorar o coração, que não coube em si, apertado de compaixão; talvez tomado de incompreensão. Rebentaram-se as cordas que amarravam seus caminhos. Agora era dizer adeus... E caminhar a distância da separação, a distância que distancia o coração, o beijo, o abraço e o aperto de mão.
Não era para ser assim, mas foi. Não era para acabar assim, mas acabou... É apanhar os cacos do coração espalhados pelo chão, e tentar voltar. Reconstruir...
Murcharam-se as lembranças, que não vão se apagar, só fazer correr as lágrimas nos lençóis: eles já não são mais brancos. Que fazer...
As lágrimas escondidas na noite afogaram o amor!? Os sorrisos hipócritas da manhã enganaram os apaixonados!? Os laços estavam firmes em quê!?
O amor murchou; o carinho derreteu, as palavras doces foram substituídas, os olhares ternos avermelharam as paixões amanhecidas, os abraços cessaram; distanciou-se o coração e ninguém viu!?
Divórcio... Divórcio... Separação... Ruína... Pobreza de coração...
Hélio O. Silva = 16/11/2001.
Malaquias 2.10-16