
Texto: Apocalipse 3.7-13
Tema: Filadélfia: Pequena, Mas Fiel.
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Introdução:
A principal característica de um casamento, muito mais que as alianças, é o seu compromisso de fidelidade. A capacidade de manterem-se fiéis ao compromisso é o que atesta a maturidade dos noivos para o casamento.
A Igreja de Filadélfia nesse sentido é um exemplo de fidelidade. Pelo que lemos no v.8, ela é uma Igreja:
Pequena e inexperiente (é a mais jovem das sete igrejas).
Fraca;
Atribulada;
Mas fiel – Obediente e perseverante, que não nega seu amor por Deus.
Contexto:
Filadélfia era a mais jovem das sete Igrejas da Ásia. A cidade foi fundada por colonos vindos de Pérgamo entre 160 e 140 aC. O nome da cidade significa “Amor fraternal” ou “amor de irmão”. Era uma cidade próspera e geograficamente bem localizada. Era a porta de entrada para o platô asiático, um centro de distribuição da cultura grega para toda a Ásia. Também era famosa pela quantidade e grandiosidade de seus templos pagãos (o principal culto era oferecido a Dionísio), contudo, seu maior problema não são os pagãos, mas novamente os judeus, que outra vez são chamados aqui de sinagoga de Satanás (2.9 à igreja de Éfeso).
Em 17 dC foi destruída junto com Sardes e outras nove cidades por um grande terremoto, fruto de erupções vulcânicas. A agricultura era promissora, embora a vida na cidade era incerta devido às erupções vulcânicas. A qualquer momento poderia ser necessário ter de deixar tudo para trás e fugir.
Tibério César a reconstruiu e ela passou a chamar-se de Nova Cesaréia; depois Vespasiano Flávio mudou seu nome para Flávia. Por fim passou a chamar-se Filadélfia. O Senhor Jesus diz que o vencedor dessa igreja será chamado de “Nova Jerusalém”, o nome da cidade de Deus.
Apesar disso tudo:
Não recebe críticas de Jesus Cristo (Como Esmirna), mas os seus maiores elogios. Foi a última a ser destruída.
A única onde há uma Igreja cristã hoje em dia segundo Guilherme Kerr. Kerr também observa que das sete igrejas as únicas que mantiveram firme o seu testemunho no decorrer dos séculos seguintes foram Filadélfia e Esmirna, comparativamente as duas mais fracas e mais pobres.
Proposição:
Qual o segredo dessa Igreja em sua pequena força? A resposta: A sua Fidelidade. Ela era pequena, mas fiel. Como ela expressava essa fidelidade?
I. RECONHECE A AUTORIDADE DE JESUS CRISTO SOBRE ELA V. 7,8a:
Todas as cartas começam com uma descrição demonstrativa do caráter de Cristo, sendo relacionada ao que a Igreja é ou precisa ser. Isso demonstra que a autoridade de Deus está baseada em seu caráter. Assim também, a autoridade de uma Igreja está baseada no caráter de Cristo manifestado nela e através dela, pois é corpo de Cristo.
a) Ele é Santo.
Deus é santo; Jesus Cristo é santo.
Ele é totalmente puro.
Ele é totalmente dedicado ao Senhor.
Santidade ao Senhor significa viver totalmente para Deus. Diariamente dedicar-se a Cristo como “um sacrifício vivo” (Rm 12.1) de separação daquilo que nos afasta de Deus, submetendo escolhas, sonhos e projetos a Deus.
Ilustração: Abraão Booth, o fundador do Exército da Salvação, resolveu aos 16 anos de idade: “Eu decidi que cada pedacinho de mim seria do Senhor”.
b) Verdadeiro: Confiável.
Salmo 146.6: Deus mantém para sempre a sua fidelidade. Nenhuma de suas promessas cairá por terra.
c) Chave de Davi – Poder Soberano.
Significa a entrada no Reino de Deus.
Ela não pertence aos judeus que perseguiam a Igreja e que são sinagoga de Satanás. O Israel de Deus é a Igreja que vive pela fé e não o Israel segundo a carne (Gl 6.16).
A chave pertence a Cristo e Ele a compartilha com a Igreja (Mt 16.16) através do anúncio do Evangelho.
Só Jesus tem poder para abrir e para fechar. O que Ele abre ninguém fecha. O que Ele fecha ninguém abre.
Ele abriu uma porta para a Igreja de Filadélfia. Ele lhe deu uma oportunidade nova de pregar o Evangelho. Isso deixa claro que Deus dá oportunidades às Igrejas locais como corpo de Cristo. E que essas oportunidades são dadas mesmo quando tribulações e sofrimentos a cercam como inimogos.
As oportunidades de nossa vida são-nos colocadas por Deus; temos de abraçá-las (ou perdê-las), mesmo que nos custem sacrifícios, senão não faremos a vontade de Deus nas nossas vidas.
Ilustração: John Elliot – Missionário americano martirizado entre os índios Aucas do Peru, na década de 50 dizia:
“Não é tolo aquele que larga o que não pode segurar, para pegar o que não pode perder”.
Portas abertas são tempos de manifestação de Deus. Reconhecer a autoridade de Deus significa entrar pelas portas que Ele abriu e não insistir naquelas portas que Ele já fechou; porque fazer isso é ficar dando murros contra a parede.
Filadélfia entendeu isso, e recebeu o elogio do seu Senhor.
II. MANTÊM-SE FIEL MESMO NAS TRIBULAÇÕES v. 8:
Seu compromisso não se dissolve, mesmo quando a dor é o preço a ser pago pela fé. Não são: As doenças; fracassos financeiros; calamidades particulares, etc. que farão a sua fé debandar para trás. É nas dificuldades que se é mais difícil ser fiel, mas é nas dificuldades que se conhece o poder de Deus e a luz do testemunho brilha mais linda e fulgurante. É nas dificuldades que se aprende verdadeiramente a ser fiel.
Ilustração: O autor do hino 260 (Amor que Vence). Ao ficar paralítico, sua esposa após algum tempo o abandonou. Compôs esse belo hino. O sofrimento tem a capacidade de arrancar de nós o nosso pior, mas se nos submetemos à autoridade de Deus e nos firmamos na fidelidade, então ele arrancará de nós o nosso melhor.
O v. 8 descreve a Igreja para nós:
a) Pouca Força (Mikran dunamin – pequeno poder, poder microscópio).
A Igreja era pequena e sem qualquer influência. O que ela podia fazer em meio à suntuosidade da idolatria de Filadélfia? Testemunhar o Evangelho e não se contaminar. Foi o que fez. Ela permaneceu fiel.
Ao contrário do que nós pensamos, Deus não se impressiona com:
Número – Gideão venceu com apenas 300 homens porque Deus o mandou fazer assim.
Poder político – O poder de Acabe murchou diante da oração de um só homem pedindo a seca conforme Deus mandara, e depois de três anos e meio, o mesmo homem orando em obediência ao mandamento de Deus trouxe chuva novamente. O mesmo pode ser dito a respeito de Hamã, o persa.
Dinheiro – O dinheiro de Balaque nada pôde fazer contra Israel; e Balaão que queria amaldiçoar, teve de abençoar. Contra o povo de Deus não vale nenhum tipo de encantamento ou qualquer outra lorota mundana paga com dinheiro caro e pecaminoso!
Status – Naamã era alto oficial da Síria, mas só curado ao se banhar no rio Jordão sob o mandamento de Deus.
Carismatismo da liderança – Os falsos profetas de Jerusalém foram levados um a um para o cativeiro babilônico e lá morreram todos eles em cumprimento às profecias de um só que era Jeremias, o profeta estabelecido por Deus para aquela geração.
Pompa – O sacrifício de Saul não foi aceito, porque Deus mandara que Ele destruísse tudo.
Conveniência. Uzá morreu diante de Deus porque tentou convenientemente segurar a arca após o tropeço dos bois. No entanto não alertara Davi dos mandamentos prescritos por Deus na sua Lei sobre o transporte das coisas sagradas (II Sm 6).
Inovações litúrgicas. Nadabe e Abiú acharam ingenuamente que podiam oferecer culto a Deus à sua maneira e ignoraram todo o aprendizado sacerdotal que lhes fora da do por seu tio Moisés, o legislador de Israel (Lv 10).
Quanto mais insistirmos nessas coisas, mais longe estaremos da vontade de Deus. Quanto mais vivermos uma fé simples, que testemunha e não nega a Cristo, mais Deus se manifestará no nosso meio e através de nós. Creia nisso igreja, pois é a verdade bíblica mais límpida do Evangelho da graça!
O prazer de Deus está em se fazer a sua vontade e não nas fórmulas mirabolantes que possamos inventar sob o pretexto de uma revelação para fazer a Igreja crescer. Tem horas que crescer é exatamente o contrário. É limpar o rol de membros para tirar os nomes daqueles que não crescem e ainda atiram pedras nos outros para eles não crescerem também!!! Deus quer é a nossa fidelidade e é isso que ele elogia!!!
b) Como essa fidelidade se manifesta?
De duas formas:
1) “Guardar a Palavra”.
Apesar de tantos ensinos competindo com a verdade, ela não abandonou a verdade do Evangelho. Ela permaneceu no ensino que aprendeu (II Tm 3.14,15).
2) “Não negou o Nome de Deus”.
O seu testemunho estava inteiro, porque o seu compromisso estava inteiro.
Era uma Igreja pequena, sem recursos, sem influência, perseguida e a mais inexperiente (nova) das sete; no entanto, não há reprimendas para ela, porque Deus a conhece e sabe de tudo, e a ama; e porque ela também o ama verdadeiramente e com simplicidade; não nega o seu nome.
A nossa Igreja é assim? Então Deus a abençoará! A nossa Igreja não é assim? Que razão tem para reclamar de suas tribulações?! A nossa Igreja pode ser assim? Pode sim!!! Desde que:
Não negue a sua Palavra.
Não negue o nome de Jesus através de suas obras.
III. EXPERIMENTA O CUIDADDO DE DEUS EM SUAS PROVAÇÕES v. 9,10:
a) Deus mesmo a exaltará v.9.
Uma das razões porque o Senhor Jesus Cristo condenava o legalismo dos judeus era porque eles fechavam a porta do reino dos céus aos homens. Não entravam e não deixavam os outros entrarem (Mt 23.13). “Dessa forma Pedro e os outros cristãos têm o privilégio de dar as boas vindas não somente aos judeus, mas aos samaritanos e aos gentios como membros permanentes do reino (At 2.8,10)”. É o próprio Cristo quem chama a todos pelo anúncio de seu Evangelho.
b) Deus mesmo a guardará v.10.
O problema não é o passar pela tribulação, mas sim, como passar pela tribulação. É a atitude que vale (Positiva ou negativa). Por quê?
1) A fidelidade da Igreja expõe a mentira dos falsos religiosos.
Esses:
Virão se prostrar diante deles.
Vão reconhecer o amor de Deus pela Igreja – Eu te amei. Não é o pastor quem diz isso, mas é o próprio Cristo!
2) Deus nos abençoa consoante (conforme) a nossa obediência.
“Porque guardaste a minha palavra... te guardarei na tribulação”.
Guardar nem sempre quer dizer livrar, mas proteger, ajudar a vencer. Deus nos ensina por meio das tribulações que atravessamos a sermos pessoas melhores.
Rm 5.3-5: A tribulação produz perseverança. A perseverança produz experiência. A experiência produz esperança e a esperança não confunde. A esperança provada nos mostra o quanto Deus nos tem amado (Rm 5.8).
A Igreja estava acossada e perseguida, mas a sua fidelidade alimentava sua esperança e Deus promete abençoá-la. Ele estará sempre do seu lado se ela for fiel.
Conclusão:
Há recompensas para o vencedor.
1) Ser coluna no Santuário de Deus.
Ilustração: Nas ruínas de Filadélfia, o que restou foi uma única coluna sobre o alicerce. Deus lhe garante a segurança da salvação. Quem temia ter de mudar-se a qualquer momento gozará da eterna estabilidade da casa de Deus.
2) O selo de Deus estará sobre ela. Será gravado sobre eles:
a) O nome de Deus = Santidade de caráter.
b) O nome de Jerusalém = Uma nova cidadania.
Na nova Jerusalém não haverá perseguições ou qualquer tipo de competição com outras sociedades.
c) O novo nome de Cristo = Aprofundar-se no conhecimento do caráter de Cristo.
João 16.21 – “Outra vez vos verei... e a vossa alegria ninguém poderá tirar”. Ah! Que dia maravilhoso será o dia do nosso encontro com o Senhor! Com aquele que conhece todas as nossas falhas e pecados e mesmo assim nos ama com um amor eterno, incomparável e insuperável!
* Há duas advertências para a Igreja:
Venho sem demora.
Guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa.
Se o compromisso for abandonado, a promessa não tem obrigação de ser cumprida. Porque a razão da promessa é a fidelidade. Então não se deixe esmorecer, não se acomode com essa vida que leva, não deixe seu compromisso com Cristo esfriar e murchar. É hora de reafirmar a fé, pois o galardão está por vir!
Jesus está chegando por ai, como está a sua fidelidade, o seu compromisso?
Oração: Deus, faz-nos ser como a Igreja de Filadélfia! Amém.