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Estudo 08 = Quatro Princípios Bíblicos Chave Para Aprendermos Andar na Verdade - Parte 2

Igreja Presbiteriana Jardim Goiás
Estudos de Quarta-Feira – 1º Semestre/2019
O DEUS QUE NOS GUIA E GUARDA - James I. Packer - Ed. Vida Nova

Rev. Hélio O. Silva - 27/03/2019


ESTUDO 08 = Quatro Princípios Bíblicos Chave Para Aprendermos Andar na Verdade - parte 2 (p. 100 a 115)

Introdução
Precisamos desenvolver como hábitos quatro princípios bíblicos chave para aprendermos a temer a Deus para andarmos na verdade (Sl 86.11). São eles: Saúde, hábitos, coração e santidade.
Nesse estudo trataremos dos dois últimos.

1º) Coração
Princípio nº 3: Os hábitos de vida são frutos dos desejos do coração.

A repetição persistente forma hábitos, que não devem ser confundidos com os vícios, pois hábitos são saudáveis e vícios são destrutivos para a formação do caráter. A única questão em que são iguais é que ambos podem começar com um desejo casual, que se for alimentado, crescerá e controlará nossas ações.

Um mecanismo que precisa ficar claro para nós é que o desejo alimenta o hábito e este, por sua vez, alimenta o desejo, e a pessoa cai mais e mais sob o poder de ambos. Desejo santos levarão a hábitos santos; desejos pecaminosos levarão a hábitos pecaminosos.

Quando o desejo do coração se voltar para conhecer, amar, agradar, servir, exaltar e glorificar a Deus, mais e mais encontrará expressão em nosso comportamento cotidiano, aprofundando e enraizando-se no nosso coração. A formação de hábitos deveria receber mais atenção de nossa parte como ferramenta útil para a santificação pessoal.

Todavia, também precisa ficar evidente que o desejo nem sempre assume a mesma forma em termos psicológicos. O desejo pode ser apaixonado, calmo, físico, intelectual ou até mesmo histérico, variando sua intensidade de pessoa para pessoa. Muitas vezes não o tom sentimental, emocional ou moral que define a eficácia ou a profundidade de um desejo, mas sua capacidade de invadir nosso pensamento, e tentar com ou sem sucesso, exercer algum domínio sobre nós, buscando sua própria satisfação. A principal característica de um desejo e sua importância para nós está na sua capacidade de “importunar” até serem atendidos.

John Piper surpreendeu o mundo cristão ao cunhar e defender a expressão “hedonismo cristão” em seu livro “Em Busca de Deus”. Ali ele apontou para o princípio de que Deus é mais glorificado quando é mais apreciado por suas criaturas racionais, propondo uma sutil reinterpretação da resposta à pergunta nº 1 do Breve Catecismo de Westminster quando afirma que “o fim principal do homem é glorificar a Deus e apreciá-lo para sempre”, modificando a resposta para ficar assim: “o fim principal do homem é glorificar a Deus apreciando-o para sempre”.[1] Igualando prazer e alegria, Piper intenciona despertar em nós o desejo por Deus.

Desejar Deus é um estado do coração que nos leva a contemplar o deus que está sempre agindo providencial e graciosamente a nosso favor. Isso significa três coisas: (1) ansiar que ele volte a sua face em nossa direção oferecendo-nos a sua intimidade (Nm 6.24-26). (2) Buscar constantemente por sinais da amizade de Deus conosco, da mesma forma como foi com Abraão e os discípulos de Cristo (2 Cr 20.7; Is 41.8-10; Tg 2.23; Jo 15.13-15; 1 Jo 1.3). (3) Navegar pela vida tendo a Palavra de Deus como nossa bússola que nos conduzirá ao que Ele tem preparado para nós no futuro.

Desejar Deus é um processo de disciplina de quatro passos que constam de deleite, anulação, negação e morte.
O deleite é uma questão de concentrar-se em Deus conscientes de que Ele promete e promove o nosso bem.
Anulação é uma questão de dar as costas para todos os aspectos da atitude ímpia de servirmos somente a nós mesmos que nos dominava no passado. 
A negação é uma questão de dizer não à carnalidade que inventa desculpas e subterfúgios para não servirmos a Deus de bom grado. 
A morte é uma questão de reconhecer com o intelecto e com a imaginação, que aos olhos de Deus fomos crucificados, mortos e sepultados com Cristo, ou seja, o que vivíamos antes de conhecermos a Cristo acabou, a nova vida substitui a antiga.

Conhecer a Deus deve ser algo contínuo e duradouro conforme aprendemos da oração de Colossenses 1.9,10, do uso dos particípios presentes no texto original de Colossenses 2.6,7 (edificados, confirmados e sempre cheios) e da exortação de 2 Pedro 3.18. (1) Esse conhecimento é cognitivo e relacional. (2) Esse conhecimento nos capacita a discernir a vontade de Deus. (3) esse é o conhecimento em que devemos progredir. E os meios adequados para fazê-lo acontecer são principalmente a oração, a meditação bíblica, a comunhão cristã e a ceia do Senhor. Desejar conhecer a Deus habitualmente é natural para o coração regenerado, sendo a raiz de todo progresso no conhecimento de Deus (Sl 73.25,26; 16.2,5; 42.1; 63.1,3; Lm 3.24).

2º) Santidade
Princípio nº 4: A santidade de vida leva a discernimento no coração.

          Em primeiro lugar, Romanos 12.1,2 nos mostra como a santidade se torna realidade na vida humana. A graça de Deus pode ser experimentada realmente como consequência do que Deus fez, faz e fará por nós, como fruto de suas “misericórdias” que estão no coração da justificação pela fé, algo que Paulo vinha expondo desde o capítulo 3 de Romanos.        Por isso, devemos oferecer como “sacrifício vivo” todo o nosso ser, tudo o que somos, a Deus; como um culto devidamente racional, compreensivo, inteligente.

          Em segundo lugar, Romanos 12.1,2 nos mostra como o discernimento da vontade de Deus se torna uma realidade nas vidas santas. Não devemos nos deixar moldar pelo mundo (acomodação - formatar), mas transformar nossas mentes pelo conhecimento progressivo e contínuo da vontade de Deus (transformação - metamorfose).

          O objetivo final e clímax desse processo é experimentar a boa, perfeita e agradável vontade Deus. Paulo não está falando de recebermos revelações diretas e sobrenaturais, mas de uma percepção situacional do que é o melhor e aplicável a cada uma e a qualquer situação em que precisarmos da orientação de Deus.

Conclusão
          Santidade de coração e vida; mentes em busca de renovação mais profunda e mais completa em Deus; disposição de refletir profundamente sobre qual direção seguir e o discernimento bem-sucedido da vontade de Deus são quatro aspectos que se complementam, onde a subtração de um ou dos três primeiros prejudicará o último.

          A perfeição cristã não tem a conotação de impecável, mas de amadurecido, o mais santo possível para pecadores vivendo antes de sua glorificação no dia final.

Motivos de oração
1.     Ore para Deus preparar (inclinar) o seu coração para temer o seu nome.

2.     Ore para Deus te fazer frutificar o fruto do Espírito a fim de que seja sua experiência habitual frutificar o caráter de Cristo nesse mundo.

3.     Ore para que o Espírito Santo transforme seus desejos em hábitos santos para a glória de Deus.

4.     Ore para que a relação entre o conhecimento de Deus e experimentar a vontade de Deus produza no seu coração as transformações desejadas por Deus para a sua vida e vossa deleitar-se em Deus todos os dias.


[1] A forma mais tradicional de declarar isso seria: “glorificar a Deus por gozá-lo para sempre”, e não: “e gozá-lo para sempre”.

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