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1965 - Viação Férrea Centro Oeste |
Os Caminhos Para Goiás
A inserção definitiva do protestantismo
em Goiás seguiu o processo modernizador possibilitado pela construção das
estradas de ferro na região centro-sul do estado indo na direção centro-oeste
do mesmo,[1]
voltando-se posteriormente para o norte goiano e Tocantins.
No
final do século XIX haviam apenas três caminhos para Goiás:
1. Via ferroviária Mojiana sentido São Paulo-Goiás. Era a rota
primitiva dos descobridores e menos percorrida em virtude de fiscalização
mais rígida.
2. A rota-mineira ou via-Paracatu. Era a mais usada pois facilitava a comunicação
direta com o Rio de Janeiro. Entrava em Goiás pelas gargantas do divisor
de águas do São Francisco e Tocantins via São Marcos e Arrependidos.
3. Via baiana. Entrava em Goiás pelo mesmo caminho da anterior,
todavia mais ao norte, oriunda do encontro da bifurcação de dois caminhos
para o Piauí e um para a Bahia conectando-se com a estrada de Paracatu.
A partir de 1910 aconteceu a ocupação do
sul do Estado, possibilitado pela construção dos primeiros trechos da ferrovia.
Na década de 1930 ocorreu um novo ciclo de ocupação com a construção de Goiânia
(1933) e a chegada da ferrovia a Anápolis (1935), favorecendo a ocupação da
região central do Estado, o chamado Mato Grosso de Goiás. Na década de 1940
ocorreu um novo impulso colonizador com a instalação da CANG (Colônia Agrícola
Nacional de Goiás) na cidade de Ceres e a abertura de estradas de rodagem rumo
ao norte do Estado, como a Rodovia Belém-Brasília (BR 153).
Em dezembro de 1943 foram iniciadas as
obras da Belém-Brasília, que deveria ligar Anápolis à Colônia Agrícola (Ceres),
às matas do Vale do São Patrício, indo até Sant’Ana (Uruaçu) e por fim, até
Carolina, no Maranhão, onde havia uma balsa para atravessar o Rio Tocantins.
Nesse período, a população goiana
aumentou significativamente; 61,4% entre 1920-1940 e 57,6% entre 1950-1960.[2] No
caso de Anápolis, “só a possibilidade de
a Estrada de Ferro Goiás prolongar-se até a cidade já atraía as pessoas,
inclusive os protestantes, pois a ferrovia significaria para a cidade o
desenvolvimento.” Foi assim que o Dr. James Fanstone acabou se fixando nessa
cidade em 1924. Segundo Sandra Abreu, “O capitalismo trouxe a estrada de ferro
e, por ela, chegou grande parte dos protestantes.”[3]
Em Goiás, a marcha para o oeste ganhou o
tom de uma cruzada pela brasilidade a partir do Congresso de Brasilidade,
realizado em Goiânia em 10-19/11/1941, para discutir os problemas da atualidade
brasileira e divulgar o programa do Estado Novo para a ocupação do restante de
Goiás para além de Jaraguá e realizar a integração nacional.[4]
A
Missão Oeste do Brasil (WBM), que era sediada em Campinas, foi a única, dentre
as Missões norte americanas, a se movimentar pelas regiões do Brasil seguindo
para o oeste, estrategicamente seguia os pontos terminais das estradas de ferro
mais importantes que penetravam no interior do Brasil. Deslocando-se de São
Paulo a partir de Campinas, daí para Minas Gerais: Triângulo Mineiro (1890),
Alto Paranaíba (1930), região de Goiânia (1930), Vale do São Patrício (1940),
Noroeste Mineiro (1950) e médio Norte Goiano e Tocantins (1950). A partir do
Noroeste Mineiro (Araguari) fundou igrejas e escolas em Brasília, interior do
estado de Goiás, atual estado do Tocantins indo até o Pará acompanhando a BR
Belém- Brasília e na maioria dos casos, antes dela.[5]
[1]
Ordália, Ibid, p.88.
[2]
Sandro Dutra e Silva. Os Estigmatizados: Distinções Urbanas às Margens do Rio
das Almas em Goiás (1941-1959). Tese de Doutorado apresentada à UNB-Brasília,
2008, p. 53.
[3]
Abreu SEA de, 2000. Faculdade de Filosofia “BERNARDO SAYÃO”: Fundação e
História. Número 05/06 – Janeiro / Dezembro, p. 3.
[4]
Ibid, p.58.
[5]
Viviane Ribeiro e
Cristiane Silva Costa. Métodos de Alfabetização das Escolas paroquiais
Presbiterianas: escola Simonton, Unaí-Minas Gerais (1956-1976). Instituto de
Ensino Superior Cenecista – INESC, p.4.
http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe6/anais_vi_cbhe/conteudo/file/1178.doc. Acesso em 30/09/2017.