Os Sons do
Silêncio e a Oração[1]
Em
fevereiro de 1964 Paul Simon, da dupla Simon&Garfunkel, compôs uma das
músicas mais enigmáticas e apreciadas do nosso tempo, a canção folk rock “The Sounds Of Silence” (Os Sons do Silêncio). A sua inspiração e
composição foi marcada por dois eventos: O recente assassinato do John F.
Kennedy e o som da água caindo de uma torneira de um banheiro quebrando o
silêncio do lugar. Lançada no mesmo ano, alcançou o nº 1 no Hit Parade norte-americano no ano novo
de 1966 e celebrizou-se mundialmente por compor a trilha sonora do filme “A Primeira Noite de Um Homem” (filme que
lançou Dustin Hoffman no cinema em 1967).
A
música fala do assombro diante do silêncio das massas em função da manipulação
por não ouvir os sons que emanam do silêncio, mas se curvarem idolatricamente
diante de qualquer coisa que chame a atenção, como a luz forte de um neon na
escuridão. Revela a perplexidade diante do fato de que as pessoas (a opinião
pública) são manipuladas o tempo todo. Na música, as palavras dos profetas
estão nas pichações das paredes dos metrôs e das casas.
Ao
contrário do que afirma a primeira frase da canção, não precisamos ir conversar
com a escuridão, como se fosse uma velha amiga, a fim de compartilhar nossas
perplexidades quanto aos absurdos da vida, como o assassinato! Mas podemos usar
de um recurso muito mais antigo e eficaz. Podemos orar. Deus nos convida para
fechar a porta e orar em secreto, mas não para conversar com a escuridão (Mt
6.6). O lugar secreto (grego – tameion)
é simplesmente o quarto, o cômodo mais interior da casa onde geralmente se
guardavam os tesouros.
No
secreto e no silêncio podemos conversar com Deus de forma contínua e
verdadeira. Para muitos, a escuridão tem se tornado a versão deísta ou pagã de
Deus. Entretanto aprendemos nas Escrituras, que o silêncio e o secreto são
formas de estar e encontrar a Deus, ou melhor, de estar com Deus e ser por ele
encontrados. Vivendo as situações mais angustiantes, podemos aprender a confiar
em Deus e vencer a ansiedade pelo equilíbrio e a sensatez (Salmos 54-68).
Foi
assim que Moisés passou muitos momentos a sós com Deus no Monte Sinai (Ex
33,34); Ali também Elias foi surpreendido pela voz de Deus num vento suave e
tranqüilo (1 Rs 19). Foi no silêncio do deserto que o Senhor Jesus foi tentado
pelo diabo quarenta dias, e do qual saiu para o seu ministério no poder do
Espírito (Lc 4).
Na
oração não há manipulação, mas comunhão; Não é uma conversa com a escuridão,
mas com o Deus que vê no secreto e do silêncio responde; Nossas perplexidades
são respondidas e nosso medo acalmado. Embora o silêncio possa ser misterioso
às vezes e misticamente explorado por tantas vozes; só há uma voz e um som
vindo do silêncio que nos interessa: a resposta de Deus às nossas orações.
Não
tenha medo, entre no quarto, feche a porta e ore em secreto, pois Deus tem
tesouros secretos para te presentear. Com amor, Pr. Hélio.