E Deus dirá: Não! (Amós 8)
Todos os anos os telejornais anunciam o lucro líquido dos maiores
bancos nacionais (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e outros). Suas cifras anuais
sempre ultrapassam a casa dos bilhões de reais de lucro. Isso sempre soa muito
mal aos nossos ouvidos; pois nossos governantes dizem que não podem baixar as
taxas de juros porque senão o país quebra. E assim nós brasileiros pagamos ano
após ano as mais altas taxas de juros do mundo e sustentamos uma prosperidade financiada
pelo sofrimento da maioria em favor de uma minoria abastada.
O
profeta Amós também viveu numa época de grande prosperidade ilusória, em que a
nação de Israel se expandia firmemente sob o governo de Jeroboão II. Era um
tempo de muitas construções e Samaria estava cheia de palácios novos. Dinheiro
era gasto à toa, sem licitação nem nada. A sociedade estava entregue ao luxo e à
luxúria. Nunca esqueçamos que a luxúria de alguns, é financiada pelo sofrimento
de muitos.
A sua
mensagem condena o abuso do poder no âmbito social e religioso. Ao mesmo tempo em
que denuncia a vida desregrada dos palácios de Samaria, denuncia a religião hipócrita
e pagã dos israelitas dos templos de Betel e Gilgal.
Sua mensagem soa como um
rugido de leão, que estremece e incomoda. Deus rugirá como leão contra os
pecados de seu povo! (1.2; 3.8; 5.19). Deus levanta os seus olhos contra o
reino pecador (9.8) e decreta o fim de toda e qualquer opressão, seja
social ou religiosa.
O livro de Amós tem três divisões claras que podemos
classificar assim:
(1)
Oito fardos (Cap. 1 e 2). São profecias contra oito nações. (2) Três sermões de
julgamento (Cap. 3 a 6). (3) Cinco visões (Cap. 7 a 9). Gafanhotos, fogo,
prumo, frutos de verão e de Deus sobre o altar.
O capítulo 8
faz parte da última seção. Seu objetivo é condenar a opressão que se esconde
atrás de uma exultante religiosidade de aparência, deixando claro o fato, a
necessidade, a época e a inevitabilidade do juízo de Deus. Uma falsa
religiosidade causa uma falsa fome de Deus, fazendo dele um deus de
conveniências. Para que haja restauração da nação é preciso que haja um pacto
com a justiça, e esse pacto começa na adoração.
A falsa adoração tem um fim
trágico (v.1-3), as
pessoas não poderão rejeitar a palavra de Deus para sempre. Pois chegará um
momento em que ele dirá “basta! Chega!”. A opressão dos pobres receberá o
castigo justo de Deus. (v.4-14), pois é sacrilégio contra Ele. Amós nos ensina
que Não podemos separar a fé da
moralidade; não podemos esconder a opressão debaixo de um cobertor de fé
exultante; e não há esperança para quem se contamina, assim como só há
esperança onde houver mudanças.
Olhando
para a situação de nosso país, precisamos tomar a decisão de sermos um povo
diferente; que cobra dos governantes, não só porque tem consciência de seus
direitos, mas porque cumpre fielmente seus deveres. À parte disso só nos restará
uma coisa: O rugido assustador do Leão!