Deus
Absconditus
ou
deus “Aganósticus”?
O
redator-chefe, Gerard Biard, defendeu a publicação da nova edição do Charlie
Hebdo no domingo 18/01 afirmando que “cada vez que desenhamos a caricatura de Maomé,
de profetas, de Deus, defendemos a liberdade de religião”, disse. “Deus não
deve ser uma figura política ou pública, mas sim privada.” http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/01/1576984-igrejas-brasileiras-sao-atacadas-no-niger.shtml.
acesso em 21/01/2015. Esse comentário publicado pela Folha diz respeito à
destruição de duas igrejas presbiterianas brasileiras na capital do Niger no
sábado, dia 17/01, como represália muçulmana à nova edição do jornal.
Há
duas incoerências contraditórias nessa dupla afirmação. Primeiramente, como a
sátira irônica e ácida travestida de humor pode servir na defesa do que quer
que seja, especialmente a religião? O único objetivo desse tipo de humor negro
é denegrir o caricaturado! Em segundo, quando foi que Deus franqueou à
humanidade o direito de lhe dizer como ele deve ser conhecido e adorado? O Deus
absconditus (secreto, que vê em secreto) das Escrituras não é o deus “agnósticus”
(que não pode ser conhecido) do secularismo.
Deus
se deu a conhecer por meio da revelação que faz de si mesmo de forma geral na
criação, pois os céus proclamam a sua glória e as suas obras (Salmo 19.1) como
também de forma especial e específica nas Escrituras (2 Pe 1.20,21; 2 Tm
3.14-16) e plenamente em Jesus Cristo, que é a expressão exata de seu ser (Cl
1.15,19; Hb 1.3). Nunca pertenceu ao homem a prerrogativa de escolher como e
quando conhecer a Deus Ele simplesmente veio e vem a nós para revelar-se. Só
pode conhecer o Pai aquele que o Pai deixar conhecê-lo e aquele a quem o Filho
o quiser revelar (Mt 11.27; Lc 10.22).
Não
cabe aos cristãos defender um conhecimento privativo de Deus e nem aceitar o
conceito secularizado de uma religião privada, particular e sem expressão
pública. Deus se revelou para que fosse conhecido e adorado por todas as nações
que precisam conhecê-lo (Sl 100.1). A adoração ao seu nome é tanto particular
quanto pública, aberta ao conhecimento de todos que precisam de sua graça e receber
o seu convite para nos libertar de todos os tipos de escravidão, inclusive a
escravidão de nossas consciências; seja por meio da intimidação das armas ou da
ridicularização impressa de nossas crenças!
Com
amor, Pr. Hélio.