Hélio O. Silva = 07/07/2010.
Pastoral: Posso Ajudar? (Filipenses 4.1-8)
“_Posso ajudar?” Essa frase estava escrita no jaleco de um funcionário de um grande supermercado de nossa cidade. Visa estabelecer a comunicação, facilitar uma busca e encaminhar a resolução de uma dificuldade.
Essa frase está faltando no nosso vocabulário cristão, especialmente quando somos envolvidos em dificuldades ou conflitos entre pessoas queridas. Não raras vezes nossa participação parece mais à de um aliado do que à de um auxiliar, um ajudador.
Um auxiliar deve ajudar a encontrar (ou reencontrar) a alegria no Senhor (v.4); moderação nas palavras (v.5), diminuição da ansiedade pelo estímulo à oração (v.6), o encontro da paz em Deus (v.7) e o preenchimento da mente com atitudes virtuosas e coerentes com o caráter cristão (v.8).
Pensemos um pouco nas implicações da proposta de Paulo no texto mencionado acima:
(1) Ajudamos quando auxiliamos as pessoas a focalizar o esforço conjunto. Nenhum problema é resolvido sem o esforço das duas partes. Ajudar não é “por panos quentes”, nem pedir para “não ligar”, ou ainda, “deixar que o tempo apague e cure tudo”. Tampouco é ajuda incendiar o problema promovendo ressentimentos. Ajudamos mostrando o lado positivo da reconciliação. Muito mais que um ato de humilhação é um ato de restauração do que foi perdido e agora achado de novo pelo perdão cristão. Ajudamos quando trazemos à memória os bons momentos que criaram a amizade da comunhão, não o desentendimento, porque o pecado morre diante do oferecimento e da recepção do perdão.
(2) Ajudamos quando focalizamos a herança cristã comum. Aqueles que cooperam na obra do Evangelho têm os seus nomes escritos no livro da vida. O verdadeiro motivo da alegria cristã é sermos salvos juntamente em Cristo. Isso deve ser dito e repetido constantemente entre nós “sempre” (v.4). A alegria da cooperação é maior e melhor que a indiferença da separação, porque o seu fruto é gracioso e eterno.
(3) Ajudamos quando evitamos oferecer auxílios que não auxiliam, porque algumas atitudes podem ser mais doentias que curativas, como as seguintes:
1. Omissão. Deixar para lá e dizer que cada um resolva seus próprios problemas nem sempre é uma atitude cristã, mas é omissão de socorro. Podemos preferir a inoperância à benção de ajudar na restauração, contudo, que edificação há nisso?
2. Partidarismo. Tomar partido não é ajudar, é aumentar o fogo da fogueira do problema. Auxiliar é diferente de aliar-se. Quem se alia pega nas armas e se alimenta da mágoa. Quem auxilia abranda o furor, aplaca a ira e cura a alma.
3. Dissimulação, ou seja, tentar ocultar ou disfarçar a importância do problema, tampar o sol com a peneira. A bajulação não é amizade, é pecado! Quantas vezes incentivamos nos outros os sentimentos doloridos e não curados que são nossos. Deus nos chama à sua paz. Ela ultrapassa o entendimento e guarda corações. Isso não é muito melhor?
4. Traição. Judas traiu Jesus com um beijo. Não se pode brincar com a confiança alheia. Os traidores calam quando têm de falar e falam quando têm de calar. Quantas vezes nos apresentamos como auxiliadores no desejo único de saber das coisas primeiro, e depois contar para os outros primeiro!? A moderação é um ingrediente protetor porque “perto está o Senhor”.
A reconciliação é um dos principais agentes da comunhão. Não querer conversar revela dureza de coração. Somos cristãos por causa do perdão. Somos cristãos para aprender a praticar o perdão! Lembre-se de que para auxiliar com eficácia precisamos conhecer e saber medir os limites da nossa própria confiabilidade. Ao pedir a uma pessoa específica para ajudar, Paulo levantou a questão: Quem é o mais útil? Ele pediu a um que pudesse chamar de “fiel companheiro de jugo”. Deus nos faça ser assim...
Com amor, Pr. Hélio.