
Hélio O. Silva A Pedra.
17/02/1999 No Lugar do Esquecimento.
Ele pegou o grande martelo e começou a bater contra aquela rocha.
E Ele bateu, bateu, bateu até que cansaram seus braços.
Não desistiu e começou de novo.
E ele bateu com o martelo.
O estalido da pedra ressoava, ecoava, escoava a sua dor.
O sangue de suas mãos cansadas.
E ele continuava a bater.
Gritava e batia, batia e gritava.
O suor se misturou às suas lágrimas.
Lavou a sua dor.
Contudo, batia, e batia de novo.
A pedra era dura, grande demais para seu martelo e sua cansada força de lutar.
A pedra faiscava, mas não cedia.
Pedra dura, quando vai ceder?
Quando vai livrar a sua mão!?
Ele não queria desistir, não podia desistir; debaixo da pedra, a mais pura fonte, a água mais doce e límpida.
O fim da sede.
Por isso bateu, bateu, bateu com seu martelo.
Fez força e tentou quebrar a inquebrável pedra.
Então, parou.
Bateu a última batida e deixou cair o martelo.
Cansado, caiu de joelhos.
Era o fim.
Não tentou outra vez.
Desolado, olhou a grande pedra.
Engoliu seco a sua sede e fez a sua primeira prece sincera.
Seu pedido de socorro.
Apareceu um homem com o cajado na mão.
Um olhar sereno.
A certeza de que a pedra vai ceder.
A madeira do cajado tocou suavemente a pedra da pedra.
A água jorrou, matou a sua sede...