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Estudo 04 = Guia-me ... Por Amor do Seu Nome

Igreja Presbiteriana Jardim Goiás
Estudos de Quarta-Feira – 1º Semestre/2019
O DEUS QUE NOS GUIA E GUARDA - James I. Packer - Ed. Vida Nova

Rev. Hélio O. Silva - 27/02/2019



ESTUDO 04 = Guia-me... Por amor do Seu Nome (p. 39-58)

Introdução:
          A fonte de maior consolo quanto à direção divina para nossas vidas, é que Ele o faz “por amor do Seu nome”.  Nós carregamos o nome de Deus como parte de nossa identidade (Ap 7.3; 14.1; 22.4). O propósito da condução divina nas nossas vidas é levar seu nome conosco e nos capacitar a glorificá-lo em qualquer caso e ocasião.
A direção pessoal é um aspecto do cuidado de Deus na aliança, o qual ele exerce por meio da mediação de Cristo, o Bom Pastor (Jo.10). Caso, nos desviemos das veredas da justiça, ele mesmo nos resgatará e restaurará. O processo poderá ser doloroso dependendo de nossa atitude de rebeldia ou submissão. Ainda que tenhamos que conviver por muito tempo com as consequências de nossos, retornaremos ao caminho castigados, mas perdoados por meio do sacrifício expiatório de Cristo a nosso favor na cruz.
O Bom Pastor nos assegura de que ninguém poderá nos arrancar de suas mãos (Jo 10.27-30), pois está nos conduzindo para sua casa, onde a alegria que nos espera é indizível e eterna (Sl 16.11).
Compreender esse ponto sobre a tutela graciosa de Deus é o ponto de partida para a exploração de todas as outras realidades da direção divina.

A natureza da justiça

a)   O que é a justiça na qual Deus nos guia?
Justiça tem o significado primário de comportamento pessoal que é verdadeiramente admirável e moralmente intencional. Em relação a Deus ou aos seres humanos é fazer o que é certo, no sentido de cumprir todas as obrigações e demonstrar todas as formas relevantes de virtude, boa vontade e iniciativas. A justiça mostra a bondade daquele que é bom perante o reconhecimento de olhares perspicazes (anjos e homens).
Em relação a Deus a justiça centra-se na sua fidelidade em manter sua Palavra, tanto nas promessas de bênçãos aos que lhe obedecem e amam, como nas advertências de que Ele tratará como merecem os que o ignoram e o desafiam.
A santidade de Deus é sua justiça em intenção, e a justiça é a sua santidade em ação (p.41).
Visto assim, a justiça do ser humano sob a direção divina, é essencialmente uma questão de honrar, obedecer e agradar a Deus, ou seja, viver em conformidade com os propósitos de Deus para a nossa criação. Isso implica em que nossas relações com os outros devem espelhar nossa relação com Deus, não em termos de “nada mal” ou “isso foi bom o bastante”, mas de o melhor que a situação permitir.
A cosmovisão cristã diz que devemos parar para ajudar alguém num acidente de automóvel, porque fomos criados para cuidar uns dos outros assim como Deus cuida de nós. Na cosmovisão budista, você não precisa parar para ajudar porque você não tem nada a ver com aquilo! Ou seja, para nós o amor a Deus e ao próximo está no centro do palco e temos de fazer algo a respeito. Justiça é amor com sabedoria, amor é justiça com boa vontade.
Ser guiados por Deus é discernir as especificidades do plano de Deus para a própria vida e as decisões de nós requeridas dentro do trajeto “da justiça” que inclui, na cosmovisão cristã, servir aos outros ao máximo e amar a Deus ao máximo. Toda justiça humana verdadeira é centrada em Deus quanto ao próximo e quanto ao próprio Deus.
Guiar é tomar pela mão e conduzir. Isso pressupõe “controle” e “hegemonia” nas decisões.

b)   Que tipo de direção é pretendida no texto? (Sl 23.3)
No texto significa todos os procedimentos para induzir as ovelhas a irem para onde ele quer que elas vão. Ao andar á frente delas, Ele estabelece o exemplo que devem seguir.
O que corresponde a essa postura no discipulado cristão? É a instrução de Deus que extraímos de sua Palavra escrita. A instrução clara da parte de Deus é encontrada nos Dez Mandamentos, nos sermões dos profetas, nas instruções da sabedoria bíblica, nos ensinos de Jesus, das Epístolas. As Escrituras foram dadas para nos instruir (1 Co 10.11).
A interpretação de J. B. Philips de Filipenses 4.6 é a seguinte: “às vezes, para ter certeza de que não esqueci os detalhes, eu faço uma lista”.
A promessa que Deus faz de nos guiar é, em primeiro lugar, uma promessa de dar discernimento (Sl 32.8,9).
Deus envia líderes para cumprir esse papel; como Moisés e Arão (Sl 77.20; 78.70-72); Neemias (Ne 2.17-20); os pastores das igrejas (Hb 13.17); Paulo (1 Co 11.1; 4.16; 1 Ts 1.6; Fp 2.12). Todavia, eles não eram líderes independentes, mas deviam guiar de acordo com a Palavra de Deus. As orações para que Deus nos guie se alimentam desse fundamento também (Sl 5.8; 25.5; 27.11; 119.35; 139.24). ser guiados pelo Espírito (Rm 8.14; Gl 5.18) se alimenta dessas mesmas promessas e orações.

Direção: extensão, forma, especificidades
A extensão da direção divina é a totalidade de nossas vidas quanto ao caráter, habilidades, relacionamentos, iniciativas, metas, problemas, uso do tempo, dinheiro, escolhas decisões, investimentos, esportes, hobbies, etc. deus nos prometeu nos guiar em tudo isso.
A forma da direção divina ocorre de várias maneiras mas sempre partindo da aceitação da vontade divina e o discernimento da mesma. Deus nos atrai a si mesmo persuadindo e tranquilizando as ovelhas pelo caminho através de sua Palavra. (1) O discernimento vem do ouvir as Escrituras pelos meios de graça disponibilizados a nós (Palavra e sacramentos). (2) O discernimento nos vem quando julgamos as alternativas, calculamos as prováveis consequências examinamos cada uma delas para encontrar a melhor opção. (3) O discernimento vem pela oração e pela súplica em esperança. (4) O discernimento vem dos alertas divinos aos nossos preconceitos, impressões pessoais, impulsos mentais, pressões externas que se apresentam como armadilhas subjetivas afastando-nos da verdade e do caminho.
É claro que deus pode nos conduzir por meio dessas coisas, como fez com alguns profetas, mas o critério de diferenciar regras e exceções é inteiramente bíblico assim como as orientações dos apóstolos do Novo Testamento.
A forma usual de orientação divina é aplicar os princípios de ação revelados, tanto positivos quanto negativos, observando parâmetros e limites de comportamentos que a Bíblia prescreve.
As especificidades da direção divina estão relacionadas à “tomada de decisões” quando precisamos excluir alternativas possíveis porque analisamos o quadro, ouvimos conselhos, ponderamos a questão, confiamos que Deus não permitirá que escolhamos errado.
A oração por direção descansa no fato de que Deus cuida de nós e está perto pacificando nossos corações (Fp 4.6,7). Deus nos guardará como quando uma cidade está sitiada, quando tudo está fechado e seguro. Mas não é o inimigo que sitia a cidade, mas o próprio Deus.

Sinais e certezas
           A Bíblia descreve uma infinidade de formas que Deus usou para guiar seu povo (Urim e Tumim, sortes, sonhos, visões, etc). A pergunta a ser feita é seguinte: Ao narrar esses acontecimentos, pode-se dizer que as escrituras nos incentivam a esperar esse tipo de ação de Deus para nos conduzir em todas as nossas decisões? Parece que não. O caso de Gideão é típico no episódio duplo da lã e na visita ao acampamento midianita. Precisamos compreender que:
1.    Na época de Gideão as escrituras não estavam prontas integralmente e certamente não haviam exemplares disponíveis em todas as casas.
2.    Antes dos pedidos de testes de Gideão, Deus já havia falado a Gideão o que deveria fazer. Os testes não são provas de sua fé, mas de sua incredulidade e falta de confiança para com a Palavra já dita de Deus quanto ao que Ele deveria fazer para livrar Israel dos midianitas.
3.    O caráter vacilante de Gideão foi suprido por uma atitude condescendente de Deus, permitindo deixar-se testar pela frágil fé de Gideão.
4.    É sempre um erro tratar um relato bíblico como regra normativa para nossa maneira de agir no presente, após a doação do Espírito Santo em Pentecostes. Os apóstolos nunca ensinaram os cristãos a buscar sinais da vontade de Deus para suas decisões ignorando suas instruções éticas. Veja a resposta de Jesus ao pedido dos fariseus quanto a sinais que os permitissem crer Nele (Mc 8.11-13). Pedir sinais é um atestado da imaturidade de nossa fé. Que Gideão era imaturo nos episódios de Juízes 6 a 8 é um fato, que nós devemos imitar seu comportamento imaturo quanto à direção divina é algo que devemos recusar para o bem da nossa fé.
5.    A busca e exigência por sinais atesta o caráter preguiçoso da fé que deseja a direção de Deus pelo meio mais fácil. Querer encurtar ou burlar os processos de maturação da fé é pura preguiça.
6.    A futura vinda do Anticristo será acompanhada pela pela força de sinais que levarão muitos a crer nele e abandonar Cristo (2 Ts 2.9,10; Mt 13.22). logo, buscar sinais é um beco sem saída e um obstáculo à maturidade espiritual da fé.

Conclusão
          Quando Deus der sinais para ajudar a discernirmos sua vontade, devemos entende-los como um bônus, não como a regra da fé saudável.

Motivos de oração:
1.    Oremos para não sermos preguiçosos quanto à direção divina e como devemos discerni-la.
2.    Oremos para não nos tornarmos imediatistas quanto nossas expectativas da direção divina, pois poderemos ser vítimas dos enganos de satanás que explorará esse imediatismo contra nós.
3.    Oremos para que abracemos o caminho da disciplina que amadurece a vida piedosa.

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