A Verdadeira Vida Cristã
Helio O. Silva = 21/09/2016.
Em 1539, João Calvino publicou a segunda edição das Institutas com vários acréscimos à
edição anterior. Uma das novas seções recebeu o título de “A Vida do Homem cristão”, que pretendida ser um guia prático para o
discipulado e a vida cristã cotidiana. O resultado foi tão bom, que em 1550,
essa seção foi publicada num livreto em separado, ainda que permanecesse sem
qualquer alteração nas edições posteriores das Institutas. Na edição definitiva de 1559, ocupava os capítulos VI a
X do livro III, dentro da discussão sobre a doutrina do arrependimento. Posteriormente
foi vertido para o inglês com o título “O
Livro de Ouro da Vida Cristã” e no Brasil foi recentemente publicado com o
título “A Verdadeira Vida Cristã”.
Calvino ensina que a obediência humilde é a verdadeira
imitação de Cristo. Essa obediência humilde é conduzida passo a passo pelas
escrituras tendo a santidade como seu princípio chave. A santificação como
processo significa uma vida de total obediência a Cristo, partindo de uma mudança
interior que ultrapassa um cristianismo externo, muitas vezes apenas nominal,
pois o progresso espiritual contínuo é necessário.
Depois ele trata da autonegação. Ser cristão é não
pertencer a si mesmo, mas ao Senhor. Buscar a glória de Deus implica na
autonegação, que significa sobriedade, justiça e devoção a Deus. Não existe
humildade real sem respeito pelos outros, para quem devemos buscar o bem,
inclusive dos amigos e dos inimigos. Para que isso aconteça, não basta ser bons
cidadãos, pois o amor cristão deve ir além, como o amor de Deus vai. Não há
felicidade sem a benção de Deus, assim como não há felicidade na obtenção de
riquezas e honras somente.
O caminho da vida cristã é o da paciência que carrega
a cruz, seguindo Jesus Cristo (Lc 9). Levar a cruz é mais difícil que negar-se
a si mesmo. Porque a cruz nos torna humildes, esperançosos, obedientes e
contribui para uma vida disciplinada que traz o arrependimento. Logo podemos
enfrentar o sofrimento com contentamento, porque a perseguição traz o favor de
Deus e produz regozijo espiritual. A cruz nos ensina a não sermos indiferentes,
pois ela é necessária tanto para aprendermos a submissão como para recebermos a
salvação.
A seguir fala da esperança na vida futura. Lembra que
não há coroa sem cruz. Nós superestimamos a vida presente; ao contrário,
deveríamos amar a vida futura sem desprezar as bênçãos da vida presente. Que é
a terra comparada às bem aventuranças do céu? Não deveríamos temer a morte, mas
diante dela erguermos nossas cabeças (At 7.54-60), pois o Senhor virá em
glória: Maranata!
Finalmente, é preciso usar corretamente nosso tempo na
vida presente. Evitando extremismos; conscientes de que as coisas terrenas são
presentes de Deus e que recebidos com gratidão evitará que abusemos deles.
Vivamos com moderação, sendo pacientes e contentes com a graça divina, mesmo
sofrendo muitas privações; e sejamos fiéis ao chamado divino em todas as nossas
ações.
Recomendo fortemente essa leitura, que inspira, consola,
desafia e fortalece a nossa fé. Com amor. Pr. Helio.