Introdução:
Entramos no mês da Páscoa. Para nós cristãos Páscoa não tem nada a ver com coelhos e ovos de chocolate, embora os ovos de chocolate sejam realmente deliciosos e não haja problema algum se você comprar para a sua família.
Contudo, para nós, a Páscoa tem a ver realmente é com a ressurreição de Cristo e a obra da salvação realizada na cruz e concretizada na sua ressurreição.
Em Romanos 4.25, Paulo afirma claramente que Cristo morreu por causa de nossas transgressões e RESSUSCITOU por causa da nossa justificação!
Assim, propomo-nos a expor o capítulo 20 do Evangelho de João a fim de demonstrar o impacto da ressurreição de Cristo sobre os seus discípulos daquela época e depois aplicar os ensinos de Cristo deste período à vida de nossa Igreja. Como podemos participar do evento da ressurreição como crentes que não estavam lá?
O objetivo dessa exposição é demonstrar que Jesus Cristo está vivo e continua agindo sobre a vida da Igreja e através dela.
Cristo age na Igreja. Ele encontra seus discípulos espalhados pelo caminho e vai ajuntando-os novamente em torno de Si.
Ele age através da Igreja. Ele abençoa e comissiona a sua Igreja a anunciar o Evangelho, a boa nova da sua salvação.
A implicação mais clara de tudo isso é que seguimos ao Cristo vivo no presente e não no passado. Cristo não foi um experiência do passado, mas Ele é o nosso Senhor vivo e que nos chama a continuar seguindo-o pelo caminho até o fim.
Contexto:
Em 19.30, Jesus declarou na cruz: “Está consumado”. O preço da nossa salvação estava pago e o Filho, sepultado, aguardava somente o cumprimento das profecias. Os discípulos passaram um final de semana sem Jesus. A cena do texto que lemos acontece ao raiar do dia, do Domingo e do Domingo da Páscoa.
Proposição:
Nessa exposição desejamos demonstrar três reações iniciais (de Maria Madalena, Pedro e João) à ressurreição do Senhor e por fim apresentar a explicação da própria Escritura para o significado da ressurreição e seu impacto.
I. A RESSURREIÇÃO SURPREENDEU A MORTE V.2:
Maria Madalena foi ao túmulo para completar o sepultamento de
Cristo, que havia sido feito às pressas na sexta-feira a fim de que os judeus pudessem viver seu sábado pascal sem maiores problemas cerimoniais.
Ela trazia aromatas e bálsamos. Ela trazia a expectativa tristonha do luto, da noite mal dormida e da perda. O tempo ainda estava escuro, ainda era madrugada.
Ela e suas companheiras (Lc 24) levam um choque inesperado. A pedra está revolvida; nenhum guarda vigiando a entrada. Lá dentro, o túmulo vazio. O relato do v. 11-18, deixa-nos claro que a sua interpretação do túmulo vazio nada tinha a ver com o milagre da ressurreição, mas que se tratava de um arrombamento e de um roubo de cadáver. Para ela o que tinha acontecido é que “levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram”! (v.13).
O que foi surpreende é que a vida venceu a morte e o convite de Jesus é para que olhemos a partir de sua ressurreição para a vida e não para a morte!
Ele não foi levado, mas “da sepultura saiu”; com triunfo e glória. Cristo ressurgiu!
Quantas vezes não é essa a nossa atitude ao vir para a Igreja. Esperamos encontrar as coisas como sempre foram e nada de novo vai acontecer, porque sabemos que quem morreu está morto. A ressurreição de Cristo questiona abertamente o nosso conceito existencialista da vida e da morte. Ele ressurgiu para nos salvar e sua obra de salvação vai muito além do simples retorno à vida, Ele vai restaurar a fé de seus discípulos e ensinar-lhes que o sobrenatural governa todas as coisas. A morte não pôde reter a Cristo no túmulo.
II. A RESSURREIÇÃO DEIXOU UM ENIGMA INEXPLICÁVEL V.6,7:
Pedro correu mais do que João e chegou primeiro. Ele viu a cena, observou o quadro e testemunhou um jeito estranho na disposição dos lençóis. Não é que o corpo de Jesus atravessou o tecido, como pensam alguns. Mas é que o lenço que estava enrolando o rosto, foi dobrado e colocado de lado, como alguém que se levanta de uma cama após o sono da noite e dobra as cobertas, colocando-as num cantinho da cama, pois não precisará deles até à hora de dormir outra vez.
É possível que a referência no plural do v.9 “ainda não tinham compreendido” seja aplicada tanto a João como a Pedro; ou talvez seja uma referência a todos os discípulos que foram crendo à medida que entendiam o significado das Escrituras. O fato é que o testemunho das Escrituras sobre a disposição dos lençóis se tornou um dos mistérios da ressurreição, que por volta do século XII ou XIV vai alimentar a teoria do Santo Sudário de Turim. O túmulo vazio e a disposição dos lençóis são-nos um convite à reverência diante do mistério maravilhoso que foi e continua sendo a ressurreição de Cristo.
Diante do mistério e do milagre, A Escritura chama a Igreja à reverência e ao silêncio, à meditação, só isso, nada mais.
III. A RESSURREIÇÃO DESPERTOU A FÉ V.8:
João entrou depois, embora tenha chegado primeiro e visto os lençóis. Ele fala, então, por ele mesmo ao dizer que entrou e viu e creu imediatamente. Mais uma vez, o v. 9 nos leva a pensar que uma conversa entre ele e Pedro aconteceu. Talvez uma conversa verbal. Talvez uma conversa de troca de olhares. Mas o fato é que ao verem o túmulo e os lençóis, voltaram para sua casa crendo!
A ressurreição despertou a fé. Mas não uma fé sem direção. A fé que foi despertada foi a fé nas profecias do Antigo Testamento que preanunciaram aqueles acontecimentos e falaram da ressurreição do Servo (Is 53).
A Escritura nos ensina que o modo correto de olhar para o túmulo vazio não é com a tristeza da morte no olhar, nem com a desconfiança no coração, mas com o olhar da fé que crê nas Escrituras.
Ele creu. Essa é a palavra chave do Evangelho de João, que aparece 90 vezes. Esse é o propósito do Evangelho, levar-nos a crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e crendo, ter vida no seu nome (v.30,31).
O crer não será uma mera atitude de acreditar, mas corresponde a um novo estilo de vida. “Para que crendo, tenhais vida em seu nome”. O objetivo de João é despertar a fé nova, no coração de quem ainda não creu; e fortalecer a fé já presente no coração de quem já crê. “Reavivar a fé já existente” .
A ressurreição de Cristo desperta a fé.
IV. A RESSURREIÇÃO CUMPRIU AS ESCRITURAS V.9
Então, João chega ao clímax de seu testemunho. O v. 9 diz que eles não tinham compreendido as Escrituras “ainda”. O evento da ressurreição fez com que os pontos fossem ligados e o quebra-cabeça começasse a fazer sentido. Tudo o que Cristo fez e ensinou cumpria de fato as promessas do Antigo Testamento!
A frase chave do texto vem logo a seguir: “era necessário ressuscitar ele dentre os mortos”. A ressurreição era necessária por pelo menos duas razões:
1. Sem ela a redenção não estaria completa.
Se Jesus não ressuscitasse, a morte teria derrotado a vida. Jesus havia dito antes que Ele “dá a sua vida e pode reavê-la” (10.18). À luz dos eventos, somente o testemunho das Escrituras poderia fornecer-lhes a interpretação correta de tudo. Em João 5.39, Jesus afirmou que “são elas mesmas que testificam de mim”. Portanto era necessário.
2. Cumprir a obrigatoriedade do decreto divino.
A vontade de Deus sempre é cumprida.
Atos 4.27,28 = Sem saber e sem querer, aqueles homens que crucificaram a Cristo realizaram a vontade de Deus.
I Coríntios 15.14 = Se Cristo não ressuscitou a pregação do Evangelho é vã (vazia de significado), acabou a esperança. Para Paulo, negar a ressurreição de Jesus é negar a fé.
I Co 15.19 = E somos os mais infelizes de todos os homens. Mas Cristo ressuscitou! (I Co 15.23). Aquele túmulo continua vazio. Nenhum arqueólogo jamais encontrará o corpo de Jesus Cristo, porque ele já ressuscitou! O enredo do filme “O Corpo” é intrigante e instigante, mas que não passa de ficção especulativa e ilusória, só isso!
Conclusão v.10:
Voltaram Pedro e João para casa levando no coração uma sensação de expectativa. Se a ressurreição aconteceu de fato, como será daqui para diante. Nos versos seguintes vemos vários encontros de Cristo com as suas ovelhas. Ele arrebanha o seu povo. Trata de suas feridas e traumas. Enche-lhes o coração de fé e esperança. Renova-lhes o compromisso. Corrige perspectivas falsas e os abençoa com sua presença reconfortante e com a promessa de sua presença todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20).
Não há nada nas Escrituras que nos leve a pensar que não fará desse modo conosco, pois mais bem aventurados são aqueles que não viram e creram (Jo 20.29). Somos nós!
Aplicação:
1. A maneira correta de entender a ressurreição não é a mera pesquisa histórica, mas a interpretação das Escrituras. Se você quer entender e encontrar a vida, estude as Escrituras. Elas serão a lâmpada para os seus pés (Sl 119.105).
2. As promessas de Deus sempre se cumprirão. Quem anda pela fé pode andar com segurança, pois nada escapa ao controle soberano e gracioso de Deus.
3. Leve para casa a sua expectativa da ação de Deus na sua vida e vida de sua casa, seu lar. Pois Deus te acompanha. Ele te encontrará e falará ao seu coração, arrebanhando-o na sua Igreja. Amém.