Pular para o conteúdo principal

O Primeiro Culto Protestante no Brasil


Hélio O. Silva = 03/03/2004.
O Primeiro Culto Protestante no Brasil

“Em ti exultarão os justos, rejubilando em tua paz. De todo o mal os guardarás, pois tua lei, ó Deus conhecem e te obedecem”. Esse foi o coro final do primeiro hino evangélico cantado nas Américas, no dia 10 de março de 1557, num pequeno salão na Ilha conhecida hoje pelo nome de Ilha de Villegaignon. Hoje é o hino de número 122 de nosso hinário Novo Cântico, sendo baseado no Salmo 5. O pequenino grupo de 14 irmãos depositava no cântico do saltério de Genebra as suas esperanças de terem encontrado uma terra boa e de que vinham trazendo consigo uma nova fé, livre de perseguições estatais e católicas, como acontecia na França.

Naquela noite de quarta-feira, o sermão do Rev. Pierre Richier, enviado pelo próprio Calvino, fora despretensioso, mas muito acolhedor, pois expressava uma esperança comum, completamente voltada para Deus, do qual esperava uma resposta de benção. Ele pregara no Salmo 27.4. Apenas uma coisa era pedida a Deus, que aquele pequenino rebanho pudesse habitar em sua santa casa, contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo. As palavras do salmo afirmavam a segurança e o descanso merecido de uma viagem tão longa atravessando o oceano até chegarem ao Brasil. Mal sabia ele, que as palavras do verso 3 e 5 é que marcariam a curta estada dos huguenotes (calvinistas) no Brasil.

No domingo dia 21 de março, seria celebrada a primeira ceia das Américas, segundo o rito da igreja de Genebra. Da qual, o próprio almirante Villegaignon fora o primeiro a participar, quando fizera duas orações em voz alta, para afirmar a sua fé protestante. Nada mais que uma manobra política de interesse. Logo após começaria a perseguir o povo de Deus instigado por um ex-frade, Jean Cointac. No dia 4 de janeiro de 1558, Richier e os demais calvinistas foram expulsos de volta para a França. Mas o navio fazia água e cinco deles tiveram de voltar.

Presos, foram obrigados a apresentar uma confissão de fé, o que aconteceu no dia 9 de fevereiro de 1558. Com essa confissão de fé escrita, quatro deles selaram com o próprio sangue a sua fé. Morreram estrangulados e lançados ao mar: Jean du Burdel, Matthieu Vernevil e Pierre Buordon. André la Fon foi poupado por ser o único alfaiate da ilha. Esse último fugiu para o continente e veio a evangelizar os índios do Brasil até a região de Cabo Frio.

Jacques Le Balleur também fugiu, foi preso, e alguns anos depois (1567), foi enforcado no Rio de Janeiro a mando de Mem de Sá e o apoio do beato e frei católico José de Anchieta, que a igreja católica brasileira insiste em canonizar como santo.

Apesar do seu trágico desfecho, a vinda desses calvinistas para o Brasil tem grande valor para a história do protestantismo, em virtude do seu caráter pioneiro. A França Antártica foi a primeira tentativa de implantação de uma igreja reformada e de um trabalho missionário protestante na América Latina. O heroísmo dos mártires calvinistas tem inspirado sucessivas gerações de evangélicos no Brasil e no mundo. Deus, certamente atendeu à sua voz...
Com amor, Pr. Hélio.

Postagens mais visitadas deste blog

A Armadura de Deus (1ª parte) - Efésios 6.14-17

Pastoral: A Armadura de Deus (Efésios 6.14-17) Por que muitos crentes ignoram os ensinamentos bíblicos quanto à armadura de Deus? Porque muitos crentes conhecem pouco da Palavra de Deus, outros tantos duvidam da visível atuação de Deus, muitos a ignoram, outros porque julgam ser um exagero de Paulo na sua linguagem, outros acham que essa época já passou, alguns por pura negligência mesmo, e outros mais, por causa de já terem sofrido tantas derrotas que já estão praticamente inutilizados em sua espiritualidade pelo inimigo.   Por outro lado, há daqueles que estão lutando desesperadamente, mas com as armas que não são bíblicas.      A exortação de Paulo é para que deixemos de ser passivos e tomemos posse das armas espirituais que em Cristo Deus coloca à nossa disposição. É a armadura de Deus que nos permitirá resistir no dia mal, conduzir-nos à vitória e garantir a nossa permanência inabalável na fé.           Paulo não está falando de armas físicas que dev

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) O artigo da Wikipedia sobre a sarça ardente ("Burning bush") informa que ela se tornou um símbolo popular entre as igrejas reformadas desde que foi pela primeira vez adotada pelo huguenotes em 1583, em seu 12º sínodo nacional, na França. O lema então adotado, "Flagor non consumor" ("Sou queimado, mas não consumido") sugere que o símbolo foi entendido como uma referência à igreja sofredora que ainda assim sobrevive. Todavia, visto que o fogo é um sinal da presença de Deus, aquele que é um fogo consumidor (Hb 12.29), esse milagre parece apontar para um milagre maior: o Deus gracioso está com o seu povo da aliança e assim ele não é consumido. O atual símbolo da Igreja Reformada da França é a sarça ardente com a cruz huguenote. A sarça ardente também é o símbolo da IP da Escócia (desde os anos 1690, com o lema "Nec tamen consumebatur" - E não se consumia), da IP da Irlanda

21 = Oração Pelo Ministério - Romanos 15.30-33 (2)

Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO Grupo de Estudo do Centro – Fevereiro a Junho/2013 Liderança: Pr. Hélio O. Silva , Sem. Adair B. Machado e Presb. Abimael A. Lima. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 = Oração Pelo Ministério – Romanos 15.14-33 (2) .          26/06/2013. Um Chamado à Reforma Espiritual – D. A. Carson, ECC, p. 216 a 229. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor,   31 para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos;   32 a fim de que, ao visitar-vos, pela vontade de Deus, chegue à vossa presença com alegria e possa recrear-me convosco.   33 E o Deus da paz seja com todos vós.