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Cantares 8.7a = Um Amor Que Não Se Apaga (22/07/1997)


Introdução:
O Feitiço de Áquila é um filme que narra a parábola de um amor impossível por causa de um desejo irrealizável. Seu enredo é um feitiço odiável. Uma condenação: Viverem sempre juntos, mas eternamente separados. Durante o dia o moço apaixonado é homem e a moça uma águia. À noite ela é uma linda mulher; ele, um lobo preto perigoso. Somente durante o nascer do sol quase se tocam, então a odiosa transformação ocorre e eles não podem se encontrar. Foram condenados a viverem sempre juntos, mas eternamente separados, porque tanto o lobo como a águia são animais monogâmicos. Esse era o feitiço do feiticeiro.
Muitas pessoas vivem assim no seu casamento. Fazem tudo juntos, mas não conseguem se encontrar. Quando estão prestes a se encontrar, uma vira águia bica e voa, e o outro vira lobo morde e foge.

Contexto:
A Bíblia pinta no livro de Cantares uma realidade diferente. “Cantares celebra a dignidade e a pureza do amor humano. Este fato não tem sido suficientemente enfatizado. Cantares, portanto, é didático e moral em seus propósitos. “Chega até nós, neste mundo pecaminoso, em que a luxúria e a paixão mostram-se por toda a parte, em tentações ferozes que nos assaltam e tentam prostrar-nos, quebrando o padrão de matrimônio dado por Deus”.

Essa é a razão porque o livro não pode ser interpretado alegoricamente ou tipologicamente como se apenas representasse a relação de Cristo com sua igreja. Também não pode ser interpretado como um drama teatral do casamento, mas deve ser interpretado literalmente, ou melhor, naturalmente; entendendo que tudo que nele está escrito expressa e significa a pureza da relação de um homem com uma mulher que vivem seu casamento dentro dos padrões da aliança dada a nós por Deus e abençoada no casamento cristão. “Cantares nos lembra, de maneira particularmente bela, como é puro e nobre o verdadeiro amor”.
 Um amor que resiste a tudo.
 Um amor que ama apaixonadamente, excitadamente; cheio de erotismo e paixão.
 Um amor que se compromete e não se vende por nada.

Coisas que nos levam a perguntar: Por que um livro como este?
Porque Deus gosta do encontro, e criou o homem e a mulher para se encontrarem, se amarem, se unirem e se tornarem uma só carne! (Gn 2.21-25).

Proposição:
O ensino bíblico é claro: É possível viver um amor que não se apaga. Você o tem consigo, e Deus quer despertá-lo de novo, se ele esfriou. Deus quer aquecê-lo, jogar lenha na sua fogueira, e levá-lo a resistir a todas as inundações da vida. Como isso pode se dar?

I – ENTENDA QUE O AMOR ESTÁ SUJEITO A TODO TIPO DE TEMPESTADES.

A vida conjugal não é um mar de rosas. Ela enfrenta “muitas águas”. Existem tempestades sociais, financeiras, falta de saúde, emoções desequilibradas, problemas espirituais...
Quem pode prever o dia da inundação? Quando ela chega, o melhor a fazer é resisti-la juntos.
Ilustração: Uma inundação que vivi há alguns anos atrás. A água veio entrando pela casa toda às 3 horas da manhã. Ao por os pés no chão, tudo estava molhado e a água não parava de entrar! Lutamos até às 7 horas da manhã contra aquela tempestade com rodos, vassouras e enxadas. Somente ao meio dia tudo ficou limpo e a lama suja foi tirada de dentro de casa. Aprendemos muito com aquela chuva. Meu pai pediu à prefeitura para colocar mais uma boca de lobo à frente de nossa casa. Minha mãe e meus irmãos mais velhos fizeram desvios para a enchorrada dentro do quintal. Deu um trabalho danado. Aquela tinha sido a chuva mais forte que enfrentara em toda a minha vida, até então!!!
No casamento, às vezes aprecem problemas difíceis de resolver e deveremos aprender a lutar e resisti-los juntos; lutando e chorando juntos sobre eles até que consigamos controlá-los.

Há três inimigos básicos para controlarmos no casamento:
1 - A perda da comunicação.
Quando marido e esposa não conseguem dialogar mais. Quando conversar parece ser algo inútil e improdutivo. A Bíblia ensina que uma vida cheia do Espírito Santo é uma vida onde as pessoas conversam, “falam”, umas com as outras (Ef 5.18,19). Isso é verdade para tudo na nossa vida cristã, especialmente no casamento.
Ilustração: Todos conhecem a história do casal que estava assentado na praça quando eram apenas namorados. Uma nuvem esconde a lua prateada. A moça suspira: “_ Meu bem, a nuvem encobriu a lua! E o namorado replica: “_É de vergonha da sua beleza, meu amor!”. Anos depois a mesma cena acontece: “_ Meu bem, a nuvem escondeu a lua!” Então o marido responde: “Vamos andando mulher, não vê que vai chover!”
A versão mais recente dessa história aconteceu com um casal de nossa igreja, só que ao contrário. O namorado pousou o ouvido sobre o coração da namorada e disse: “_ Meu bem, o seu coração está batendo!” E ela replicou: “_ Ele suspira de amor por você!”. Dois anos depois de casados a cena se repetiu: “_ Meu bem, o seu coração está batendo!” E ela respondeu com secura: “_ É porque eu estou viva, uai!”
Não deixe a sua comunicação emudecer ou se tornar mecânica. Há muito que conversar e aprender; há muito para viverem juntos!

2 - O esfriamento da relação.
Quando a atração conjugal vira mecânica e o romantismo e a excitação se desviam para outras coisas menos importantes que o cônjuge.
Ilustração: O filme Beleza Americana explora esse tipo de problema na simbologia das flores vermelhas. A esposa transferiu para as flores vermelhas do jardim todo o calor de seu amor que deveria ser dado ao marido! Por isso, sempre que ele fantasiava com uma adolescente colega de sua própria filha, ela estava envolta em flores vermelhas. Quando se transfere o amor, o valor de um sofá de $4.000,00 (quatro mil dólares) se torna mais importante que o romance do marido.
Muitos casais deixam sua relação esfriar porque desviam seu amor para coisas e situações, até mesmo os filhos tornam-se desculpa para esse esfriamento. Cantares mostra um amor diferente, que ama o tempo todo, porque é construído com realismo naquilo que cada um tem de melhor, não no que tem de pior.
Não deixem sua relação conjugal esfriar, há muito espaço para o romantismo dos dois lados do casamento!

3 - A inversão de papéis.
Quando as mulheres querem ser cabeças. Quando os maridos não querem ser cabeças. Quando a profissão assume o lugar dos filhos. Quando não se consegue definir uma estratégia harmônica para a educação dos filhos.
A infidelidade, em muitos casos, é conseqüência direta do agravamento desse quadro.
Contudo, esses inimigos podem ser vencidos quando os canais de comunicação nunca se fecham; quando marido e esposa perseveram nas promessas feitas um ao outro e um pelo outro no dia de seu casamento como a Bíblia ensina, permitindo que Deus edifique a sua casa juntamente com o casal (Sl 127.1).

II – O VERDADEIRO AMOR ALIMENTA UMA RELAÇÃO CRESCENTE.

I Co 13 afirma sem rodeios que o amor jamais acaba. Como experimentá-lo sempre?

a) Desfazer a ilusão do estoque inesgotável
Quando lemos João 2.2 -11, achamos que o vinho nunca vai acabar. Mas é preciso entender que o amor não é “investimento”, é doação, para que ele não se transforme em água. O amor nasce da graciosidade do coração, de um chamado interior que é tão forte como a morte (v.6) e que precisa ser cultivado carinhosamente a cada dia.
Ilustração: Havia uma festa anual numa cidade de interior, onde um grande tonel de vinho era colocado vazio no centro da praça. Todos os moradores deveriam levar uma garrafa de vinho e despejar lá dentro. Um certo senhor achou que uma vez que todos iam levar vinho, não faria mal nenhum se ele apenas levasse água e despejasse lá dentro. Afinal, o vinho diluiria a água e ninguém ia notar. Quando chegou a hora de servir o vinho, só havia água lá dentro. Todos os moradores pensaram como ele. Se não cuidarmos do nosso casamento com zelo, ele vai virar água e não vinho!

b) Avaliar a si mesmo de forma realista para evitar surpresas.
O que está acontecendo comigo? Quando isso começou? O silêncio é a maior panela de pressão dentro do casamento.
Ilustração: Rev. Jeremias Pereira nos disse certa vez que quando o casamento vai bem, o esposo pergunta para a esposa: “_ Eu estou te amando direito?” e a esposa pergunta para o marido: “_ Eu estou me submetendo direito?”. Quando as coisas vão mal no casamento, o esposo fala para a esposa: “_ Você não está sendo submissa!” e a esposa retruca; “_ Você não está me amando direito!”
Apocalipse 2.5 nos diz o que fazer: “Lembra-te de onde caíste e volta à prática das primeiras obras”.

c) Consolidar a amizade conjugal.
Um casamento não é feito somente de erotismo e diversão. Ele é feito tal qual é construída uma casa; com muito trabalho, suor, cansaço e lágrimas. O apaixonado de Cantares chama sua amada de “Minha irmã”. Você pode dizer que a sua esposa é sua melhor amiga? Você pode dizer que o seu marido é seu melhor amigo?
Muitos maridos idosos reclamam da frieza de suas esposas. A amizade na relação não é substituta da paixão, mas o seu mais justo sustento e complemento para aprofundar o companheirismo. Sem companheirismo o sexo não sustenta um casamento. Por outro lado, intimidade dentro do casamento é mais que amizade é cumplicidade sexual e também moral.

Por isso também é preciso:
d)Desenvolver a intimidade em todos os níveis:
Esta é a mensagem central de Cantares.

1) Erotismo - 7.1-8.4.
(7:1) Que formosos são os teus passos dados de sandálias, ó filha do príncipe! Os meneios dos teus quadris são como colares trabalhados por mãos de artista. (2) O teu umbigo é taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre é monte de trigo, cercado de lírios. (3) Os teus dois seios, como duas crias, gêmeas de uma gazela. (4) O teu pescoço, como torre de marfim; os teus olhos são as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim; o teu nariz, como a torre do Líbano, que olha para Damasco. (5) A tua cabeça é como o monte Carmelo, a tua cabeleira, como a púrpura; um rei está preso nas tuas tranças. (6) Quão formosa e quão aprazível és, ó amor em delícias! (7) Esse teu porte é semelhante à palmeira, e os teus seios, a seus cachos. (8) Dizia eu: subirei à palmeira, pegarei em seus ramos. Sejam os teus seios como os cachos da vide, e o aroma da tua respiração, como o das maçãs. (9) Os teus beijos são como o bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre seus lábios e dentes. (10) Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim. (11) Vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. (12) Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor. (13) As mandrágoras exalam o seu perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu tos reservei, ó meu amado. (8:1) Tomara fosses como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! Quando te encontrasse na rua, beijar-te-ia, e não me desprezariam! (2) Levar-te-ia e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me ensinarias; eu te daria a beber vinho aromático e mosto das minhas romãs. (3) A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria. (4) Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira.

2) Compromisso - 8.6,7.
(6) Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas. (7) As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.

3) Recato e confiança - 8.8-10.
(8) Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios; que faremos a esta nossa irmã, no dia em que for pedida? (9) Se ela for um muro, edificaremos sobre ele uma torre de prata; se for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro. (10) Eu sou um muro, e os meus seios, como as suas torres; sendo eu assim, fui tida por digna da confiança do meu amado.

4) Saudade e comunhão – 8.13-14.
(13) Ó tu que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para ouvir a tua voz; faze-me, pois, também ouvi-la. (14) Vem depressa, amado meu, faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela, que saltam sobre os montes aromáticos.

Conclusão:

Como no filme O Feitiço de Áquila, é possível quebrar o feitiço do feiticeiro e realizar o encontro.
 O encontro acontece dentro da Igreja.
A Igreja é alvo e instrumento da bênção de Cristo. Cristo transformou a água em vinho! E vinho melhor que o anterior! Ele fará mais do que isso por seu casamento; creia!

 O encontro acontece com a morte do feiticeiro.
Qual é o feitiço da sua vida? Falta de comunicação; uma vida sexual fria; a inversão de papeis? Isso tudo pode morrer e mudar quando há perdão e redescoberta do diálogo sincero, sem marcação e sem desconfiança. O primeiro passo é pedir perdão, ganhar a atenção e mostrar a sua submissão a Cristo como ponto de partida para a reconstrução.

 Saibam que as inundações passam, mas enquanto duram, é preciso resisti-la juntos.
Resistam juntos. Custe o que custar, mas, juntos! E Deus abençoará vocês.
Ilustração: Quando aconteceu uma nova inundação algum tempo depois, nossa casa não foi mais invadida até aos quartos. De novo fomos lutar contra ela com rodos, vassouras e enxadas, mas porque depois da luta anterior nos preparamos; dessa vez ela não passou da garagem e fomos mais vitoriosos e ficamos menos cansados. Os mais pequenos já haviam crescido mais e puderam ajudar mais. Estávamos mais maduros e mais preparados. Quando o sol nasceu, tudo já estava limpo!
Que Deus faça assim com o seu casamento, amém!

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